1º Cine Atlântico: Mostra de Cinema Português de Hoje, Terceira, Açores | Programa Completo
A estreia absoluta de ‘Zeus’, de Paulo Filipe Monteiro, abre hoje à noite o 1º Cine Atlântico — Mostra de Cinema Português de Hoje, que vai decorrer até 27 de novembro, na mítica sala de cinema da Recreio dos Artistas, em Angra do Heroísmo, Açores.
Para além de Zeus de Paulo Filipe Monteiro, um biopic sobre a figura do escritor, político e diplomata Manuel Teixeira Gomes, vão ser exibidos cerca de oito filmes nacionais, dos melhores da actualidade e que nunca estrearam nos Açores: Yvone Kane, de Margarida Cardoso, Cavalo Dinheiro, de Pedro Costa, Montanha, de João Salaviza, O Medo à Espreita, de Marta Pessoa, O Cinema, Manoel de Oliveira e Eu, de João Botelho, Os Olhos de André, de António Borges Correia e Cartas da Guerra, de Ivo M. Ferreira, que contarão com a presença de quatro dos seus realizadores.
‘…vão ser exibidos cerca de oito filmes nacionais, dos melhores da actualidade e que nunca estrearam nos Açores…’
Esta mostra promovida pelo Cine-Clube da Ilha Terceira e programada pelo jornalista e crítico de cinema José Vieira Mendes, inclui ainda uma homenagem a Nicolau Breyner, com a exibição do filme Os Imortais, apresentado pelo seu realizador António-Pedro Vasconcelos. Os temas da repressão e da guerra colonial, parecem atravessar subtilmente esta programação do 1º Cine Atlântico — Mostra de Cinema Português de Hoje, tanto na ficção como nos documentários que vão ser apresentados na Recreio dos Artistas.
A homenagem a Nicolau Breyer é marcante pois Os Imortais é talvez o filme que mais o imortaliza como actor, o seu melhor papel no cinema, uma das melhores obras de António-Pedro Vasconcelos e de todo o cinema português sobre as consequências e marcas da guerra colonial. António-Pedro Vasconcelos, cineasta e excelente comunicador, vai estar na Ilha Terceira para apresentar o filme, e homenagear o seu amigo Nicolau Breyner.
Vê trailer de Os Imortais
UMA ABERTURA DOS DEUSES
Zeus é a primeira longa-metragem de Paulo Filipe Monteiro como realizador, pois este tem-se destacado como actor, encenador e argumentista de cinema. O filme protagonizado por Sinde Filipe, e com Ivo Canelas, Catarina Luís, Paulo Pires é uma obra sobre uma grande figura da nossa cultura e da política, que permanece algo desconhecida: Manuel Teixeira Gomes.
Vê trailer de Zeus
Um dos mais ilustres escritores do início do século XX e um dos mais inteligentes e cultos Presidentes da República Portuguesa (o sétimo, cujo mandato se estendeu apenas de 6 de outubro de 1923 a 11 de dezembro de 1925). Em 1923, um escritor de fina literatura erótica foi eleito Presidente da República – caso único no mundo. Nesse seu curto mandato Teixeira Gomes promoveu reformas, apoiou os trabalhadores, combateu a especulação financeira e o fascismo em ascensão.
No entanto, depois de vinte e seis meses difíceis de presidência, Teixeira Gomes demitiu-se, dizendo: Já terminei com isso. Qual é o primeiro barco a sair de Lisboa? Não dentro de um mês, agora! Zeus? É um navio de carga? Não importa, para onde me vão levar. Não me importo para onde vão. Deixo-vos sem um único papel, sem nada que possam lembrar-se da minha vida como escritor ou como presidente. E assim, aos 65 anos, muda totalmente a sua vida, para um voluntário auto-exílio.
‘Este homem Manuel Teixeira Gomes, muito elegante e suave, possuidor de uma enorme coleção de arte — incluindo um quadro de Rembrandt…’
Este homem muito elegante e suave, possuidor de uma enorme coleção de arte — incluindo um quadro de Rembrandt —, vai para o norte da África, encontra-se com os nómadas nos desertos da Tunísia e estabelece-se na Argélia, onde morre 15 anos mais tarde, confirmando a sua eterna admiração pelo estilo de vida e pela cultura dos árabes.
A sua vida dava, de facto, um filme. Zeus é na verdade um cântico à vida, liberdade, coragem, sensualidade, amizade e reconhecimento do Outro. Estruturado em três partes entrelaçadas, cada uma delas filmada por um diretor de fotografia diferente, Zeus dá-nos a conhecer a vida de Teixeira Gomes como presidente, vista como um sombrio pesadelo; o começo de uma nova vida de sonho, cheia de luz, com as montanhas e desertos da Argélia preenchendo o formato 2:35; e depois a recriação de uma obra-prima da ficção erótica, que escreveu aos 77 anos no seu quarto de hotel, inspirado nas cores de Matisse. Estreia a 5 de Janeiro nas salas.
1º CINE ATLÂNTICO — MOSTRA DE CINEMA PORTUGUÊS DE HOJE
24 NOV
21h30
Zeus, de Paulo Filipe Monteiro
(estreia nacional & presença do realizador)
25 NOV
18H30
Yvone Kane, de Margarida Cardoso
21H30
Os Imortais, de António-Pedro Vasconcelos
(presença do realizador)
26 NOV
14H30
Cavalo Dinheiro, de Pedro Costa
18H30
Montanha, de João Salaviza
21h30
O Medo à Espreita, de Marta Pessoa
(presença da realizadora)
27 NOV
14h30
O Cinema, Manoel de Oliveira e Eu, de João Botelho
18h30
Os Olhos de André, de António Borges Correia
(presença do realizador)
21h30
Cartas de Guerra, de Ivo M. Ferreira
JVM
Artigos relacionados:







