71º Festival de Cannes: João Salaviza no complemento à Selecção Oficial

Já estava previsto este complemento: foram hoje anunciados Nuri Bilge Ceylan, Lars von Trier e Terry Gilliam para participarem na seleção oficial do 71º Festival de Cannes. O português João Salaviza, vai estar na secção Un Certain Regard, com o documentário “Na Chuva E Cantoria Aldeia Dos Mortos”.

Era evidente e de esperar que com apenas dezassete filmes a concurso, os complementos à Seleção Oficial do 71º Festival de Cannes acabariam por aparecer, depois da Conferência de Imprensa, realizada precisamente há um semana em Paris. Pierre Lescure e Thierry Frémaux, os responsáveis máximos do festival, já davam então mostras de que isto poderia acontecer e acabaram por mudar de certa maneira o jogo desta Selecção 71. Anunciando primeiro um verdadeiro peso pesado: o turco Nuri Bilge Ceylan, Palma de Ouro 2014 com “Winter Sleep“, que vai agora competir com “The Wild Pear Tree” (“Ahlat Agaci”); depois dois outros realizadores juntam-se igualmente à competição: o francês Yann Gonzalez com “Un couteau dans le cœur” (com Vanessa Paradis) e o cazaquistanês Sergey Dvortsevoy com “Ayka”, reforçando a ideia de ter novos valores e cineastas inéditos a concurso, já referida no anúncio desta programação 2018. Passam assim a ser vinte, os filmes a concurso. No entanto, a grande novidade é o regresso do banido realizador dinamarquês Lars von Trier, por causa das suas ‘blagues’, sobre Hitler e os judeus, em 2011. O bom filho ou o filho pródigo, à casa torna, mas fora da competição, com o seu novo filme sobre 12 anos na vida de um serial­ killer, intitulado “The House that Jack Built”, com Matt Dillon e Uma Thurman.

TRAILER: “O HOMEM QUE MATOU DOM QUIXOTE”, DE  TERRY GILLIAM

REFORÇO DE UM CERTO OLHAR

Outro peso pesado foi adicionado à sempre alternativa e excelente seleção de Un Certain Regard (UCR), também ela competitiva e com prémios: Sergey Loznitsa, que esteve na corrida para a Palma de Ouro do ano passado com “A Sweet Woman”. O realizador ucraniano vai mesmo abrir a UCR, na quarta, 9 de maio com “Donbass”, um filme dedicado à guerra da Ucrânia. Surpresa das surpresas é mesmo a presença portuguesa agora ao mais alto nível, com  “Na Chuva E Cantoria Aldeia Dos Mortos”, do português João Salaviza e da brasileira Renée Nader Messora, um filme rodado junto de uma comunidade indígena no Brasil. O português João Salaviza, que já recebeu no festival uma Palma de Ouro de curtas metragens (“Arena”, 2009), sobe agora de divisão nesta UCR, com uma longa-metragem documental, que é mais uma esperança para o cinema português, em termos de prémios. Também a juntar-se a esta selecção UCR, estão “Muere, Monstruo, Muere”, do argentino Alejandro Fadel, uma primeira-obra. Nas sessões da meia-noite também há novidades: “Whitney”, documentário do escocês Kevin Macdonald, sobre a vida da cantora Whitney Houston e ainda “Fahrenheit 451”, uma “refilmagem” do filme de François Truffaut, pelo norte-americano Ramin Bahrani.

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71º Festival de Cannes
A quimera cinematográfica (e jurídica)” O Homem que Matou Dom Quixote”, de Terry Gilliam,

E para fechar mesmo o festival na cerimónia de encerramento, quando menos se esperava, a quimera cinematográfica (e jurídica) “O Homem que Matou Dom Quixote”, do ex-Monty Python, Terry Gilliam, aguardando mesmo assim o diferindo sobre os direitos que envolve o realizador e a sua produtora, com as várias produtoras envolvidas entre elas, a Alfama Filmes, de Paulo Branco e Akbar Filmes, de Pandora da Cunha Telles e Pablo Iraola, um filme que foi em parte rodado em Portugal e muito falado pelo incidente no Convento de Tomar.

JVM

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