Top MHD | Os Melhores Filmes de 2014

Estamos na iminência de dizer adeus a 2014 e a dar as boas vindas a 2015. E, como sempre, fazemos o balanço cinematográfico do ano elegendo aqueles que são, na opinião da Magazine.HD os melhores filmes que estrearam em Portugal, em circuito comercial, em 2014.

Os oito membros votantes da Magazine.HD da secção de Cinema ordenaram os dez filmes favoritos de cada um, sendo essas classificações individuais convertidas em pontos, numa lógica progressiva. A lista abaixo apresentada traduz o somatório de todas as pontuações atribuídas.

Eis os melhores filmes de 2014, para a MHD:

#10 – 12 Years a Slave / 12 Anos Escravo

12 years a slave

Sentados ali, na sala escura, somos invadidos pelos flashes da lembrança dolorosa da Alemanha Nazi, do genocídio do Ruanda, do conflito de Darfur, das carnificinas e dos massacres onde a humanidade se soterrou na loucura, mas sobretudo dos indivíduos – aqueles que pereceram numa “luta” desigual, desenfreada e injusta e aqueles que, movidos por uma crueldade que se julga razão, subverteram o sistema para uma manifestação perversa da brutalidade de que somos capazes.

No final, e ao longo dos dias, o silêncio macera-nos a alma. O que “12 Anos Escravo” torna impiedosamente claro é que poderíamos ter sido ou continuaremos secretamente a ser qualquer uma dessas pessoas: as vítimas sacrificadas ou os seus desumanos ofensores. E é não só mas sobretudo por colocar tão inquietante questão na mesa que McQueen cirou uma obra para a posteridade. Lê aqui a crítica completa

#9 – The Grand Budapest Hotel

The Grand Budapest Hotel - 64th Berlin Film Festival

O universo Andersoniano atingiu aqui o apogeu em toda a ilustre glória das suas subtilezas marcantes, ironia cortante e detalhe digno de uma casa de bonecas. A graciosa zombaria que faz da história, obliterando horrores diretos em prol de uma série de piadas, jeitos e trejeitos travessos, não é gratuita. É vingativa. Dicotomicamente, é um dos filmes mais divertidos e caprichosos do realizador, mas também o mais sombrio e trágico.

A certa altura, Zero partilha que “o mundo de M. Gustave já tinha acabado muito antes de ele ter entrado nele, mas ele soube manter a ilusão como ninguém”. O mesmo se pode dizer de Anderson, uma mente artisticamente solipsista, de timbre único e inconfundível, absolutamente contemporânea mas inspirada (e apaixonada) pelo Cinema clássico. Já não existem realizadores assim. E na verdade, talvez nunca tenham existido. Lê aqui a crítica completa

#8 – The Immigrant / A Emigrante (ex-aequo)

Immigrant

A nova obra-prima de James Gray é um dos filmes incontornáveis do ano, e tem ganho um merecido destaque por altura da temporada de prémios.

O que faz de “A Emigrante” uma fita tão intensa é a ambiguidade das personagens. O proxeneta de Ewa, Bruno (Joaquin Phoenix), é uma das personagens mais complexas, sendo completamente óbvio o amor que sente pela polaca, apesar de continuar a usar o corpo dela para ganhar dinheiro. Mais interessante ainda é o facto de Bruno nos deixar um sentimento algo agridoce pois, apesar de ser uma pessoa detestável, uma parte de nós deseja secretamente que o seu amor seja correspondido, ou pelo menos que o seu sofrimento acabe. Apesar de Ewa insistir no seu ódio por Bruno, também esse sentimento é mais complexo do que parece. Existe uma gratidão, ainda que muito escondida, em relação ao homem que impediu com que fosse deportada. É o tirano sonho americano a jogar com a vida, e não o inverso. Lê aqui a crítica completa

#8 – American Hustle / Golpada Americana (ex-aequo)

american hustle

Em “Golpada Americana”, Amy Adams entrega uma performance convincente e sentida, e Christian Bale revela-se mais uma vez um autêntico camaleão, transformando-se numa pessoa completamente diferente, também fisicamente, para interpretar Irving. Chega a ser tão credível que é quase inevitável sentir empatia por um homem que sabemos ter valores morais no mínimo questionáveis. Jennifer Lawrence também se entrega completamente ao papel de Rosalyn, a mulher de Irving, interpretando uma personagem única e especial de uma forma bastante interessante e peculiar.

E é aqui que residem as maiores qualidades de “Golpada Americana”: no elenco de excelência e na forma como este foi conduzido pelo realizador David O. Russell. Lê aqui a crítica completa

#7 – Nebraska

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Ao contrário de muitos enredos típicos, que tentam exaltar uma grande história inovadora e inacreditável, em “Nebraska” é retratada uma história de vida comum, em todos os sentidos. A senilidade e teimosia que vêm com a velhice, problemas entre pais e filhos, ganância, falhas de comunicação entre a família, e uma geral falta de  sentido de grandiosidade para as acções que tomamos no dia a dia. Tem-se sempre a sensação que estamos a observar pessoas e as suas vidas, e não personagens idealizadas na cabeça de alguém, e é neste ponto que o filme se torna magnífico.

No geral, “Nebraska” é brilhante porque provoca todo um leque de emoções em vários cenários que poderiam muito facilmente se tornar demasiado monótonos. E dentro dessas emoções encontramos uma janela para as nossas próprias ideias daquilo que significa ser uma família. E é esta capacidade excepcional que o torna único. Lê aqui a crítica completa

#6 – Mommy / Mamã

Mommy

O amor de mãe. Essa entidade metafísica que não conhece impossíveis, que se entranha nas recônditas entranhas, que governa o universo com leis desconhecidas, que rejeita condenar o condenável, que oculta os defeitos e exalta as virtudes, que dá sem nunca esperar receber, que é capaz de tudo para fazer tudo. É este o personagem central da nova odisseia humana de Xavier Dolan, “Mamã”.

