Que venha a mudança | Crónica de mais um ano que passou

 

Melhores filmes por cá, que por lá

Muitos de nós, há uns anos, esperariam que passados vinte e cinco anos sobre a queda do muro de Berlim e quarenta sobre o 25 de Abril, o mundo,  tal como a Europa e o nosso país, fosse, no ano de 2014, um local melhor, com menos pobreza, menos desigualdades, menos exclusão e com mais movimentos sociais activos, mais correntes artísticas criativas e mais (e melhor) produção cultural. Infelizmente, tudo isso hoje nos parece algo distante e inatingível, já que a realidade actual, tanto no mundo como na Europa e no nosso pequeno país, está mais próxima duma distopia cinzenta do que dos sonhos utópicos que tantos muros derrubaram. Posto isto, cabe dizer que 2014 não foi, nem a nível nacional nem internacional, um ano surpreendente no que diz respeito à produção cultural, tanto na música como nas outras formas de expressão artística.

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Não obstante este facto, houve coisas boas e até muito boas. Por exemplo, o cinema português, apesar da acentuada quebra de produção dos últimos tempos, teve um bom ano, com excelentes filmes. “Os Maias”,de João Botelho, “Cavalo Dinheiro”, de Pedro Costa, “A vida Invisível”, de Vítor Gonçalves, “Os Gatos Não Têm Vertigens”, de António Pedro de Vasconcelos, ou “Versalhes”, de Carlos Conceição, são disso prova. Foi, no entanto, a nível do documentário que se ultrapassaram todas as expectativas.  Joaquim Pinto e Nuno Leonel conseguiram o que parecia impossível há uns anos e conquistaram não só a crítica como arrecadaram uma série de prémios nacional e internacionalmente com o magnífico “E Agora? Lembra-me”, um documentário sobre o quotidiano e tratamento de um paciente de HIV e hepatite C.

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Contudo, apesar de ter sido um bom ano para o cinema português –  graças sobretudo ao empenho individual de um sem número de pessoas, de actores a técnicos, passando por realizadores -, 2014 , a nível mundial, não foi um ano de grandes filmes, salvo raras excepções como “Boyhood”, de Richard Linklater, um filme brilhante e que parece ser indiscutivelmente o melhor do ano. Para além de “Boyhood”, também o “Grand Budapeste Hotel”, de Wes Anderson, o filme independente sueco “Something Must Break”, de  Ester Martin Bergsmark, “Yves Saint Laurent”, do francês Jalil Lespert, “Magia ao Luar”,  de Woody Allen, e “Miss Julie”, de Liv Ullmann, baseado numa peça de Strindberg, merecem uma menção. Nos documentários, a nível internacional, o destaque vai para “The Internet’s Own Boy: The Story of Aaron Swartz”, de Brian Knappenberger, que conta, pertinentemente, a história do activista informático americano Aaron Swartz.

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2014

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João Peste Guerreiro

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