O Jogo da Imitação, em análise
“O Jogo da Imitação” é um dos grandes candidatos aos Óscares de 2015, e a sua nomeação é completamente merecida, sendo este um excelente e comovente filme biográfico sobre um génio responsável pelo salvamento de muitas vidas.
Alan Turing (Benedict Cumberbatch) é um matemático genial, contratado para um projecto secreto durante a Segunda Guerra Mundial cujo objectivo é decifrar a Enigma, uma máquina alemã de encriptação de mensagens que servia como um obstáculo intransponível à vitória dos Aliados. Turing junta-se assim a uma equipa de outros peritos, mas a sua estranheza e peculiaridade impedem que se torne popular, ou sequer respeitado. Apenas quando contrata Joan Clarke (Keira Knightley) para o ajudar na impossível missão de decifrar a Enigma é que consegue cativar os seus colegas, auxiliado pela percepção de Joan sobre o comportamento humano. Só com o consequente esforço de equipa que se seguiu é que foi possível o sucesso da missão.
Aquilo que é especial neste filme é que não é a típica história sobre a Segunda Guerra Mundial. Pelo contrário, toda a acção de campo é praticamente ignorada, e o maior foco encontra-se no trabalho de bastidores que permitiu que a vitória dos Aliados fosse possível. São ilustradas todas as decisões difíceis e todo o trabalho árduo que raramente é mencionado, quanto mais glorificado.
Para além disto, o enredo toca em pontos essenciais acerca da incompreensão humana em relação à diferença, sendo esta vista como uma fraqueza, e não como uma eventual fonte de inovação e genialidade. Tudo o que de positivo possa surgir de alguém considerado invulgar é visto como insuficiente, por muito brilhante que possa ser, algo que aconteceu exatamente a Alan Turing. Outro aspecto muito positivo é a forma como a homossexualidade de Turing está presente e é importante, mas não se sobrepõe ao resto da sua identidade, não sendo de todo o foco da história, de maneira a não retirar a principal relevância aos seus feitos intelectuais.
A representação é fabulosa, especialmente da parte de Benedict Cumberbatch, sendo este capaz de comover com a sua subtileza na interpretação de Alan Turing. Todos os outros atores também representam de forma cativante, fazendo com que o enredo seja ainda mais envolvente.
Alan Turing permitiu, com a sua mente, que muitas vidas fossem poupadas, diminuindo a duração da guerra em dois anos. No entanto, ao contrário do que seria esperado, chegou ao final da sua vida de forma humilhante e indigna. “O Jogo da Imitação” é o reconhecimento que merecia ter recebido há dezenas de anos atrás.
SL
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