“The Musketeers” em análise – Parte II
A série de 10 episódios que foi exibida pela BBC1, entre Janeiro e Março deste ano, tem já asseguradas a renovação para uma segunda temporada e a exibição em vários canais um pouco por todo o mundo, incluindo na RTP. Neste artigo continuamos a apresentar as razões que fazem desta produção da rede britânica um “must see” para todos os fãs de romances de cavalaria.
3. As Interpretações
Um facto curioso acerca da saga de Dumas é que, quer se tenha lido ou não os livros, todos temos ideias pré-concebidas acerca de cada uma dos mosqueteiros – Athos, o nobre, Aramis o cortez, Porthos o lutador, D’Artaghan o apaixonado, são alguns dos estereótipos… E ainda que a série os tome efectivamente como ponto de partida, “The Musketters” consegue ao longo dos episódios explorar as qualidades, as fraquezas, o passado, as aspirações e os dilemas de cada um dos protagonistas conferindo-lhes a tridimensionalidade que lhes falta noutras adaptações. Claro que esta “vida” dos personagens se deve em grande parte às interpretações de Luke Pasqualino, Tom Burke, Howard Charles (respectivamente: D’Artagnan, Athos e Porthos) e, sobretudo, de Santiago Cabrera (como Aramis), cujo carisma e química nos faz acreditar genuinamente na sua amizade e torcer por eles a cada contratempo. Do lado dos rivais, seria impossível não referir a interpretação de Peter Capaldi, como Cardeal Richelieu. Em vez do tradicional vilão de pantomima, o novo “Doctor Who” traz-nos um Cardial moralmente ambíguo mas essencialmente pragmático, que coloca os interesses de França acima de tudo.
4. O Papel das Mulheres
No seguimento das interpretações a destacar na série, não poderíamos deixar de referir-nos às mulheres que fazem de “Musketeers” um interessante retrato da época do ponto de vista feminino, ou não fosse “A Rebellious Woman” – o episódio em que os nossos heróis são confrontados com um novo fenómeno: o feminismo – um dos melhores episódios de toda a temporada. Para além da efémera, mas nem por isso menos marcante, Ninon De Larroque – a feminista à frente do seu tempo interpretada por Annabelle Wallis – Alexandra Dowling como a gentil e perspicaz Rainha Anna, Tamla Kari como a determinada e generosa Constance (eventual interesse amoroso de D’Artagnan) e, claro, Maimie McCoy como a bela e misteriosa aliada do Cardeal, Milady de Winter, conferem um ângulo novo, fresco e contemporâneo, a um romance tipicamente masculino.
Veredicto:
Embora não seja isenta de falhas – nem todos os episódios conseguem manter o mesmo nível de interesse – “The Musketeers” não deixa de ser uma das melhores adaptações recentes da famosa obra de Dumas, quer pela qualidade da produção e do elenco, quer pela sua capacidade de nos deixar com um sorriso estampado na cara. Para terminar, só me resta acrescentar:
“Um Por Todos e Todos Por Um!”