Strange Ranger (foto de Melissa Brain)

Strange Ranger divulgam “Living Free”

A julgar pelo que vemos no novo single “Living Free”, e pelo que já vimos no anterior “Leona”, o novo álbum dos Strange Ranger será uma das alegrias deste verão.

A produtiva banda de Portland, actualmente constituída por Isaac Eiger (voz e guitarra), Fred Nixon (voz, piano e baixo), Nathan Tucker (bateria) e Fiona Woodman (voz), anunciou o mês passado o lançamento do seu segundo longa-duração como Strange Ranger, Remembering The Rockets, que sairá no dia 26 de Julho por meio da Tiny Engines. O novo disco segue-se ao longa-duração Daymoon (2017) e a um EP lançado o ano passado, How It All Went By. Com o seu anúncio foi partilhada a faixa de abertura, “Leona”, e a banda divulgou hoje o segundo single, “Living Free”, que podes ouvir abaixo.

Isaac Eiger é a mente por detrás das letras dos Strange Ranger, tendo passado todos estes anos a exprimir a ansiedade e as incertezas do crescer. Depois de anos a cantar a história da sua chegada à maturidade, o problema agora, em Remembering the Rockets, é como transmitir a outros esse processo, que tanta alegria artística e curiosidade lhe trouxe: “​Muitos sofrimentos e horrores virão se não reestruturarmos seriamente toda a nossa sociedade, o que espero mesmo que consigamos. A coisa que mais quero é ser pai, e não é certo que essa seja uma boa decisão a tomar.”

Strange Ranger - Capa de Remembering the Rockets - Living Free
Capa de Remembering the Rockets

Apesar da presença de um tópico tão severo como a ameaça trazida pelo colapso ecológico às aspirações parentais, bem como de outras ruminações melancólicas sobre a solidão, a passagem do tempo ou as complicações da intimidade afectiva, Remebering the Rockets acabou por ser o mais exuberante, suave e agradavelmente hipnótico álbum dos Strange Ranger até à data. Muito disto se deve a uma nova abordagem à composição e timbres sonoros. Segundo Nixon, depois de compor Daymoon,​ ele e Isaac sentiam que tinham esgotado o formato da banda de rock e desejavam que o sentimento geral do disco seguinte fosse de imersão em êxtase.

Eiger detalha o desafio que foi, em termos de aprendizagem, conseguir realizar alguns dos efeitos mais estranhos e experimentais: “Há muito que usamos teclados mas, antes de gravar este disco, arranjámos um velho sintetizador japonês [Korg M1] que tem para aí um trilião de sons.” O produtor Dylan M. Howe desempenhou nisto um papel fundamental, tendo ajudado não só a conceber muitas das amostras sonoras e batidas eletrónicas como a lidar com o software arcaico do Korg M1, usado para quase todos os sons sintetizados do álbum.

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“Living Free” é uma das canções emotivamente mais devastantes do álbum e, como já vem sendo habitual com os Stranger Ranger, foi deixada para o fim. É uma balada pejada de sintetizadores onde Isaac Eiger lida com a passagem do tempo (“all the years as blurry cars and trees/ screaming right past me”) e o seu propósito (“awkward angels in the snow / what if I just want a family?”).

Os temas desta canção prendem-se directamente com a linha de fundo que atravessa o álbum e aparece sintetizada na metáfora do título: “A imagem de um foguetão no céu é bela para mim e cheia de possibilidade. Alguém querer ter filhos e decidir não os ter é como dobrar-se e dizer ‘sim, tudo está perdido, não há qualquer futuro’. E porquê viver nesse caso? É triste que a ‘esperança’ se tenha convertido – por maioria de razões – numa ideia saloia e pouco convincente. Mas se não há esperança estamos feitos numa situação como esta.”

STRANGE RANGER | “LIVING FREE”

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