Tennis System (foto de Anthony Tran)

Em “Turn” os Tennis System exploram a distorção das guitarras e do mundo

No mês passado chegou-nos “Shelf Life”. Agora é a vez de ouvirmos “Turn”, a segunda faixa de Lovesick, o novo álbum dos shoegazers Tennis System.

Numa jornada que os levou de uma costa a outra, os Tennis System têm vindo a conquistar o seu lugar no mundo do shoegaze. São uma das sequelas da convulsão iniciada pelos My Bloody Valentine, um nome que, juntamente com The Jesus And Mary Chain, Dinosaur Jr, Ride, entre outros, surge com uma frequência notória em qualquer artigo que nos fale desta banda.

O terceiro LP dos Tennis System será lançado a 2 de agosto pela Graveface Records. Depois de P A I N, o EP lançado o ano passado, Lovesick propõe uma forma diferente de encarar a mesma frustração, que motivou a criação do EP e do seu título. No mês passado foi a Stereogum a escolhida para a ante-estreia do primeiro single, “Shelf Life”. Agora, com “Turn”, chegou a vez da Line of The Best Fit ter a mesma honra, ficando a estreia oficial para amanhã dia 10 de julho.

O grupo residente em Los Angeles parece já ter ultrapassado o estatuto de “promessa”, com o seu inicial lo-fi psicadélico ainda parcialmente desorientado. Lovesick mostra-nos já uns Tennis System amadurecidos, capazes de assimilar as aprendizagens e as desilusões dos últimos anos. Ao mesmo tempo, sem dúvida, mais experimentais, devido talvez a uma maior consciência da sua identidade enquanto artistas e pessoas.

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Neste novo álbum, onde não faltam as distorções ou os fervorosos solos de guitarra elétrica, ainda encontramos o trio portador daquele ímpeto explosivo de shoegaze. Contudo nota-se agora um debruçar atento sobre as melodias, fazendo-as sobressair por entre o todo ruidoso, o que em “Turn” se concretiza numa voz distante que deambula num lirismo existencial. O vocalista e guitarrista Matty Taylor sabe que não necessita de complicar demasiado. Segue uma estrutura de acordes simples e um refrão direto e avassalador, permitindo que o universo sonoro que a banda criou se imponha e adense à medida que a música se desenrola. Taylor afirma que “Turn” se trata de:

reconhecer uma sensação de vazio deixada por algo que, em tempos, nos trouxe alegria já não nos traz nada senão dor. É literalmente o ponto de viragem onde se percebe que aquilo de que gostamos nos magoa mais do que nos ajuda. Esta é a primeira música que escrevemos depois de P A I N, e foi um ponto de viragem para a banda em termos de produção criativa e positivismo geral, realmente deu o pontapé inicial na direção de Lovesick.

No videoclipe de “Turn”, dirigido por Bradley Scott, acompanhamos uma figura errante, que confrontada com cenas vagamente sinistras, como um grupo de guitarristas com meias na cabeça, parece procurar uma fuga daquele “ugly world”, num possível vislumbre distópico do nosso mundo.

É neste cenário que Matty Taylor afirma que “Going through the motions of emotion, there has to be something worth dying for,” expressão onde se esconde a pergunta última com que, logo a seguir, nos confronta: “What are you living for?”. É esta interrogação que fica a ecoar em nós quando o infalível refrão surge num momento de explosão, onde, num misto de desespero mas detendo alguma ironia, Matty Taylor suplica: “Turn me inside out/ Turn me upside down”

A menos de um mês do lançamento de Lovesick, “Shelf Life” e “Turn” parecem bons presságios, ficaremos à espera para descobrir umas das obras que o shoegaze tem para oferecer este ano.

TENNIS SYSTEM, LOVESICK | “TURN”

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