Perceção T1 – Em Análise
“A Percetibilidade De Percecionar A Perceção Percetível”
Alguém sabe o que é a perceção?
Será aquele todo coerente de sensibilidades e intuições invariáveis no campo visual de cada ser individual, ou ao invés, uma capacidade oculta e secreta de apreender a mesma realidade moldada e distorcida pela interpretação de cada indivíduo singular?
E assim começa a indagar o professor Daniel Pierce (Eric McCormack), em mais uma viagem teórica altamente requisitada pelos meandros da neurociência. Imaginem um pseudo cota ainda jovenzito, com um olhar brilhante à “John Nash” complementado por um aprumado estilo british e conseguem ficar com uma ideia simplória do figurão. É certo que o tipo tem uma mente brilhante mas é um doido varrido. Não fosse a sua aptidão de percecionar os segredos codificados da natureza humana enraizados em laivos visionários de vultos do passado, para não utilizar uma expressão clínica que tem tanto de notável como de assombrosa, estaríamos a falar de um paciente da ala psiquiátrica do Júlio de Matos.
Mas não fiquem já amedrontados. O Dr. Pierce, apesar de alguma excentricidade e fobia pela carpete vermelha das multidões, não consegue evitar o encontro imediato com a ribalta policial, aquela malta de novatos do FBI que necessita sempre de consultar o poço da verdade, até encontrar um chanfrado qualquer mais inteligente que todos, para ficarem bem vistos pela sociedade. Em boa verdade, talvez seja o fraquinho de uma antiga aluna, a agente Moretti (Rachael Leigh Cook), a causa principal pelo convívio assíduo com os homens do crachá mais famoso do mundo. Mas não queremos enterrar já a colher no doce, antes de voçês provarem primeiro a textura do danone sentimental.
Perceção é uma série criativa e original, que introduz um twist diferente nas tradicionais parcerias com o FBI, aludindo à capacidade de vislumbrar os recônditos mais obscuros de cada criminoso, com base em ecos imaginários que pressupõe uma certa capacidade de abstração muito íntima e particular.
P.S – Afinal de contas, os mortos são mesmo imortais…
MS
Bom texto cinematrográfico ligeiro, bem concebido, que em poucas palavras e de forma lúcida faz-nos reviver a realidade do guião. Ortografia, pausa e verbalização correta. A recomendar e seguir.
Abraço rapaz e continua.
Jorge