Quando Tudo Está Perdido, em análise
“Quando Tudo Está Perdido” pode não ter uma premissa muito original, mas a forma como o tema é tratado é extremamente comovente e interessante.
Robert Redford encarna um velho marinheiro, a única personagem do filme, que após a colisão do seu veleiro com um contentor de carga tem que exercer diversas técnicas de sobrevivência para impedir o naufrágio.
Apesar do começo um pouco monótono, em que somos algo surpreendidos com a calma do nosso protagonista face à descoberta de que tem um buraco gigantesco no seu barco, este é um filme que tem uma progressão muito natural, muito devido às situações que se vão sucedendo e à forma como Robert Redford encarna a sua personagem. No decorrer da segunda metade de “Quando Tudo Está Perdido” é impossível não sentir empatia e um enorme desejo que este homem, do qual mal se ouviu uma palavra, sobreviva após todas as provações pelas quais passou.
Robert Redford tem a díficil tarefa de fazer com que a sua personagem seja credível com um diálogo (ou monólogo) quase inexistente. Cabe-lhe fazer com que o público acredite nas emoções deste homem, sem as poder dizer ou exprimir abertamente, e realmente é de realçar o seu magnífico trabalho. No início, encontramos um marinheiro calmo, relaxado, pronto a resolver de cabeça fria todos os problemas que encontra, e no final está transfigurado num homem algo desesperado, mas que ainda assim não desiste, lutando até ao último momento.
A banda sonora por Alex Ebert mereceu o Globo de Ouro que venceu, acrescentando imenso valor à experiência do público. Se sem a sua existência já existiria uma grande empatia por aquele homem solitário, então com a comovente música que acompanha todos os momentos dramáticos, é como se estivessemos com ele.
Várias questões permanecem. Quem é este homem? Porque é que navegava sozinho? É bastante óbvio que é um navegante experiente, apesar de tal nunca ser dito. Contudo, no final, é também claro que nenhuma destas questões realmente interessa. Esta é uma história de sobrevivência, de esperança, de luta até ao último segundo. Não necessitamos de um motivo exterior para querer que este homem sobreviva, e essa é a beleza do filme. Não sabemos quem ele é, o que é que ele fez na sua vida, se merece viver ou morrer, mas temos a reacção natural de querer a sua sobrevivência, apenas porque é vísivel o quanto ele também a deseja.
SL