The Last of Us (PS3) | Análise

 

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  • Editora: SCEE
  • Produtora: Naughty Dog
  • Plataformas: PlayStation 3

 

Classificação 

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A cada geração existe um grupo restrito de jogos que revolucionam. A Naughty Dog conseguiu-o com “Uncharted 2”, demonstrando o poder gráfico desta geração. Será difícil esquecer a viagem de Drake no topo de comboio, num nível que parece nunca mais acabar,  jogado a uma velocidade infernal, sem repetição de cenário, levando-nos a perguntar a quanto estará o nosso processador e RAM a trabalhar.

Com “The Last of Us”, a Naughty Dog mantém muita coisa, mas arrisca noutros fatores, levando-os ao outro extremo, e fez um fantástico trabalho.

Enredo: Numa palavra: fantástico. O jogo leva-nos a um mundo onde a humanidade está “de rastos” após vinte anos a ser infetada por um vírus que transforma as pessoas numa espécie de zombies. O jogo começa com uma introdução muito forte, que não se esquece tão cedo, e está connosco a cada momento do jogo. Joel e Ellie fazem uma das melhores duplas que já existiu num videojogo, e acreditem que quando estiverem perto do fim, teremos criado um laço que nos fará preocupar com as personagens, e isto é raro num jogo.

Agora, porque o enredo é tão bom? Em primeiro lugar, porque não se limita a ser um jogo que mate zombies. A verdade é que este é um jogo sobre a natureza humana. Afinal, até onde poderemos ir para sobreviver? Merecemos, enquanto espécie, dominar este mundo? Os diálogos estão muito bons, principalmente os que acontecem enquanto estamos a jogar, não quebrando o ritmo. Claro que existem momentos previsíveis, pois a construção de cenários acaba sempre por nos dar dicas sobre o que poderá acontecer, mas a verdade é que há muitos anos que não víamos uma profundidade tão grande num enredo que explora duas personagens magnificas, e que nos leva a questionar muito do que realmente somos.

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Jogabilidade: Todo o jogo é feito para nos dar a sensação que não iremos sobreviver. Cada bala deve ser certeira, pois existem poucas e os remédios ainda menos. Passamos o jogo a colecionar tudo o que encontramos para sobreviver, porque num instante uma simples tesoura pode fazer a diferença entre continuar ou não. O jogador terá, essencialmente, de jogar este jogo como se fosse real. Esqueçam as poderosas armas, esqueçam os grandes tiroteios de “Uncharted”. Aqui a humanidade luta por um pouco de pão, ou por uma simples bala, e nós teremos de entrar nessa realidade. Para além disso, Joel não tem nada a ver com Drake. Não existem saltos impossíveis, nem golpes fantásticos numa luta corpo a corpo. Aqui é a cruel luta de rua onde cada golpe é para matar. A visão do jogador está mais parto de Joel, levando-nos a perder alguma da visão periférica que outros jogos nos dão, e também isto serve para diminuir a nossa personagem e as nossas hipóteses.

Em relação a tiroteios e armas, aqui é tudo muito básico. A mira obriga-nos a praticar, pois não nos irá ajudar, e a evolução que podemos dar às nossas armas limita-se ao básico, como por exemplo, usar um pouco de fita e prender uma tesoura à ponta de um cano. Em termos de inteligência artificial,  o jogo tem altos e baixos. Por um lado, os nossos inimigos são inteligentes e raramente usam a mesma estratégia a partir do momento em que nos vêem, e tal nota-se na dificuldade “difícil”, mas por outro, em algumas situações um inimigo passa por um companheiro no chão e não faz soar o alarme. Os nossos companheiros também ajudam em vários momentos, executando algumas mortes, mas principalmente dizendo-nos onde está o perigo, e neste aspeto não há falhas. Por outro lado, é frustrante ver que os nossos inimigos raramente vêem ou ouvem os nossos companheiros, sendo que somos obrigados a andar muito devagar, e os nossos companheiros nem sempre o fazem. Claro que, por outro lado, seria muito frustrante fazermos tudo bem e sermos descobertos pelas personagens que o computador controla, mas num jogo tão bom é preciso encontrar defeitos.

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Gráficos: Uma maravilha gráfica, que peca apenas por o enredo não lhe dar um momento em que os visuais nos deixem de boca aberta. O facto de o jogo não ter grandes batalhas nem momentos muito rápidos, poderá dar a ideia que o jogo não deslumbra, mas enganem-se. Em termos técnicos, e olhando para os cenários, estes serão, provavelmente, os mais completos a aparecerem numa consola. A vastidão e os pormenores são tantos que por vezes fiquei abismado com o facto de existirem cenários enormes e detalhados, que nada trazem ao jogo. Um verdadeiro prazer para os olhos e totalmente coerentes. Outro aspeto a assinalar é a brutalidade visual do jogo. O enredo “puxa” pela crueldade e os gráficos fazem o seu papel, e por isso preparem-se para um jogo negro e com momentos marcantes, que não esquecerão tão cedo. Devemos ainda assinalar o fantástico trabalho gráficos nas personagens. As suas expressões faciais são as melhores que já vi, e tal dá ao jogo um toque de realismo que nos faz “entrar” no jogo e sentir aquelas personagens.

