The Bear © FX via Disney/STAR

The Bear, em análise

“The Bear” é uma série dramática que nos deixa com água na boca. Felizmente, já foi renovada para a segunda temporada.

A série original da FX “The Bear”, de Christopher Storer, acompanha Carmy (Jeremy Allen White, “The Birthday Cake”), um jovem cozinheiro que, após o suicídio do irmão, recebe de herança o restaurante da família em Chicago. Numa tentativa de honrar o seu legado e distrair-se do luto decide gerir o espaço com talento e ambição. O único problema são as dívidas pré-existentes que dificultam o sucesso do negócio.

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Nas redes sociais, muitos apelidaram “The Bear” como uma das melhores séries de 2022 e, apesar de eu não ter visto assim tantas para fazer essa afirmação, também posso concordar que realmente entrega eficazmente a sua proposta. Os 8 episódios da primeira temporada, que estão disponíveis na Disney +, têm um ritmo rápido, até porque cada episódio tem cerca de meia hora, e faz sentido que assim seja, porque sendo uma série tão realista (realmente há momentos que parece que estamos a assistir a um programa ou concurso de culinária) precisamos de abrandar para aguentar a tensão. O stress e sofrimento das personagens é, de facto, palpável dado as ótimas interpretações do elenco guiado por Allen White que encarna o chef.

Embora Carmy seja o protagonista da história há muitas outras personagens que surgem na trama, nomeadamente os trabalhadores do restaurante, onde se desenrola grande parte da ação. Esse pormenor é essencial neste drama, porque o espectador não se cansa de querer conhecer melhor a vida de cada um. Mais do que retratar um problema – um pequeno restaurante com dificuldades de sustentabilidade – ou um tema – a elaboração de pratos deliciosos -, a série entrega uma verdadeira riqueza nos dias atuais: uma humanização presente em cada momento. Sentimos que na tela estão pessoas reais e imperfeitas, em vez de atores e criamos empatia. De facto, somos colocados numa cozinha e é nela que giramos de um lado para o outro à procura de direção, tal como os chefs de serviço.

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Matt Dinerstein © FX Networks

Carmy é uma personagem que se dá por vencido na vida, apesar do seu talento e vitórias, sente-se perdido e até inútil, como se estivesse num verdadeiro pesadelo, por não ter conseguido despedir-se do irmão que decidiu tirar a própria vida. É um chef de cozinha que deseja criar alegria em todos os clientes, que de garfada em garfada, conquistam a alegria, apesar dele próprio estar a lidar com um enorme sentimento de culpa e não conseguir ultrapassar esse trauma. Embora a sua personagem seja bastante contida a nível de emoções, a expressão facial e o olhar do ator dizem tudo, até ao momento em que realmente se expressa e deixa a audiência sem ar.

Destaca-se também Sydney (Ayo Edebiri, “What We Do in the Shadows”), uma jovem ansiosa por aprender com um dos melhores chefs que conhece, mesmo que isso implique juntar-se a uma pequena equipa sem muitos privilégios. Tal como Carmy, é ambiciosa e talentosa, sonha com as receitas culinárias e respira criatividade. Para ela, um restaurante é muito mais do que um trabalho, é uma segunda casa, onde pode fazer o melhor que sabe e ser reconhecida por isso. Marcus (Lionel Boyce, “The Jellies!”) também se dedica com toda a sua alma aos pratos, sobretudo, se forem receitas doces. É na área da pastelaria, a inventar donuts e bolos, que encontra a paz de espírito e se sente realizado.

Por sua vez, temos Tina (Liza Colón-Zayas, “Allswell”), uma das empregadas mais experiente do restaurante que acompanhou o irmão de Carmy até ao fim. Além de também estar num processo de luto, tem alguns problemas de confiança e isso tornam-na menos receptiva às novidades implementadas no restaurante, o que acaba por gerar alguns conflitos.

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Matt Dinerstein © FX Networks

É muito bom ver que mais do que uma equipa de trabalho, aos poucos, todos os chefs se vão tornando família. E essa união indestrutível acontece por ser criada em momentos de dificuldade, que são também aqueles que lhes permitem aprender mais e evoluir pessoal e profissionalmente. O véu entre o profissionalismo e amizade é muito subtil, esbate-se como os vapores que esvoaçam pela cozinha.

Outra das grandes mais valias está também no aspeto técnico, nomeadamente na fotografia e edição. A série tem uma cinematografia que condiz com tudo o que se passa na narrativa. Os tons mais escuros e bejes lembram as ruas de Chicago e, ao mesmo tempo, retratam a decadência que se vai fazendo sentir no restaurante a cada problema que surge. Os cortes rápidos na montagem condizem com as vozes que gritam na cozinha e com o stress que se gera quando os pedidos são muitos e o staff  não é suficiente ou não consegue estar organizado. Os planos detalhe tanto na comida confeccionada, como em outros objetos, tanto denotam o rigor necessário para ser um chef culinário como a paixão e talento necessários para alcançar esse objetivo.

Acima de tudo, “The Bear” prova que é possível contar uma história simples, mas sem ser simplista. A série encontrou muito espaço para ser original e dizer alguma coisa ao público que decidiu dar o play. A primeira temporada acabou com um final em aberto, com muito por explorar na próxima temporada que já está garantida. Afinal, assim é a vida.

TRAILER | “THE BEAR” ESTÁ DISPONÍVEL NA DISNEY PLUS

The Bear, em análise
  • Rafaela Teixeira - 70
  • Inês Serra - 80
75

Conclusão:

“The Bear” é uma série imperdível para todo o tipo de espectadores. O tema principal aparenta ser a cozinha, mas na verdade é a própria vida e os seus impasses. Tem uma narrativa muito humana e personagens interessantes, com as quais criamos empatia no decorrer de cada episódio.

Pros

  • Narrativa realista
  • Personagens humanizadas com quem criamos empatia
  • Fotografia e montagem coerentes
  • Boa cinematografia

Cons

  • Alguns episódios são mais arrastados
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