Umberto Eco (1932-2016)

Deixou-nos Umberto Eco, um dos mais importantes filósofos e pensadores das últimas décadas, cujo trabalho inclui a célebre obra O Nome da Rosa.

 

“Como é que uma pessoa se sente quando olha para o céu? Ela pensa que não tem suficientes línguas para descrever o que vê. Mesmo assim, as pessoas nunca pararam de descrever o céu, simplesmente listando o que veem… Nós temos um limite, um limite muito desencorajante e humilhante: a morte. É por isso que gostamos de todas as coisas que assumimos não ter limites e, por consequência, nenhum final. É uma forma de escaparmos aos pensamentos sobre a morte. Nós gostamos de listas porque não queremos morrer.”

– Umberto Eco numa entrevista publicada em Der Spiegel

 

No mundo do cinema, a mais direta e célebre contribuição do italiano Umberto Eco foi o romance O Nome da Rosa, uma obra que foi adaptada a filme em 1986. Essa versão cinematográfica foi protagonizada por Sean Connery e Christian Slater, focando-se na história de uma investigação de várias mortes num mosteiro em plena Idade Média, onde o poder da informação, da literatura como veículo e recipiente de pensamento e do próprio riso humano é colocado em destaque.

O Nome da Rosa Umberto Eco

Eco estudou semiótica, o estudo de sinais e símbolos e sua relevância e influência na sociedade e cultura, sendo que algumas das suas mais significativas contribuições académicas se centraram precisamente neste tema. Nos últimos anos da sua vida, o autor chegou mesmo ser professor de semiótica na respeitada Universidade de Bolonha.

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Nas palavras do próprio Eco, o Rato Mickey pode ser tão perfeito como um haiku japonês. Apesar do seu peso e importância no pensamento académico contemporâneo, o trabalho de Umberto Eco foi particularmente genial na sua abrangência e despretensiosa universalidade, concedendo a sua atenção a algumas das mais significativas e eruditas produções artísticas da cultura ocidental assim como a objetos da cultura popular, ou mesmo sinais tão aparentemente banais como a sinalética de trânsito.

Umberto Eco

Apesar da popularidade desse seu primeiro romance e consequente adaptação ao cinema, o legado de Eco está longe de se limitar a somente isto. Como um dos mais importantes intelectuais do século XX e XXI, Umberto Eco é uma das mais importantes vozes no mundo do pensamento académico, sendo que é praticamente impossível qualquer pessoa estudar arte, história, teologia ou filosofia sem se deparar com este incontornável nome. Com obras tão fascinantes como a sua exploração do próprio conceito do que é belo ou feio e sua perceção ao longo da história, Eco e as suas gloriosas ideias e teorias, terão certamente acabado por deixar a sua influência numa infinidade de artistas por todo o mundo, inclusive cineastas.

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É verdade que, tirando O Nome da Rosa, mais nenhum dos seus romances, obras igualmente densas em bizantinas tapeçarias de teoria e indagação intelectual, conseguiu alcançar grande popularidade, mas também é verdade que o legado de Umberto Eco muito ultrapassará a finalidade da sua morte.

Umberto Eco

Eco pode ter-nos deixado na passada quarta-feira aos 84 anos de idade, mas o trabalho da sua vida e o seu próprio pensamento ficará para sempre disponível a quem quer que se queira aventurar pelas ideias de uma das maiores mentes do passado século de cultura humana.

 

 



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