Som: Está muito bom, criando um ambiente fantástico graças a uma banda sonora muito competente. Os efeitos sonoros também apresentam grande qualidade e o trabalho de vozes está perfeito. Jogámos também a versão com as vozes portuguesas (preparem-se para muitas asneiras) e o trabalho está muito bom, ao nível de “Uncharted”, mas se quiserem uma experiência única, aconselhamos as vozes inglesas porque a vozes encaixam muito bem com as expressões das personagens, levando-me a dizer que será, talvez, o melhor trabalho de vozes desta geração. Em termos sonoros, este jogo não leva a pontuação máxima devido a pequenos bugs, como por exemplo estarmos num local onde não podemos fazer o mais pequeno barulho, e de repente, um dos nossos companheiros fala. É raro acontecer, mas quebra um pouco o ambiente.

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Devemos ainda assinalar que o multiplayer está acima da média, e agradará a muitos jogadores. É, quase relegado para a sombra devido ao brutal enredo single player, mas é um complemento muito bom e acima da média para este género de jogos.

No global, “The Last of Us” é um jogo obrigatório. É muito forte e mostra-nos até onde pode ir o nosso instinto de sobrevivência, até onde nos leva a força da esperança, ou o egoísmo daqueles que querem sobreviver a todo o custo. A força de cada personagem é palpável, e muitos filmes de Hollywood gostariam de conseguir ter personagens com tal profundidade e prova que os jogos são, cada vez mais, uma forma de comunicação com o jogador. Antes limitava-mo-nos a jogar e apreciar um jogo de corrida ou plataformas, mas agora estamos noutro nível. Um jogo que tenha por base o enredo, deve transmitir algo, deve levar-nos a questionar e a sentir. E este jogo consegue isso. Aliás, o que torna este jogo único é aquilo que não nos dá diretamente, e que cabe ao jogador descobrir por ele próprio.

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O final é avassalador, e se alguns poderão não gostar, para mim é um dos melhores finais de sempre, pois demonstra que não há pessoas boas ou más. Todos nós, sem excepção, temos no nosso interior, a eterna luta entre o bem e o mal. E nem sempre escolhemos a melhor opção, porque também somos egoístas, porque também falhamos, porque somos humanos. Vemos o que nos rodeia e questionamos se haverá uma razão, ou se o esforço e sacrifício valerá a pena. Aliás, talvez seja sobre isso que o jogo é: a forma como nos adaptamos à luta entre a esperança e o dever moral, e aquilo em que nos podemos tornar quando as bases de uma sociedade colapsam. Afinal, quando as leias acabam e a bala dita as regras, até onde poderemos ir?

A forma como o jogo nos agarra é algo que devemos aplaudir. Nunca nos sentimos fora do jogo e isso nota-se a cada instante. O jogo não para quando queremos mudar de arma, ou quando nos curamos, dando a sensação que tudo deve ser pensado e o tempo é precioso, por isso vejam se estão sozinhos quando precisarem de se curar, e tal terá de ser feito muitas vezes, porque a campanha é mesmo muito grande. Joguem o jogo na dificuldade mais alta e irão perceber a adrenalina que este jogo poderá oferecer.

Em termos pessoais, é sempre difícil dizer qual o melhor jogo. Muitos fatores são importantes, e um dos decisivos é o gosto pessoal. Este não será um jogo revolucionário porque já estamos no máximo da consola (“Tomb Raider” e “BioShock Infinite” provam-no), por isso não dá o salto que “Uncharted 2” ou “Metal Gear Solid 4” deram, mas em termos críticos, olhando a todos os fatores, é difícil não apontar este como O jogo desta geração. “The Last of Us” é o primeiro jogo a receber a nota máxima na Magazine HD e merece-o, sem dúvida. Uma obra-prima que deve ser jogada!

 

Pontos fortes:

  • Excelente gráficos! Vastos, brutais, coerentes…
  • História profunda, marcante e muito longa
  • Jogabilidade
  • Ellie e Joel
  • Expressões faciais!
  • Banda sonora e trabalho de vozes

Pontos fracos:

  • Inteligência artificial tem altos e baixos (este não é um ponto fraco, pois está ao nível de outros grandes jogos, mas não está ao nível da obra-prima que este jogo é)

LP


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