LEFFEST’15 | Peace to Us in Our Dreams, Mini-Crítica

 

Peace to Us in Our Dreams é uma experiência tão fascinante quão inescrutável, provando-se difícil de apreciar para quem não seja um devoto fã da obra de Sharunas Bartas, seu realizador, argumentista e intérprete.

 

peace to us in our dreams leffest Título Original: Peace to Us in Our Dreams
Realizador: Sharunas Bartas
Elenco: Ina Marija Bartaité, Sharuna Bartas, Edvinas Goldstein
Género: Drama
2015 | 107 min[starreviewmulti id=18 tpl=20 style=’oxygen_gif’ average_stars=’oxygen_gif’]

 

 

Tentar descrever um enredo, ou simples premissa narrativa, ao falar de Peace To us in Our Dreams revela-se como algo difícil e bastante fútil quando confrontados com a realidade do mais recente filme de Sharunas Bartas. Usando figuras distintas e vagas como um pai, sua filha e uma violinista deprimida, o autor tece um seguimento de opacos momentos, onde o silêncio reina a não ser quando os seus intérpretes iniciam longas cenas de diálogo filmadas em claustrofóbicos grandes planos.

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Nesses diálogos, Bartas, ocasionalmente, fala quase diretamente para a sua audiência, como que a desafiando. Num momento, a violinista tenta explicar a beleza e complexidade da obra de Beethoven a uma mulher do campo, acabando com esta a furiosamente gritar que acha essas complexidades aborrecidas e difíceis de entender, preferindo simples canções lituanas. Noutra ocasião, o pai, interpretado pelo próprio Bartas, chega mesmo a falar sobre os perigos da clareza e a importância da constante dúvida, explorando tanto a sua filosofia sobre a sua existência humana como a própria experiência de ver Peace To Us in Our Dreams, um filme que faz o cinema de Béla Tarr parecer explosivamente energético e comercial em comparação.

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Para quem não se deixar convencer pelas ideias verbalizadas por Bartas e seu elenco, o autor preenche o seu filme com delicados visuais, encontrando momentos de beleza pitoresca nas suas paisagens campestres e nas faces humanas que tanto prendem a atenção do seu olhar. Há que reconhecer, no entanto, que mesmo a formalidade da sua construção cinematográfica em Peace to Us in Our Dreams começa a ganhar uma entediante monotonia, à medida que o filme avança, com as imagens a perderem a sua hipnotizante beleza e seu efémero significado quando repetidas ad nauseam pelo seu autor.

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Para saberes mais sobre as várias secções desta edição do Lisbon & Estoril Film Festival, consulta o LEFFEST’15 | Programa completo.

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O PIOR – A falta de versatilidade ou complexidade nas imagens que Bartas conjura tem por consequência uma frustrante monotonia, assim como um desesperante convencionalismo que trai as mais desafiadoras experimentações estruturais do autor lituano.

O MELHOR – O modo como Sharunas Bartas impetuosamente recusa quaisquer noções clássicas de drama ou simples estrutura narrativa, ao mesmo tempo que inclui uma componente imensamente pessoal e íntima no seu filme.

 

CA

 

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