Esta série nostálgica volta à Netflix com um visual irreconhecível
Winx. Um nome que transporta vários portugueses para dias de infância passados colados ao ecrã da SIC, TVI ou Canal Panda, está de volta.
Há certas coisas que marcam uma geração. Para alguns, foram os Power Rangers ou Dragon Ball Z. Para outros, foi o despertar mágico de Winx Club. Agora, duas décadas depois, Bloom e o seu grupo estão de regresso num reboot totalmente em CGI—e, como era de esperar, a internet já está dividida.
Clube Winx anuncia regresso em formato 3D
A Rainbow SPA confirmou oficialmente na ComiCon que “Winx Club: The Magic is Back” estreará na Netflix global em outubro de 2025. A série também terá estreia em setembro no canal britânico BBC. O anúncio vem acompanhado das primeiras imagens das transformações de Flora e Tecna, revelando a nova abordagem visual da série.
A nova série prometida pela Rainbow manterá os elementos centrais que tornaram a original um sucesso: “Bloom, uma adolescente da Terra que descobre ser uma fada com poderes extraordinários, a sua jornada de autodescoberta na escola de fadas Alfea, e as suas inseparáveis amigas que formam o Clube Winx.”
“Estou entusiasmado por a BBC acolher as nossas fadas de braços abertos”, afirmou Iginio Straffi, criador do Winx Club, em comunicado oficial. “Este reboot é uma sincera homenagem aos fãs que cresceram com a Bloom e as suas amigas, e um convite para as crianças de hoje descobrirem a rica narrativa e as personagens cativantes que definem o universo Winx.”
Transformação da Tecna – Winx Club
Arte vs. tecnologia no mundo da animação
A adoção do 3D pelo Clube Winx não é um caso isolado na indústria da animação, mas levanta questões importantes sobre o equilíbrio entre inovação tecnológica e identidade artística.
O problema fundamental da transição para 3D não está na qualidade da animação em si—que supera claramente produções como “Miraculous Ladybug“—mas na aparente perda da identidade visual única que fez de Winx Club um ícone.
Observando as imagens lançadas, é impossível não notar uma certa semelhança com o estilo Pixar/Disney da década de 2010, como se a série estivesse a tentar encaixar-se num molde já estabelecido em vez de manter a sua própria linguagem visual distintiva. Isto sugere que, embora a tecnologia tenha avançado, o novo Winx parece estar preso numa estética que já parece datada mesmo antes da sua estreia.
As vozes que deram vida à magia em Portugal
Uma parte fundamental de Winx Club em Portugal foram as suas vozes, que deram personalidade às fadas numa série que tinha uma animação inegavelmente conservadora. Assim, desde a primeira temporada dobrada pela Nacional Filmes, com Bárbara Lourenço como Bloom e Sandra de Castro como Stella, até às versões posteriores da PSB, as vozes portuguesas tornaram-se inseparáveis das personagens.
Estas interpretações contribuíram inegavelmente para a popularidade da série em Portugal, tornando a questão de quem dará voz às novas versões das fadas uma preocupação legítima para os fãs. Assim, até ao momento, não foi anunciado se os estúdios portugueses manterão alguma continuidade com as vozes anteriores.
Potencial desperdiçado ou nova oportunidade?
Após oito temporadas que frequentemente pareciam girar em círculos narrativos sem um objetivo claro, um reboot podia ser inegavelmente a oportunidade perfeita para eliminar o excesso e focar-se nos elementos fundamentais que tornaram a série original tão cativante.
Imaginar um Winx Club com a qualidade narrativa de produções como “Invincible” não é completamente descabido, especialmente considerando o legado cultural da série. Assim, é particularmente curioso que, sendo uma produção europeia, não tenha sido considerada uma parceria com estúdios como a Fortiche Production. O estúdio francês responsável pela inegavelmente aclamada “Arcane” e que provou ser possível criar animação europeia de classe mundial.
No entanto, seria prematuro julgar o reboot apenas pelas suas imagens reveladas. A verdadeira magia do Winx Club sempre residiu não apenas nos seus visuais, mas na mensagem de amizade que transmitia aos jovens espectadores. Assim, se “Winx Club: The Magic is Back” conseguir manter esse espírito, poderá ainda merecer um lugar ao lado do seu predecessor adorado.
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About The Author
Vítor Carvalho
Licenciado em Estudos Artísticos – Artes do Espetáculo pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com foco em cinema e teatro, e uma especialização em Guionismo pela World Academy. Como redator na MHD, une o seu conhecimento acadêmico à paixão pela cultura pop e mídia visual. É guionista e atualmente está a trabalhar num livro de fantasia. Apreciador de cinema e artes performativas, tem experiência em edição de vídeo e ilustração digital 2D, o que enriquece a sua perspetiva crítica no entretenimento.