Top MHD: As 20 Melhores Personagens de Séries 2013 | Parte II

Estamos de volta! Está na altura de conhecerem as personagens que compõem a 2ª parte do nosso Top MHD dedicado ao mundo das séries. Não nos queremos alongar, mas temos de referir que esta segunda parte é muito pouco ortodoxa, contemplando, em termos muito generalistas, ou personagens da comédia, ou outras ligadas mais aos dramas épicos. Vamos ver quem elas são…

 

 

15º – Barney Stinson (Neil Patrick Harris)

How I Met Your Mother| 2005| CBS (EUA)| FOX (Portugal)

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A iniciar a Parte II deste Top MHD encontra-se, na 15ª posição, Barney Stinson – o homem que consegue usar e movimentar-se num terno, com a mesma elasticidade e energia de um rapper que não larga o seu fato de treino.

Neil Patrick Harris criou uma verdadeira persona com Barney Stinson e existe aqui uma enorme semelhança com o trabalho de Eric Stonestreet, enquanto Cam em Modern Family; enquanto este último conquistou ovações por representar na perfeição o estereótipo do homossexual, embora não o sendo na vida real, Neil Patrick Harris tornou Barney numa das personagens mais famosas da mais recente pop culture, exactamente por fazer o inverso: sendo um homossexual assumido, o actor dá vida a um dos maiores e mais convencidos womanizers de que há memória e exemplo.  E aquela sua arrogância é um elemento fundamental no seu carácter, já que não só proporciona os momentos mais cómicos da série (maioritariamente às custas do Ted ou do Marshall), como também é um subterfúgio para a dificuldade em estabelecer intimidade e compromisso com alguém (tanto em amizade como relações amorosas), algo que o mesmo vê como fragilidades que só “pessoas comuns e vulgares” têm.

Apesar de continuamente gozar com o grupo de amigos que, teoricamente, em nada se lhe assemelham, muitas vezes parece ser essa a atitude que mostra o quanto gosta e se preocupa com eles; ele é o elemento aventureiro mas down to earth que sarcasticamente lhes dá opções no mundo real, quando eles só conseguem ter a cabeça nas nuvens, embrenhados em sonhos que sabem que nunca se realizarão. Talvez seja por isso que o delirante Barney nunca se arrepende ou desculpabiliza por aquilo que disse ou fez – lá no fundo, ele sabe que os seus amigos precisam do seu tough love para manterem a sua vida em ordem. E admitamos, mesmo com a queda qualitativa progressiva da série, Barney Stinson, com todos os seus “desafios aceites”, continua a ser um argumento suficientemente forte e legítimo para quem acompanha a série. E porque não? Todos gostamos de nos sentir “acompanhados” por criaturas que, de tão imprevisíveis, abalam qualquer noção de rotina e quotidiano, relembrando-nos a excitação que é ter sempre uma nova história do arco-da-velha para contar.

 

14º – Cersei Lannister (Lena Headey)

Game of Thrones| 2011| HBO (EUA)| SyFy (Portugal)

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Não há nada como uma arrojada mulher de armas e convicções, num mundo alicerçado na cafrice e predação dos homens, para nos enredar, ainda mais, na teia complexa tecida por Game of Thrones com o sangue da guerra, o suor da política e as lágrimas da justiça. E se existe uma mulher em Game of Thrones que amaldiçoa constantemente o dia em que veio ao mundo como tal, então essa mulher é Cersei Lannister. Obstinada, ambiciosa e egotista, Cersei faz de tudo para incrementar a sua margem de influência em King’s Landing, estando disposta a ir às últimas consequências em prol da protecção do nome Lannister e, mais que tudo, do que é de real direito da sua prole.

Contudo, tem o grande problema de se iludir a si mesma, pensando que é portadora de uma inteligência e capacidade manipulatória ao nível dos grande estrategas que polvilham os Sete Reinos. A sua impaciência, o facto de não ter uma visão de longo prazo, a incapacidade de reter os seus verdadeiros pensamentos e metamorfosear as suas emoções consoante a situação e as personagens que tem de enfrentar, são tudo provas elucidativas de que, apesar da sua coragem e persistência, ela não tem o que é preciso para governar Westeros dos bastidores.

Se o que foi dito anteriormente não for suficiente, então avaliem a relação dela com Joffrey; a sua inabilidade para o aconselhar e influenciar leva a que tenha construído uma irredutível fantasia à volta do rei que o seu filho poderia um dia ser, o rei que ela queria que fosse, mas que todos sabemos que nunca será. Pois é no assunto familiar, e não no da política, que mais há que destacar o valor da personagem de Lena Headey. Não só a forma como se ligou emocionalmente aos seus filhos é a fonte de toda a sua força enquanto Rainha,  como são uma forma de tentar contrariar a sua própria infância e crescimento, marcados pelo desprezo de um pai que nunca quis prepará-la nas artes da governação, o amor incestuoso por um irmão que era e tinha tudo o que ela queria ter e ser, e o ódio inveterado pelo outro irmão, motivado por ter sido o parto deste que levou à morte da mãe.

