Uma Noite Fora do Palácio, em análise

 

A vitória dos Aliados contada na única e tresloucada noitada das princesas de Inglaterra, Isabel e Margarida.

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 FICHA TÉCNICA

Título Original: A Royal Night Out
Realizador: Julian Jarrold
Elenco: Sarah Gadon, Bel Powley, Jack Reynor, Rupert Everett, Emily Watson, Ruth Sheen e Roger Allam
Género:  Comédia, Drama
NOS | 2015 | 97 min

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Será possível pensar em Isabel II e a sua já falecida irmã Margarida como duas meninas ansiosas por uma saída à noite? Aqueles que virão “A Rainha” (2006), de Stephen Frears duvidam. A interpretação de Helen Mirren revelava a figura central de Inglaterra em conflito com a nação, e consigo mesma. Aqui, Lillibet – como é apelidada pela família – quer estar inserida na multidão, apenas mais um rosto do conjunto.

A vitória dos Aliados na segunda guerra mundial, datada de 8 de maio de 1945, permitiu a escapatória, pelas princesas, do palácio de Buckingham para ruas londrinas, cobertas de gente. Interpretadas por Sarah Gadon e por Bel Powley, as raparigas querem simplesmente celebrar. Perceptível de imediato é a intenção do filme. O mesmo não está preocupado com os imprevistos de uma noitada, mas como duas meninas, sobretudo Isabel, lidam com comuns obstáculos citadinos e como se tornam mulheres.

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Além do mais, o rosto da atriz Sarah Gadon surge imediatamente no primeiro plano do filme, a preto-e-branco – quase como inserido num documentário dos festejos. O seu distinto caráter suporta o drama desta comédia, quase satírica das tradições monárquicas. A atual rainha, com 60 anos de governação, demonstra-se prudente, já a sua irmã surge por momentos disparatada. Margaret desfruta da aventura, de braços dados com soldados atraentes, copo na mão e sem prestar a devida atenção ao discurso do rei.

Uma Noite Fora do Palácio

Na verdade, há um novo discurso do mesmo George VI, visto em “O Discurso do Rei” (2010), de Tom Hooper. Quase que numa linha cinematográfica estabeleceríamos “Uma Noite Fora do Palácio”, como uma sequela, porém as interpretações de Rupert Everett e de Emily Watson não são de peso. É lamentável observar atores britânicos com tanto para oferecer, em papéis excentricamente ridicularizados. A autorização dada pelos mesmos às princesas, surge apenas como pretexto para as dificuldades que advirão. Para mais, há um indivíduo (desempenho a cargo de Jack Reynor), com quem Isabel cria alguma proximidade. Contudo no epílogo, quando o espetador procura saber por onde anda, é deveras surpreendido. Não obstante, entra num jogo ficcional dos factos.

Uma Noite Fora do Palácio

Começa a ser, de alguma forma enfadonho observar a ambivalência entre cinema e real, dificultando-nos a ruptura de um com outro. A audiência perde-se nas emoções, sem estar preocupada em distinguir arte de vida. E, no fim, são esses mesmos filmes que avançam na corrida aos principais prémios. Destaque ainda para os exageros e a quebra da rotina, como alguns marcos do humor britânico. Ora o enredo conduz a gargalhadas sonantes, ora a uma pequena lágrima. Do ponto de vista técnico, alguns poderão considerar a rapidez dos acontecimentos, como tentativa de alcançar um falso plano-sequência, tudo pela acertada posição da câmara de Julian Jarrold. Mas, a parecença a uma, ou outra série de época, não é de todo desprovida e o seu final parece um pouco à conto de fadas, não deixando de ser uma sugestão para os fãs da monarquia.

Uma Noite Fora do Palácio | 24 de setembro nos cinemas

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