45 Anos, mini-crítica
O realizador britânico Andrew Haigh (‘Weekend’), regressou ao tema dos casais com Charlotte Rampling e Tom Courtney como estrelas de serviço num poderoso drama sobre as questões do amor na ‘terceira idade’.
FICHA TÉCNICA |
Título Original: 45 Years
Realizador: Andrew Haigh [starreviewmulti id=18 tpl=20 style=’oxygen_gif’ average_stars=’oxygen_gif’] |
Há em primeiro lugar uma espécie de continuidade na abordagem do tema dos casais, entre ’45 Anos’ e ‘Weekend’. O primeiro filme do britânico Andrew Haigh, abordava a história de um jovem par (homossexual), no início de uma relação amorosa e este ’45 Anos’, é uma crónica dos questionamentos de um casal de idosos sem filhos e que viveram sempre um para o outro.
‘…a história um casal de septuagenários, na semana da celebração do 45º aniversário do seu casamento.’
Em ’45 Anos’, o realizador segue com grande subtileza e sensibilidade as figuras de Kate (Charlotte Rampling) e Geoff Mercer (Tom Courtnay), um casal de septuagenários, na semana da celebração do 45º aniversário do seu casamento. Só que a sua relação começa a ser posta em causa quando recebem a notícia de que o corpo Katya, a primeira namorada de Geoff é encontrado num glaciar dos Alpes suíços, cerca de 50 anos depois do seu desaparecimento. Geoff começa a ficar obcecado lembrando-se do acidente, ao passo que Kate começa a sentir-se insegura, admitindo a possibilidade de Katya ainda estar viva depois de tantos anos de ‘congelamento’.
‘…é notável neste filme a química entre dois, desde a primeira cena à última cena…’
O filme é uma adaptação de um pequeno conto intitulado, ‘In Another Country’, de David Constantine, transposto para os dias de hoje, história essa que realça quase como uma façanha a longevidade do amor romântico. Courtnay (78 anos) e Rampling (69 anos) conheciam-se há muito mas nunca trabalharam juntos, (embora fizessem parte de vários elencos, como por exemplo ‘Comboio Noturno Para Lisboa’) por isso é notável neste filme a química entre dois, desde a primeira à ultima cena, até às relaxadas cenas de sexo, entre dois actores que apesar da sua idade são de um profissionalismo extremo.
‘Mas sobretudo é um filme brilhante pela intimidade criada, mesmo com espectador…’
’45 Anos’, é um filme magnífico inclusive pela estranha forma como faz regressar pouco a pouco os fantasmas do passado (que não se podem apagar, já que as memórias e lembranças congelam no tempo, como o corpo de Katya) ao seio do casal.
Mas sobretudo é um filme brilhante pela intimidade criada (mesmo com espectador) e depois pela rara abordagem com que trata os temas do amor e sexualidade na ‘terceira idade’. Naturalmente e sem concorrência os dois actores ganharam os respectivos Prémios de Interpretação na Berlinale 2015, onde o filme estreou em Fevereiro passado.
O melhor: a intimidade e a brilhante interpretação dos veteranos actores.
O pior: o registo é lento e pausado, mas não seria de esperar outra coisa de um filme sobre idosos.
JVM