Crónica de mais um ano que passou | Top 75 melhores discos de 2014 (parte II)
A nível nacional, “Diffraction”, dos You Can’t Win Charlie Brown, foi o melhor disco, de um ano em que Bruno Pernadas editou o seu primeiro disco a solo, “How Can We Be Joyful In a World Full of Knowledge”, os Gala Drop e os Paus editaram os seus segundos discos, “II” e “Clarão”, respectivamente, e B. Fachada editou o seu terceiro disco homónimo de uma discografia que já reúne treze títulos.
De referir ainda, “Sangue Bom”, de João Afonso, com poemas de Mia Couto e de José Eduardo Agualusa, “Amélia com Versos de Amália”, um trabalho de Amélia Muge com poemas da diva do fado como o nome indica, e ainda “Pesar o Sol” e “Sereia Louca” dos Capitão Fausto e de Capicua, respectivamente, também editados em 2014, o ano em que o cante alentejano foi reconhecido como Património Imaterial da Humanidade e Carlos do Carmo, merecidamente, ganhou um Grammy na categoria “Lifetime Achievement”.
Na primeira semana de Maio, Conchita Wurst, da Áustria, ganhou a 59ª edição do Festival da Eurovisão, que decorreu em Copenhaga, tendo no final dedicado a sua vitória a “todos os que acreditam num futuro de paz e liberdade”. A vitória de Conchita, um travesti barbado, acabou por ser um dos acontecimentos musicais mais ados e emblemáticos do ano, pois escandalizou as mentalidades mais velhas do velho continente, levando mesmo alguns políticos e governantes a denegrir o feito e a atacar directamente Conchita e a organização do próprio Eurofestival.
Antes de terminarmos, uma referência àqueles que partiram em 2014, deixando o mundo e as nossas vidas mais pobres. De facto, 2014 foi um ano de grandes perdas na música, no cinema e na cultura em geral: Phil Everly, Pete Seeger, Paco de Lucía, Philip Seymour Hoffman, Bob Casale (Devo), Frank Reed (Chi-Lites), Shirley Temple, Jean Vallée, Scott Asheton (Stooges), Frankie Knuckles, Pedro Cunha, Jacques Le Goff, José Wilker, Gabriel García Márquez, Bob Hoskins, Lucas Coppini, Bobby Womack, Robin Williams, Lauren Bacall, Glenn Cornick (Jethro Tull), Péret, Rodrigo Menezes, Alvin Stardust, John Holt, Acker Bilk, Manitas de Plata, Jimmy Ruffin, Big Bank Hank (Sugarhill Gang), Udo Jürgens, António Montez e Joe Cocker, para citar apenas alguns.
Resta agora esperar que 2015 venha a ser o ano de viragem, em Portugal, na Europa e no mundo, que tantos aguardam e que essa tão desejada viragem conduza a novas formas de expressão, transgressão e contestação sem as quais estaremos todos condenados, mais tarde ou mais cedo, a ouvir e a ver apenas réplicas de réplicas de coisas que já foram ditas e feitas. Venha a mudança.
TOP 75 MELHORES DISCOS DE 2014 (1 A 25)
1- This Is All Yours – Alt J.
2- St. Vincent – St. Vincent
3- Too Bright – Perfume Genius
4- Morning Phase – Beck
5- Lost in the Dream – The War on Drugs
6- Everybody Down – Kate Tempest
7- Benji – Sun Kill Moon
8- Cavalo – Rodrigo Amarante
9- I Never Learn – Lykke Li
10- Soused – Scott Walker & Sun O))
11- Ruins – Grouper
12- Syro – Aphex Twin
13- American Interior – Gruff Rhys
14- Our Love – Caribou
15- Salad Days – Mac DeMarco
16- Burn Your Fire for No Witness – Angel Olsen
17- Singles –Future Islands
18- Present Tense – Wild Beasts
19- Xen – Arca
20- Divide and Exit – Sleaford Mods
21- To Be Kind – Swans
22- Commune – Goat
23- Warpaint – Warpaint
24- Everyday Robots – Damon Albarn
25- I LP- FKA Twigs
<<< TOP 75 Melhores Discos de 2014 (26 a 75)
João Peste Guerreiro