Zoe Saldaña quebra o silêncio sobre o próximo grande projeto de James Cameron para Avatar
Zoe Saldaña sabe o peso de dar corpo e alma a uma personagem, mesmo quando esse corpo está coberto de sensores e a alma é renderizada em 3D.
Mas a atriz por detrás de Neytiri em Avatar não é apenas um rosto pintado de azul; é uma defensora fervorosa de uma arte que poucos compreendem. E agora, quer que James Cameron a exponha ao mundo, num documentário que mostre, sem filtros digitais, o que significa atuar dentro de Pandora.
James Cameron e Zoe Saldaña vão revelar os segredos de Avatar?
De acordo com a The Hollywood Reporter, num diálogo recente com Alicia Keys para o programa Beyond Noise, Zoe Saldaña revelou que James Cameron “está a considerar fazer um documentário sobre os bastidores de Avatar — dando-nos finalmente a oportunidade de explicar, de forma meticulosa, porque é que a performance capture é a forma mais empoderadora de representação”.
Zoe Saldaña descreve o processo com uma precisão que mistura orgulho e exaustão: “Vestimos aquele fato justo, com todos aqueles pontos colados, e entramos no ‘volume’ — é assim que chamamos ao cenário — cheio de câmaras suspensas no teto, todas apontadas para nós, a captar cada gesto e expressão.” Assim, o resultado, diz Saldaña, é o esqueleto invisível de Avatar: sem os atores, Pandora não existiria.
Mas o que Zoe Saldaña quer é mais do que reconhecimento técnico. Ela quer crédito artístico. Quer mostrar que quando Neytiri corre, chora ou ama, é Zoe — carne, voz e músculo — que lá está, mesmo por baixo de terabytes de polígonos azuis.
A arte que Hollywood ainda não a entende
Para muitos espectadores, motion capture e animação são sinónimos. Mas Zoe Saldaña não podia discordar mais. “Com animação, entras num estúdio e gravas algumas sessões de voz. Na performance capture, Avatar não existiria se Sigourney Weaver, Sam Worthington, Stephen Lang, Kate Winslet e eu própria não estivéssemos lá, com os pontos na cara e os fatos colados ao corpo”, explicou.
É uma fusão entre teatro físico e engenharia digital. Cada músculo facial, cada microexpressão é registada. Mas quando a Academia de Hollywood distribui estatuetas, o trabalho de atores como Zoe Saldaña continua a ser visto como “efeito visual”, um erro que a atriz tem denunciado há anos. “Dá-nos a capacidade de possuir 100% da nossa performance no ecrã”, defende.
Portanto, há algo quase poético nessa ideia: o ator torna-se literalmente o corpo de uma ficção. Em Avatar: The Way of Water, Zoe Saldaña treinou mergulho livre para conseguir prender a respiração por mais de cinco minutos e tudo isso, debaixo de água, com sensores a flutuar à volta do rosto. É o oposto de fingir.
Poderá a Academia um dia reconhecer um “Óscar azul”?
Zoe Saldaña tem sido uma das vozes mais persistentes nesta batalha por reconhecimento. Enquanto os Óscares premiam os efeitos visuais de Avatar, ignoram os atores que lhes dão vida.
Entre cada filme da saga há uma espera média de sete anos. “Desde o arco e flecha, às artes marciais, ao mergulho livre, ao idioma que o [Cameron] inventou do nada, ao treino com ginastas e acrobatas… isso é tudo nós”, disse Zoe. “E um grupo incrível de duplos que faz as nossas personagens parecerem biónicas.” Com esta frase, quase ouvimos Neytiri a rir-se em Na’vi e talvez também a suspirar por reconhecimento.
Assim, James Cameron sempre tratou a tecnologia como um pincel e não como uma muleta. Mas talvez só agora, com o documentário que Saldaña pede, o público compreenda a pintura completa. Zoe Saldaña regressará como Neytiri em Avatar: Fire and Ash, previsto para 19 de dezembro de 2025 e, se o documentário de Cameron se concretizar, talvez seja finalmente o momento de dar rosto ao invisível. Achas que Hollywood devia criar um Óscar para performance capture?