Spy, em análise

 

Spy

 FICHA TÉCNICA

  • Título Original: Spy
  • Realizador: Paul Feig
  • Elenco: Melissa McCarthy, Rose Byrne, Jude Law, Miranda Hart, Jason Statham, Morena Baccarin
  • Género: Comédia, Ação
  • Big Picture Films| 2015 | 120 min

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Uma mulher com excesso de peso torna-se numa espiã improvável para a CIA.

O desafio aqui passava por prever o número de clichés por minuto que “Spy” conseguiria exibir à volta de uma premissa que adivinhava piadas sobre gordas em doses industriais. Piadas que o transformariam em mais um plágio de um incomensurável lote de plágios que quase têm destruído o género de comédia em Hollywood.

Mas o argumentista e realizador Paul Feig, juntamente com a sua musa Melissa McCarthy, não estão aqui para copiar – a realidade é que carregam para um futuro próximo o fardo de serem inevitavelmente copiados. Depois do sucesso “A Melhor Despedida de Solteira” e da não tão bem sucedida comédia buddy cop Armadas e Perigosas“, Feig retoma as decisões acertadas do seu primeiro filme – mais no argumento do que na realização – e continua a pavimentar o seu caminho do sucesso em Hollywood.

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Em “Spy”, Susan Cooper (Melissa McCarthy) é uma simples, sedentária analista da CIA, e a heroína não
reconhecida por trás das missões mais perigosas da Agência. Quando a identidade do seu parceiro (Jude Law) e de outro agente (Jason Statham) é comprometida, Cooper voluntaria-se para, disfarçada, infiltrar-se no mundo dos traficantes de armas  mortais e concluir a missão falhada, encontrando a bomba nuclear que está à venda no mercado negro, e evitando um desastre global.

Com referências permanentes a clássicos de espionagem – onde não ficam esquecidos Austin Powers ou o genérico de abertura de James Bond – mas também com humor gráfico bastante inusitado e diálogos que se revitalizam a cada ato, Feig constrói uma comédia que, embora sofra de um desenvolvimento lento, consegue preencher os cerca de 120 minutos sem que o interesse do espectador vá decaindo.

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O argumento, apesar de ser mais previsível do que não linear, leva-nos num delicioso tour pela Europa onde há sempre algo de importante a acontecer em cada destino. É também nas suas reviravoltas – e na forma como estas alteram a postura e comportamento da protagonista – que “Spy” se consegue destacar das demais comédias de espionagem.

Os diálogos rápidos e inteligentes, quando aliados a cenas de ação que se desenrolam em timmings bem definidos, constituem momentos de humor únicos. Porventura, o maior trunfo de Feig é esta sua perfeita noção de ritmo e gestão de tempos que acabam por desencadear as melhores piadas nos momentos mais adequados.

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Porém, o trabalho de Feig não seria certamente tão vistoso se a sua protagonista não fosse a carismática e talentosa Melissa McCarthy, que aqui tem o melhor papel da sua carreira. Num balanço entre o bad ass e o hilariante, McCarthy sabe usar como ninguém a linguagem corporal em benefício dos seus diálogos irónicos e ácidos. Ao seu lado, tem uma Rose Byrne em postura de dondoca que tira qualquer um do sério (já em “Má Vizinhança” Byrne tinha mostrado talento para as comédias), um Jude Law em modo galã (o seu modo natural) e um Jason Statham como nunca o vimos.

Aliás, é genial a ideia de Paul Feig em fazer auto menção aos seus dois protagonistas masculinos, que aqui parodiam o estereótipo de personagens que marcaram as suas carreiras. O caso de Statham é prodigioso, e algumas das maiores gargalhadas surgem das suas linhas de diálogo.

Feig acaba por não inovar na realização, mas este seu híbrido entre paródia e comédia slapstick, apesar dos seus percalços, acaba por se tornar num dos melhores filmes do ano dentro do seu género.

DR

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