The Killing: Crónica de um Assassinato, T1 – Em Análise

 

Atores: Sofie Gråbøl, Søren Malling, Lars Mikkelsen, Bjarne Henriksen, Ann Eleonora Jørgensen, Marie Askehave, Michael Moritzen, Nicolaj KopernikusGénero: thriller, drama policial 2007| Dinamarca | 20 x 55 minutos | AXN Black HD

Classificação:

MJ
RR
IR

 

No muito conceituado site www.imdb. com, a série dinamarquesa “The Killing”, na língua nativa “Forbrydelsen”, é assinalada como uma série do género “crime e investigação policial”, centrando-se no homicídio de uma jovem estudante dinamarquesa de 19 anos, Nanna Birk Larsen. Nada de estranho nesta simples classificação, no entanto, a excelência do argumento e da performance dos atores colocam-na muito acima da maior parte das habituais séries de crime e investigação policial, em particular das suas congéneres americanas. O que faz então o argumento de “The Killing” e a própria série destacarem-se numa tal posição de excelência?

 

1- A rigorosa escalpelização dos indícios criminais, visando a resolução do terrível homicídio não poupa nada nem ninguém. Devasta tudo aquilo em que toca. Dos pais de Nanna até à melhor amiga e um dos seus professores, passando pelo misterioso amante ou mesmo pelo amigo de longa data da família Larsen, ninguém escapa ileso. Até o fechado e estagnado mundo da política dinamarquês sofre as consequências do trágico desaparecimento da jovem, sendo arrastado para o centro da intriga e para as primeiras páginas dos media. É uma incursão detalhada pela sociedade dinamarquesa atual, pelas suas contradições e fantasmas.

2- A anatomia do crime conduz a revelações inesperadas: vícios e virtudes inusitados, ódios e paixões contidos, velhos e novos segredos expostos à lupa. Porém é surpreendente que para um proeminente político seja mais difícil tornar pública a sua tentativa de suicídio do que sofrer as consequências últimas de um alibi não revelado.

3- O sofrimento da família Larsen atinge o seu ponto crítico nas inconsequentes ações de Pernille, a mãe da vítima, ou na desastrosa indigência do pai pelas ruas dos bairros marginais de Copenhaga. O paradoxo de ver o conforto e a unidade familiar transformados nos seus opostos, quando emergem, à escassa luz do dia, ressentimentos, cumplicidades e segredos.

 

 

4- O ambiente escuro, pesado, por vezes, quase claustrofóbico, pontuado pela magnífica banda sonora, reforça a possível mensagem que lemos em vários momentos da série: a necessidade ou desejo de mudança ou, se se preferir, a afirmação de uma mudança que já está em curso. Veja-se, por exemplo, a casa do professor, a empresa de mudanças de Birk Larsen, a nova casa da família em construção. A mudança, espera-se, trará luz (harmonia) às sombras, à noite.

5- A solidão terrível destrói o ser humano, afasta-o da sua humanidade. Em “The Killing” as personagens são solitárias. Para a própria detetive Lund a caminhada para a resolução do crime, torna-se um périplo solitário. Transfigura-a, torna-se obsessiva e temerária. Tal como o espectador, Lund está viciada na descoberta do assassino, possivelmente, um serial killer. Sem se importar consigo, com a sua aparência ou com a sua família, Lund joga a carta mais alta, a sua vida pessoal e o seu emprego, ao perseguir o presumível autor do crime, através de um percurso que nos deixa colados ao ecrã. Quem matou Nanna Birk Larsen? Há apenas uma resposta única, satisfatória?

 

 

MJ