57ª Semana da Crítica: amor e futebol nos dois filmes portugueses

Amor e futebol são os temas dos filmes portugueses selecionados para a 57ª Semana da Crítica do Festival de Cannes 2018: a curta “Amor, Avenidas Novas”, de Duarte Coimbra e a longa “Diamantino”, de Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt.

A 57ª Semana da Crítica do Festival de Cannes 2018, dedicada aos novos talentos e que este ano decorre entre os dias 9 e 17 de Maio, anunciou hoje a sua selecção oficial. Nela constam os filmes portugueses Amor, Avenidas Novas (21’), uma curta-metragem realizada por Duarte Coimbra e produzida pela Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa (ESTC), uma nostálgica e musical canção por sobre o amor; e Diamantino (92’), a primeira longa-metragem da dupla luso-norte-americana, Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt (“A History of Mutual Respect”), que é uma história louca sobre um potencial ícone do futebol.

57ª Semana da Crítica
O jovem realizador Duarte Coimbra, que dirige mais um filme colectivo dos alunos da ESTC.

O filme, “Amor, Avenidas Novas”, foi dirigida pelo jovem diplomado em cinema Duarte Coimbra, de 22 anos. É mais um filme realizado em contexto escolar por uma equipa composta por alunos da ESTC. Depois da selecção em Berlim do filme “Onde o Verão Vai (episódios da juventude)”, de David Pinheiro Vicente, em Fevereiro deste ano, e da longa-metragem “Verão Danado”, de Pedro Cabeleira, ter estado e ter tido uma menção honrosa no Festival de Locarno 2017, novamente o tema dos questionamentos da juventude e a ESTC voltam a estar presentes numa prestigiada competição como a Semana da Crítica do Festival de Cannes. Recorde-se que 57ª Semana da Crítica é uma secção paralela da competição oficial dedicada a primeiras e segundas obras de jovens cineastas, mas os filmes concorrem a um prémio. O júri é presidido este ano pelo cineasta Joachim Trier (Noruega) e integra ainda os actores Chloe Sevigny (EUA) e Nahuel Pérez Biscayart (Argentina), este o recente vencedor do César da melhor esperança masculina pelo filme francês “120 Batimentos por Minuto”, de Robin Campillo, que esteve o ano passado na Competição Oficial de Cannes 2017.

Duarte Coimbra, revela ainda na sua nota de intenções de “Amor, Avenidas Novas”, — um filme que curiosamente pisca o olho às primeiras curtas-metragens de Miguel Gomes — que “a maior intenção era fazer um filme feliz, romântico se possível, que se debruçava sobre o Amor em que eu acredito, fantasioso e imaturo. Tudo isto a partir das coisas que me deixavam mesmo miserável e triste: a minha relação com a cidade, a solidão e o vazio. Talvez seja necessário ser-se ou estar-se muito triste para encontrar a comédia e a felicidade. A preocupação que para mim é recorrente, cada vez que parto para um novo projeto, de retratar a minha realidade: o Amor, a Avenida, a Música, os Amigos, a Minha Geração. Gostava que o filme tivesse uma força tão grande quanto a maior canção pop, que tem a capacidade de mascarar e parece dar um alento quase mágico e inexplicável.” A presença em Cannnes, marca a estreia internacional de “Amor, Avenidas Novas”,— filme distribuído pela Portugal Film – Agência Internacional de Cinema Português — que vai estar primeiro na na Competição Nacional e Competição Internacional de Curtas-Metragens, do IndieLisboa 2018, que se realiza de 26 de Abril a 6 de Maio.

57ª Semana da Crítica
A dupla de realizadores de “Diamantino”, Daniel Schmidt e o português Gabriel Abrantes.

Quanto a “Diamantino”, trata-se de uma co-produção entre Portugal e a Suíça, é a primeira longa-metragem de Gabriel Abrantes e da sua dupla com Daniel Schmidt, razão pela qual está nesta selecção da Semana da Crítica, dedicada a primeiros e segundos filmes de jovens cineastas. Gabriel Abrantes tem 34 anos, mas tem uma obra bastante consistente e alargada ao nível das curtas-metragens. Este fim de semana passado recebeu Grande Prémio do Júri, por “Humores Artificiais”, no Festival Cortex de Sintra, com um júri  composto por Beatriz Batarda, Cláudia Lucas Chéu e Sérgio Tréfaut. “Diamantino” é descrito, nas suas notas de apresentação como uma “louca odisseia” de uma  estrela do futebol onde se “confrontarão neofascismo, crise dos imigrantes, tráficos genéticos delirantes e a busca desenfreada da perfeição”. Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt imaginaram um jogador de futebol famoso, disputado por vários clubes internacionais, que está indeciso em tomar um rumo. “Diamantino” é uma divertida e louca comédia sobre o estranho mundo do futebol, e sobre um jogador cabeludo, um verdadeiro craque, num país que está a precisar urgentemente de afirmação e de heróis.

COMENTÁRIOS DE CHARLES TESSON, DG DA 57ª SEMANA DA CRÍTICA

Na seleção da 57ª Semana da Crítica, constam ainda quase como habitualmente, treze curtas-metragens e onze filmes que são primeiras e segundas longas-metragens dirigidas por novos talentos do cinema mundial, com boas hipóteses de no futuro saltarem para as competições principais. Esta 57ª Semana da Crítica parece  apostar novamente na novidades e na transgressões ao cinema mais convencional e ao status quo, incluindo este ano sete primeiras obras com a visão muito pessoal de sete mulheres-realizadoras. Trata-se de uma selecção de filmes dirigidos por uma nova geração de cineastas, vindos da Europa Ocidental ou Oriental, da Ásia ou da América, que parecem não ter medo de fazer perguntas difíceis ao mundo: sobre família, o ativismo, o papel das mulheres na sociedade. Um conjunto de atores são igualmente destacados nesta selecção, com nomes familiares e outros novos talentos imergentes, participando ou realizando filmes, como Paul Dano — nem todos a concurso — profundamente impressionante e que jogam com géneros cinematográficos diferentes: das grandes visões do mundo aos trabalhos mais intimistas, dos thrillers psicológicos às comédias e dramas familiares. A 57ª Semana da Crítica vai realizar-se entre 9 e 17 de Maio próximos, no contexto do 71º Festival de Cannes. Aqui a Selecção Oficial completa 57ª Semana da Crítica, que inclui, as Competições de Curtas e Longas-Metragens, Sessões Especiais e Filmes Convidados.

JVM

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