Profissionais da Crise, em análise

 

Tal como na política a bela Sandra Bullock conhece como ninguém os altos e baixos de uma carreira no cinema. A atriz regressa agora em alta, como protagonista da comédia política, ‘Profissionais da Crise’, que diz muitas coisas sérias sobre o lobbying político, para dar réplica a Billy Bob Thornton e promover um candidato à presidência, interpretado pelo Joaquim de Almeida. Não podia ser mais oportuna a estreia de um filme, sobre o marketing político, num período de pós-eleitoral agitado e à beira de umas presidenciais.

FICHA TÉCNICA

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Título Original: Our Brand Is Crisis
Realizador: David Gordon Green
Elenco:  Sandra Bullock, Billy Bob Thornton, Joaquim de Almeida
Género: Comédia, 
NOS | 2015 | 107 min[starreviewmulti id=18 tpl=20 style=’oxygen_gif’ average_stars=’oxygen_gif’] 

 

Conta-se nos bastidores que Sandra Bullock, a rainha das comédias românticas dos anos 90, roubou este papel de Jane ‘Calamity’ Bodine, que assentava que nem uma luva a George Clooney, protagonista e realizador de alguns filmes sobre os ‘lobistas’ e os bastidores da política e jornalismo. No entanto, Bullock e Clooney aparecem juntos como produtores executivos ao lado de Grant Heslov (sócio de Clooney, argumentista e produtor de filmes como Os Homens Que Encarnavam Cabras, Os Ideias de Março, Boa Noite e Boa Sorte, Argo), nesta comédia política que tem tanto de humor, como de inquietação, para todos aqueles que vivem com interesse a cidadania e a política do lado de fora dos bastidores: os eleitores. 

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‘Profissionais da Crise’ é na baseado num documentário homónimo da realizadora Rachel Boynton, escrito por Peter Straughan e pelo reputado ‘realizador indie’, David Gordon Green (neste momento tem em cartaz também ‘Manglehorn’) e baseado na histórica verídica de uma consultora de comunicação e de umas eleições presidenciais na Bolívia. O filme é antes de tudo um exímio retrato dos bastidores da política, contando a história algo ficcionada da consultora ‘Calamity’ Jane Bodine (Sandra Bullock), uma especialista em gestão de crises, que a dada altura se virou para o mundo das campanhas eleitorais.

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Apesar de estar afastada por desgaste físico e psicológico, Bodine decide trabalhar para um candidato a presidência Pedro Castillo (Joaquim de Almeida), muito em baixo nas sondagens, fora dos EUA num país sul-americano. Isto pelo simples motivo de querer ganhar (ou desforra-se) do seu antigo rival, Pat Candy, (Billy Bob Thornton), que a levou indirectamente ao seu afastamento. Para conseguir os seus objectivos, Jane vai trabalhar para manipular todos as opiniões e intenções de voto, tornando Castillo o homem certo para a população e possível vencedor das eleições, mesmo sabendo que este, como a maioria dos políticos irá trair as promessas eleitorais, logo que assumir o cargo de presidente.

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O filme é uma verdadeiro quebra-cabeças, do qual já sabemos o resultado final. No entanto é muito excitante e interessante mesmo sabendo que nem sempre tudo se encaixa na realidade, roçando por vezes o absurdo. Dir-se-ia que tudo é aparentemente de propósito, par jogar numa espécie de filme anti-climax ou anti-documental sobre uma experiência de lobismo político, em acção no Terceiro Mundo: a química zero entre os antagonistas, Bullock e Billy Bob Thornton;  Pat Candy (Thornton) actua mais com acções de ‘esperteza saloia’, do que propriamente com planeamento controlado de carácter cientifico e já testado em outras campanhas; aliás como um pouco o ponto de vista do filme que é o da protagonista; as loucas cenas de Bullock com os jovens latinos, não são certamente as melhores para conhecer a realidade social de um país e agir em conforme; a maioria das personagens fora dos bastidores da campanha são moles, não possuem identidade suficiente para decidir e são facilmente manipuláveis; o foco da campanha política que é o centro da história, funciona na realidade como um retrato sociológico de uma ‘república das bananas’, onde tudo é possível, o povo é ignorante (e não é quem mais ordena!), não se olha a meios para atingir fins, pois o populismo parece sobrepor-se facilmente acima de qualquer ideal político.

 Profissionais da Crise

Se por vezes ‘Profissionais da Crise’, tem sequências de verdadeiramente hilariantes, leva-nos igualmente a pensar quem em maior escala, e no Primeiro Mundo, as estratégias de manipulação funcionam e são muito mais sofisticadas nas campanhas eleitorais: ‘se os votos valessem alguma coisa os políticos já tinha acabado com eles’. Além de Bullock, Thornton, e Joaquim de Almeida, brilham também as interpretações secundárias de Anthiony Mackie, Ann Dowd, Zoe Kazan, entre outros na equipa da campanha, num filme alucinante de diálogos e planos rápidos que por vezes até escapam ao mais atentos espectadores.

Consulta Também: Guia das Estreias de Cinema | Novembro 2015

JVM

One thought on “Profissionais da Crise, em análise

  • Os Profissionais da Crise: 5*

    “Os Profissionais da Crise” é excelente e recomendo que vejam, tem uma história fantástica e um elenco talentoso.
    “Our Brand Is Crisis” é inspirado em factos verídicos e mesmo sendo ficção tem traços bastante realistas e isso foi perfeito, adorei.

    Cumprimentos, Frederico D.

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