Comboio Noturno Para Lisboa, em análise

 

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  • Título Original: Night Train To Lisbon
  • Realizador:  Bille August
  • Elenco: Jeremy Irons, Mélanie Laurent, Jack Huston
  • ZON | 2013 | Mistério/Romance/Thriller | 111 min

Classificação:

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A deliciosa subtileza com que “Comboio Noturno Para Lisboa” caracteriza o ambiente português, com toda a sua beleza e melancolia, é de louvar. Bille August faz um excelente trabalho na realização, criando momentos de pura magia entre as diversas personagens.

Raimund Gregorius (Jeremy Irons) é um professor suíço, de Berna, com uma vida solitária. Os livros são o seu único refúgio e o seu trabalho a única constante. Contudo, tudo muda no momento em que salva uma jovem (Sarah Bühlmann) do suícidio, impedindo-a de saltar de uma ponte. Ela acompanha-o até à escola, mas decide sair no início da aula, deixando para trás o seu casaco vermelho. Num dos bolsos, Raimund encontra um misterioso livro de título “O Ourives das Palavras”, escrito por Amadeu de Prado. Escondido nas páginas do livro, encontra-se um bilhete para Lisboa. Uma força inexplicável faz com que Raimund entre no comboio, com o objectivo de saber mais sobre o autor. No final, a busca leva-o a encontrar-se a si mesmo e a questionar a forma como tem vivido até ao momento.

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Antes de mais, a cinematografia é fabulosa. A grandiosidade das paisagens de Lisboa é capturada impecavelmente e a audiência encontra-se completamente imersa num ambiente tipicamente português excelentemente caracterizado, desde a estação e praça do Rossio à travessia do Tejo de barco.

O argumento é algo único. É como se tivesse uma história dentro de outra história, ambas de igual relevância e beleza. É tão importante o destino de Raimund como o de Amadeu e ambos são personagens curiosas e diferentes do normal. A maneira como a Resistência é apresentada mostra o quanto existe respeito pela nossa História enquanto país, e traz de volta conflitos que os portugueses já esqueceram ou não chegaram a viver. É difícil de acreditar que algumas das torturas que aparecem no filme aconteceram, de facto, em Portugal. Parece algo distante, esquecido, e isso é algo realçado em “Comboio Noturno Para Lisboa”. Parece que não nos queremos recordar. No entanto, por vezes é necessário regressar a um local do nosso passado para recuperar uma parte nossa que lá permaneceu, mesmo que este local seja temporal e o passado seja colectivo.

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Todo o trabalho de representação está muito bem executado, tanto pela parte de Jeremy Irons como por todos os outros actores, apesar deste ser a verdadeira estrela do elenco, e por excelentes motivos. A verdade é que Jeremy Irons encarna Raimund na mais absoluta perfeição, transparecendo as suaves nuances das suas pequenas inseguranças em relação à forma como viveu até ao momento, que não transparecem no imediato. Raimund vai sendo moldado desde o primeiro segundo do filme até ao último, em que tem que tomar uma decisão definitiva em relação a quem é e quem quer ser.

O único ponto negativo, que pode ser algo irritante para quem é patriota, é que quase todo o diálogo se passa em inglês, mesmo quando algumas das cenas são, supostamente, entre portugueses. Contudo, a maioria do elenco é estrangeiro, logo não poderia ser de outro modo, e este não deve ser um motivo para não ver aquele que é, definitivamente, um filme absolutamente mágico e poético.

SL

2 thoughts on “Comboio Noturno Para Lisboa, em análise

  • Olá Maria, interessante como em menos de 5 minutos vemos que, primeiro, esse trabalho foi publicado POSTERIORMENTE à nossa crítica e, segundo, o autor do trabalho cita, e bem, a sua fonte, no caso, a MHD – tanto no parágrafo que a Maria menciona como na página 12 (bibliografia). Aconselhamos uma leitura mais atenta do trabalho que tenta defender ao ponto de acusar os outros de crime. https://www.unicv.edu.cv/images/ail/62Blockeel.pdf

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