O realizador canadiano tem apenas 25 anos, mas já conta com cinco aclamadas longas-metragens no currículo, às quais se somam diversos reconhecimentos, entre os quais o Prémio do Júri no prestigiado Festival de Cannes (em ex-aequo com “Adeus à Linguagem”, de Jean-Luc Godard). Será, portanto, um equívoco grosseiro considerar Dolan como um mero prodígio e não como um talento firme e incontestável. Em “Mamã”, porventura a sua obra mais completa, as suas qualidades na condição de autor absoluto estão patentes e à vista de quem as quiser apreciar. Lê aqui a crítica completa

#5 – Gone Girl / Em Parte Incerta

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Fincher já havia admitido que os seus filmes encerram histórias ostensivamente negras de “misantropos e serial killers ocasionais”. Neste seu novo filme, os serial killers não se juntam à festa, mas a misantropia é uma qualidade inequívoca. David Fincher é um assumido misantropo, alienado pelo seu calculismo e cinismo, mas desta vez oferecendo algo de diferente. Aqui consegue ser também satírico e sádico (a admirável cena à la Hitchcock, de sangue a jorrar, é uma das melhores do ano), manipulando o espectador como se fosse uma marioneta, conduzindo-o para verdades e inverdades, até lhe dar a estocada final.

A falsa aparência, a importância dos mass media no domínio da opinião pública e, sobretudo, a desconstrução da farsa do casamento moderno são mensagens subliminares que Fincher pretende fazer ecoar em todos nós e que acabam por ter a faculdade de nos fazer olhar para lado, em busca de um significado real para um ensinamento ficcional. Lê aqui a crítica completa

#4 – Interstellar

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A atenção e detalhe dados a cada momento por Christopher Nolan fazem com que nenhum minuto da longa duração de “Interstellar” pareça desnecessário.

Talvez a melhor qualidade de “Interstellar” seja o respeito com que nos trata, não estupidificando nenhum dos complexos conceitos de Física que são necessários para entender tudo o que acontece no decorrer do filme. É necessário não nos agarrarmos às nossas percepções e abrirmos a nossa mente a várias possibilidades para que o filme funcione. Uma vez que isso aconteça, tudo faz sentido e pode ser explicado facilmente, e qualquer paradoxo que pareça existir é uma ilusão, porque o ser humano simplesmente não tem a capacidade de compreender o tempo como uma dimensão física. Esta premissa, muito importante, faz com que “Interstellar” se torne sublime.  Lê aqui a crítica completa 

#3 – The Wolf of Wall Street / O Lobo de Wall Street

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Imaginem-se vestidos para uma festa glamourosa na melhor avenida da cidade, quando descobrem que esse evento é, afinal, um espetáculo de striptease onde os vossos honrados amigos se encontram em posições menos respeitáveis, com acompanhantes de origem duvidosa, peças de roupa a menos e estupefacientes a mais. É esse o estado de choque com que recebemos “O Lobo de Wall Street”.

Esta exibição pornográfica de luxo, poder e sexo não se amontoa para construir um conto moral sobre a corrupção e ao deboche. Todavia, também não os glorifica. Ao contrário é uma acídica, elétrica e bem calibrada comédia negra, uma ode à decadência e ao hedonismo, e uma farsa épica que mistura o melhor de “Tudo Bons Rapazes” com uma versão moderna do Império de Calígula. Lê aqui a crítica completa 

#2 – Her / Uma História de Amor de Spike Jonze

Her

“Her” é passível de ser encarado como um objeto de terror denso, cruel e perturbante onde podemos descobrir, numa vista panorâmica, o futuro da Terra projetado. Um futuro onde o Homem procura um facilitismo antagónico ao status quo. Um novo mundo para o qual as relações carnais perdem a sua preponderância e chegam a provocar desconforto, sendo sub-rogadas pelo amor ‘artificial’ que se esquiva da autenticidade mas que oferece, aparentemente, menos dissabores.

No entanto, é necessário observar “Her” através de um outro prima bem mais desafiante. Vivemos num mundo que vem ignorando a existência de príncipes e princesas, de almas-gémeas e de seres com personalidades complementares. Spike Jonze devolve a faculdade de voltarmos a acreditar em contos de fadas, criando uma perspetiva poética do mundo onde nós – por vezes seres solitários em busca da felicidade – e aqueles por quem nos apaixonamos constituem um perfeito ying & yang, como se fosse possível moldar o homem ou a mulher das nossas vidas àquilo que nós somos, tal como Theodore fez com Samantha. Por tudo isto, o novo filme de Jonze é um objeto singular no Cinema dos dias de hoje.  Lê aqui a crítica completa 

#1 – Boyhood / Momentos de Uma Vida

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É dolorosamente fácil descartar “Boyhood”, como um filme simplista, sem um propósito particular ou uma conclusão épica, como que em modo fast-food, pronta a deslindar o nosso lugar no mundo, tanto como seres individuais, como pertencentes a uma realidade social.

Mas a crua verdade é que a vida – a nossa vida – não se resume a epifanias no topo de uma montanha com a banda sonora perfeita, ou a uma frase floreada criada para tatuar no corpo. A vida é uma série de desafios quotidianos, ao longo dos quais crescemos e aprendemos, apenas para descobrir que há por aí muito mais do que poderíamos imaginar. Momentos impactantes ou não, que ora nos confundem, ora nos asseguram que este é o nosso lugar.  Lê aqui a crítica completa

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