Saoirse Ronan dá vida à musa de Paul McCartney na nova biopic dos Beatles
Os Beatles são um nome que evoca legiões de fãs, capas de álbuns lendários e memórias para várias gerações. Mas se eu te dissesse que nos estágios finais de conceção está uma saga cinematográfica? Uma saga que pretende reescrever a forma como vemos não apenas os quatro de Liverpool, mas também as mulheres que caminharam a seu lado.
Quem vai ser Linda McCartney nos novos filmes dos Beatles?
Saoirse Ronan foi escolhida para interpretar Linda McCartney na ambiciosa tetralogia realizada por Sam Mendes. Este projeto, intitulado The Beatles — A Four-Film Cinematic Event, pretende contar a história de cada membro da banda em quatro filmes distintos. Cada filme focado em John, Paul, George e Ringo. No caso de Linda, espera-se que Ronan apareça com relevância no capítulo de Paul McCartney. Contudo, ainda não está claro se ela surgirá nos outros filmes da série.
O casting já anunciado para os Beatles principais inclui Paul Mescal como Paul McCartney, Harris Dickinson como John Lennon, Joseph Quinn como George Harrison e Barry Keoghan como Ringo Starr. Com Ronan no elenco, a narrativa ganha um novo olhar sobre aquela que foi mais do que companheira: fotógrafa, musicista, ativista e presença constante no universo pós-Beatles de Paul.
É a primeira vez que uma produção com o selo “oficial Beatles / Apple Corps” terá direito completo ao uso das canções e das histórias pessoais dos membros. Essa autorização abre espaço para que se explore não só os mitos, mas também as fragilidades, os contrapontos íntimos e as nuances de cada personagem, inclusive as figuras femininas que, por vezes, foram relegadas à sombra dos homens da banda.
Mas quem é Linda McCartney?
Para quem não está familiarizado, Linda Eastman McCartney nasceu em 1941 nos Estados Unidos, destacou-se primeiro como fotógrafa, capturando personalidades do rock e cultura nos anos 60. Mais tarde, conheceu Paul McCartney e casou-se com ele em 1969.
Nos anos seguintes, Linda participou com Paul no projeto Wings, onde cantava e tocava teclados, colaborando com músicos e fortalecendo a sua própria voz artística. Fora da música, destacou-se como ativista pelos direitos dos animais e pelo vegetarianismo, lançando até uma linha de produtos alimentares com o seu nome.
O seu legado é particularmente fascinante porque desafia a narrativa simplista de “a mulher atrás de um grande homem”. Linda era uma criadora por si só e trazê-la à frente num projeto deste calibre sinaliza que os realizadores pretendem contar os Beatles não apenas como lendas musicais, mas como seres humanos com redes de apoio, amores, tensões e aspirações externas ao palco.
Qual será o impacto desta escolha?
A decisão de trazer Linda McCartney para o centro da narrativa pode ser vista como uma vitória de representatividade; finalmente, uma produção com aprovação oficial reconhecerá a importância dela no universo dos Beatles. Mas isso traz riscos, há fãs puristas que não toleram revisões.
Por um lado, Ronan é uma atriz de talento reconhecido, com indicações ao Óscar e historial variado em papéis dramáticos e intimistas. A sua presença pode conferir densidade emocional às cenas com Paul, resgatando momentos privados que nunca poderiam ser enquanto mera figura secundária.
Por outro lado, a aposta de quatro filmes pode fragmentar a narrativa, várias origens temporais, múltiplos pontos de vista e sobreposições dramáticas são desafiantes. Além disso, dar voz a Linda exige sensibilidade, narrativas históricas já cometeram erros ao reduzir mulheres a papéis de suporte. Se for bem homenageada, poderá redefinir como vemos o final dos Beatles, o pós-beatleismo e o papel de quem ama além da fama.
O que esperar destes Beatles?
Se tudo correr bem, Ronan poderá transformar Linda McCartney em personagem de expressão própria, não mera sombra de Paul, mas presença viva no palco da narrativa rock. E quem sabe, talvez nos inspire a revisitar a própria música com outro olhar. Achas que será corajoso contar os Beatles “de dentro”, com as suas mulheres em palco?