Jovem Adulta – DVD em Análise

 

Título original:Young AdultRealizador: Jason Reitman

Atores: Charlize Theron, Patton Oswalt, Patrick Wilson

ZON | 2012 | Dolby Digital 5.1

1.78:1 | 94 min

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De alguma forma, e devido à anterior colaboração de Jason Reitman e Diablo Cody, era natural que esperássemos de Jovem Adulta uma sequela de Juno. O que, perdoem-nos a expressão, não podia ser mais bacoco. Jovem Adulta é um anti-Juno, ou, se quisermos ir mais longe, o anticristo das comédias românticas.É refrescante sermos brindados, na era bombástica dos efeitos especiais e do 3D, dos vampiros vegetarianos e das comédias estilo sitcom, com um título inesperado que se alicerça numa situação desafiante e um diálogo maravilhoso.Num filme mais convencional (e invariavelmente menor), o percurso de Mavis – a nossa protagonista – traduzir-se-ia no famoso arco de caráter redentor da personagem. À boa maneira pavloviana, fomos condicionados a esperar que os heróis aprendam com os seus erros e cresçam a partir de uma lição moral enriquecedora. Nem Reitman, nem Cody, nem Theron estão interessados em conceder-nos esse facilitismo. Porque a verdade, na vida real, é que nem sempre as pessoas mudam.

Cody já se tornou sua especialista em criar protagonistas femininas que, apesar de neuróticas e guiadas por um sentido de autodestruição muito próprio, são incrivelmente inteligentes. Aqui é a sua gestão das expectativas da audiência que é igualmente sublime.

A realização de Reitman surge complementarmente sem artifícios estilísticos desnecessários e tão direta como a sua protagonista. Com Obrigado por Fumar, o realizador canadiano já nos tinha mostrado que conseguia tecer comentários espinhosos sobre a natureza humana; aqui, Reitman volta ao local do crime.

A performance de Charlize Theron é assustadoramente boa no seu retrato casualmente cruel, expondo a natureza cínica e destroçada dentro de uma sociopata. Fica a certeza de que, apoiada por uma realização sólida e um bom argumento, Theron é uma das melhores (e mais versáteis) atrizes a trabalhar em Hollywood.

Em Patton Oswalt, Theron encontra o cúmplice anacronicamente perfeito: Matt é tudo o que Mavis não é. O comediante é surpreendentemente eficaz no papel de um geek gorducho e solitário que se resignou aos traumas do passado. A realização de que ele e Mavis têm muito em comum é, simultaneamente, um grito de Ipiranga para os gordinhos e uma demonstração de honestidade, muito ao estilo da mensagem difundida por O Clube (1985).

Jovem Adulta foi transferido para DVD com um aspect ratio de 1.85:1, numa versão aprimorada para televisões em 16:9. O filme tem dois temas de cores predominantes: de dia, cinzentos e azuis, à noite, muitos negros pontuados por pormenores de luz. De uma forma geral, a imagem é clara e definida mostrando pouco grão.

A faixa sonora não é propriamente um daqueles exemplos que exiba as maiores qualidades do Dolby Digital 5.1, mas expõe com clareza os sons ambiente misturados com a banda sonora retro.

No que respeita aos extras a edição portuguesa traz-nos um comentário áudio pelo realizador Jason Reitmane assistentes que se foca sobretudo em discussões sobre locais de filmagem, apontamentos sobre a equipa, os temas do filme a intenção por detrás de cada cena. Em A desconstruir uma cena Diablo Cody discute a personagem principal e permite-nos o olhar sobre a construção de uma cena; por fim, temos disponível uma série de cenas cortadas.

Os seus maiores críticos poderão argumentar que Jovem Adulta é um exercício moralmente perigoso, ao qual faltam virtudes cruciais como o sentido de catarse e redenção. Mas partir dessas assunções para o criticar é, curiosamente, ignorar a mira de Reitman e Cody: criar algo muito mais cru, e por hipótese, humano. E só por isso, já merece lugar cativo na nossa prateleira.

 

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