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É, portanto, uma personagem conturbada por nunca conseguir contrariar acontecimentos que só lhe trariam infelicidade, nem suplantar as vicissitudes da sua condição de mulher por ter nascido como uma Lannister. Esta última questão foi bastante visível nesta última temporada, devido à rivalidade que Cersei começa a sentir, relativamente a Margaery Tyrell, futura rainha de Joffrey e pertencente a uma Casa nobre acostumada a salvaguardar um papel preponderante das mulheres na vida social e política. Esta última, ao invés da primeira, tem uma facilidade tremenda em fazer-se ser adorada pelos súbditos e lordes de King’s Landing, para além de ser mais jovem e considerada igualmente bela, constituíndo assim um perigo razoável para a condição de Cersei na casa real. E, relativamente à mãe do rei mais sociopata do mundo das séries, o grande interesse (pelo menos inicial) da 4ª temporada irá debruçar-se na forma como evoluirá este confronto entre mulheres de convicções: será que a ameaça de Margaery deixará a nu todas as fraquezas de Cersei, ou será que temerária rainha conseguirá transformar a situação numa oportunidade para mostrar toda a força de um jogo de cintura com mais propósitos do que criar uma linhagem de reis?

 

13º – Cesare Borgia (François Arnaud)

The Borgias| 2011| Showtime (EUA)| AXN (Portugal)

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Antes de mais, sublinhemos que é com pesar que aqui surge uma personagem (e uma série) à qual mais ninguém se referirá futuramente, aquando de conversas sobre as séries que se anda a ver. E falamos de um pesar que roça o luto, pois dramas de época de qualidade no formato televisivo não é algo que encontremos a despontar a torto e a direito, como se bastasse oração e volúpia para que isso acontecesse.

E se, inicialmente, grande parte da atracção de The Borgias se devia ao facto de Jeremy Irons interpretar um dos papas mais corruptos, vingativos e maquiavélicos (sim, foi propositado) da história da cristandade e da memória (curta) do catolicismo, então não tenhamos dúvidas que a partir do final da 2ª temporada foi Cesare a tomar as rédeas da série, qual autêntico Príncipe Perfeito da união entre Estado e Igreja. Temperando o seu espírito de guerreiro implacável com a astúcia de um estratega político e a compaixão fundamental que existe num líder inato, o primogénito de Rodrigo Borgia (um dos lapsos históricos da série, diga-se) começou a mostrar na 3ª e última temporada, a razão pela qual foi uma inspiração terrena para o divinal contributo literário e político deixado por Nicolau Maquiavel, nesse tratado da reflexão humana chamado “O Príncipe”.

Depois  do engodo fraudulento com os canhões falsos, que demoveram o rei francês de destruir e invadir a Roma dos Borgias, e de ter derrotado, na sua última missão de cardinalato, a alegada santidade de Savonarola no seu próprio território florentino, nesta última temporada, Cesare enceta uma cruzada vindicativa contra aqueles que envenenaram e afrontaram, não Deus, não a Igreja, não o Papa, mas unicamente o seu pai. E é das cinzas dessa tragédia e da morte “súbita” de Juan, que começa todo o seu intrincado plano para conseguir destruir a mais acérrima inimiga dos Borgias, aquela com quem partilha uma química tão imperscrutável quanto um ódio tão abstruso: Caterina Sforza. Formando alianças com potências estrangeiras, persuadindo os bastardos das grandes famílias da Renascença e negociando a concessão de reinos e coroas, a personagem interpretada por François Arnaud cresce politicamente e complexifica-se amorosamente, com a sua relação ímpia com Lucrécia a desenvolver-se de uma forma reprovável, mas aprovada por grande parte da audiência. Só podemos mostrar-nos desiludidos com a Showtime, por não ter permitido a Neil Jordan continuar a conduzir a grande demanda que aguardava Cesare Borgia, na tentativa de sedimentar o poder da sua família nos Estados Papais e alargar a sua influência, até à construção de um Estado que só existiu nos sonhos de quem não teve medo de viver em conflito com os seus pesadelos.

 

12º – Sheldon Cooper (Jim Parsons)

The Big Bang Theory| 2007| CBS (EUA)| AXN White (Portugal)

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É provavelmente a personagem mais imprevisível e conceptualmente única das séries de comédia, desde o lunático Kramer de Seinfeld. É em Sheldon Cooper que assenta grande parte do sucesso crítico e comercial da série que nos traz as aventuras e desventuras de 4 amigos, cientistas académicos, cujo ecossistema se viu obrigado a entrar em mutação devido ao aparecimento da bela, sensual e intelectualmente limitada Penny. Com um raciocínio e argumentação capazes de atordoar o jornalista mais informado, o advogado mais eloquente ou o político mais manhoso, a verdade é que, ao longo de 7 temporadas, é-nos impossível ficar enfastiados com a verborreia de Sheldon. A forma como junta, nas suas falas, leis científicas e referências de filmes/séries da cultura popular, tornam-no numa personagem que não é só o “herói” para o estereótipo social dos “nerds da ciência e geeks das BD’s”, como também um motivo de ligação da maior parte dos espectadores aos interessantes, mas intrincados e complexos, da Física.

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Com a sua personalidade a dar primazia à lógica e ao conhecimento concreto, inferiorizando o valor  das competências sociais e dessa abstracção humana deplorável que são as emoções, não estamos longe da realidade ao afirmar que, sendo um génio, Sheldon está a um acidente de laboratório de se tornar o supervilão mais psicopata que o mundo poderia ter. Mas a sua candura, os traços da sua eterna infantilidade, a sua incapacidade de detectar ou utilizar o sarcasmo (uma das piadas recorrentes da série) são algumas das características que levam a que Sheldon Cooper facilmente extrair-nos inusitadas gargalhadas e espontâneos ataques de riso, até nos nossos dias mais longos, difíceis, tristes, dolorosos e macabros.

Todavia, temos de assumir um punhado de coisas: provavelmente, nenhum de nós gostaria de ter um amigo como Sheldon Cooper, já que, sendo este um conceito com implicações de difícil assimilação para ele, a relação, a priori, processar-se-ia num só sentido; perguntem a vocês mesmos se conseguiam lidar com ele diariamente sem o esmurrar e/ou insultar cabalmente de vez em quando (kudos pela paciência, Leonard, Raj & Wolowitz)… Pois é, no final, são questões como estas que ainda nos alegram mais o espírito, pela realidade de The Big Bang Theory nos ser totalmente alheia. E é naquilo que é irrisório, surreal e alheio que muitas vezes se encontra a melhor fonte para se fazer comédia intemporal. Para finalizar, correndo o risco de cometer uma heresia causadora de urticária para o Doctor Cooper, “graças a deus” que os nossos tempos tiveram Chuck Lorre e Bill Prady para inventar esta personagem, e Jim Parsons para dar vida ao espécime mais estranho e carismático desde Frankenstein.

 

11º – Phil Dunphy (Ty Burrell)

Modern Family| 2009| ABC (EUA)| FOX Life (Portugal)

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Quem é que não gostaria de ter um pai como Phil Dunphy? Ok, talvez não um pai… Mas um tio, ou algum parente, daquele género de familiares que aparecem regularmente lá em casa e são sempre a estrela da companhia no Natal? Daqueles que nunca são chatos; daqueles que nunca dizem trivialidades; daqueles que nunca fazem vulgaridades; daqueles que nunca pensam em banalidades; em suma, daqueles que provam que o ser humano não tem de pautar a sua vida, ao fim ao cabo, por chavões rotineiros que a tornem mais monótona que dinâmica. Pois é, se quiséssemos estabelecer um rol de alegações que atestassem a originalidade que Phil Dunphy trouxe às séries de comédia, então já estava feito e resumido. Porém, todos sabemos que é a sua incrível infantilidade e desastrada genuinidade que fazem dele uma personagem tão adorada mundialmente.

Considerando-se o cool dad, vemos Phil constantemente a mergulhar em situações que propiciem a proximidade com os seus filhos, culminando a maior parte dessas tentativas, geralmente, nas cenas mais hilariantes, agradavelmente imbecis e com mais e melhor humor físico da série. Não é à toa que a sua mulher, Claire, ainda continua a referir-se constantemente a Phil como “a criança com quem está casada”. Phil é um homem competitivo e apesar de ser extremamente fervoroso quanto ao seu trabalho, acaba sempre por ter aquele espírito raro que põe a família acima de tudo; não em termos de segurança, ou responsabilidades, ou até mesmo necessidades – ele é demasiado relaxado para isso – , mas sim em termos de diversão. Essa é a sua necessidade perante a sua família. E todos nós sabemos como muitas vezes esses momentos familiares pecam, tanto em regularidade como em espontaneidade. E, ao fim e ao cabo, a seriedade de Phil, enquanto chefe de família, mede-se pelo número de vezes em que quer “estar lá”para trazer mais felicidade ao mundo dos filhos, mesmo quando estes só querem distância dos pais (como o comum adolescente; não os podemos censurar).

Ele é persistente, incisivo, generoso, sem medo de se vergar ao ridículo e compassivo ao ponto de nos fazer simultaneamente rir e repensar os limites de conceitos como bondade e pureza. É penoso acreditar que Phil Dunphy não existe desde sempre em Ty Burrell. E é demasiado doloroso aceitar que não existem mais seres entrópicos como ele; que consigam restaurar a “fé” de uma pessoa na humanidade, pelo simples facto de saberem como colocar, assiduamente, aquele sorriso rasgado na cara, que tantas vezes negligenciamos como podendo ser aquilo de que estávamos mesmo a precisar.

 

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