Tim McMullan como o detetive Atticus Pünd |©AXN

Magpie Murders T1, primeiras impressões

“Magpie Murders” é a grande aposta do canal AXN para o mês de maio de 2022. Com estreia no dia 25 de maio, pelas 22h00, eis que a nova série de mistério à britânica tem encontro marcado todas as quartas-feiras. 

Lê Também:   Canais AXN em maio | os destaques de programação

No dia 23 de maio marcámos presença na animada antestreia de “Magpie Murders”, que decorreu na Biblioteca de Alcântara, onde tivemos a oportunidade de ver o primeiro episódio da série e também alguns vídeos em que o criador do programa e autor do livro que lhe deu origem, Anthony Horowitz (escritor do material de origem de outro conteúdo do canal, “Alex Rider”), explica como se desenvolveu o processo de tradução do livro para o pequeno ecrã, bem como o processo de casting da sua ágil e audaz protagonista. Para os mais curiosos, e para quem se apaixone por este novo conteúdo, pode encontrar todos estes vídeos-entrevista no website oficial do AXN.

“Magpie Muders”, como avançado, baseia-se no romance homónimo de Horowitz. Para além disso, o próprio autor teve um fortíssimo papel no seu processo de adaptação, sendo creditado com a escrita do argumento dos seis episódios que compõem a primeira temporada. E levantando o véu, de acordo com o escritor, a hipótese de uma segunda temporada está em cima da mesa.

O WHODUNNIT E A NARRATIVA CRIMINAL BRITÂNICA

Banner Magpie Murders no AXN
Banner de “Magpie Murders”, a nova narrativa whodunnit do AXN

Mas antes de lá chegarmos, urge falar sobre o primeiro capítulo deste mistério de detetives repleto de marcas da cultura inglesa. “Magpie Murders” assume a estrutura de um conto clássico criminal, como uma história de whodunnit – do inglês “quem o fez?/quem cometeu o crime?” e que costuma dizer respeito a histórias, peças, filmes ou livros de mistério, nos quais o responsável pelo crime de homicídio só é revelado no final. Um exemplo emblemático de um whodunnit moderno muito bem-sucedido será “Knives Out – Todos São Suspeitos”. Em Portugal tivemos a novela “Ninguém Como Tu”, que deixou o país em alvoroço a tentar responder, até ao último segundo à pergunta:  “Quem matou o  António?”.

Por norma, o whodunnit implica um enredo complexo, uma história de detetives e um puzzle relativo a um crime que se encontra no centro da história. Ora, é isso mesmo que podemos encontrar em “Magpie Murders” – um puzzle complexo de investigação com um detetive enigmático e carismático no centro da narrativa. A estrutura da série está repleta de referências aos mais fulcrais autores dentro deste género – com Agatha Christie como uma influência incontornável, tal como o Sherlock Holmes de Arthur Conan Doyle. A “época de ouro” dos romances de detetives decorreu entre o final do século XIX e a primeira metade do século XX e os seus grandes autores, como Christie e Doyle, entre outros, foram maioritariamente britânicos.

Desta forma, “Magpie Murders” tem a vantagem de se basear numa tradição literária (também fílmica e televisiva) muito rica, para a partir daí extrapolar para a sua criação de sentido. Outro aspecto essencial do whodunnit é a dupla narrativa – uma narrativa escondida que gradualmente se vai descobrindo e revelando para lá da narrativa central. “Magpie Murders” é inteligente na sua abordagem das camadas de sentido e faz algo mais incomum nesta estrutura da investigação por parte de detetives – divide a narrativa em dois momentos, a investigação de um homicídio no presente e a investigação paralela de um assassinato situado no passado, esta segunda pertencente às páginas de um livro. Aliás, um livro dentro de um livro, no caso do romance de Horowitz que deu origem a esta série.

A nova série do AXN conta a história de Susan Ryelan (interpretada por Leslie Manville, nomeada ao Óscar pela sua excelente prestação em “Linha Fantasma”), uma editora literária que tem como principal cliente Alan Conway (Conleth Hill, o Lord Varys de “Game of Thrones”, aqui irreconhecível, num registo muito diferente mas igualmente memorável). Conway é um ser humano que inspira pouca confiança e que conseguiu chatear todos aqueles que o rodeiam, mas tem um trunfo muito importante – escreve a saga de romances do Detetive Atticus Pünd  (Tim McMullan), a qual o torna muito célebre e a ‘galinha de ovos de ouro’ da editora em que Susana trabalha. Ao preparar o lançamento do mais recente livro das aventuras de Pünd, Susan apercebe-se de que o manuscrito que foi entregue não está completo. Na realidade, falta-lhe o final – a peça mais importante e que legitima toda a estrutura do whodunnit. 

A TEIA NARRATIVA COMPLEXA DA NOVA SÉRIE AXN

Magpie Murders no AXN
Conleth Hill como Alan Conway | ©AXN

 

Em busca do capítulo final perdido, Susan depara-se com a morte inesperada de Alan Conway. Tudo aponta para um suicídio, mas Susan não está convencida e depressa passa de “apenas” editora para ela própria se tornar investigadora não oficial de um mistério que está intrinsecamente ligado ao que se desenrola nos livros de Conway. No romance que deu origem a esta série, primeiro narra-se toda a história do Detetive Atticus Pünd, situada a meio do século XX, em 1955. Só depois nos é dada a conhecer a investigação de Susan. Como explica Anthony Horowitz, na versão filmada impôs-se juntar as duas histórias numa só, apresentando-se duas narrativas paralelas e que se complementam. A investigação de Atticus Pünd, que existe apenas no mundo da ficção, cruza-se e interliga-se com a de Susan, no presente.

É este elemento adicional que enriquece a narrativa. E, embora a história investigada por Pünd pareça pouco original à primeira vista, talvez mais tributo aos clássicos detetives britânicos que criação própria de seu mérito, a verdade é que esta só pode ser compreendida quando colocada lado a lado com a de Susan.

O primeiro episódio arranca com um genérico inspirado na estética dos contos de detetive noir e que bebe da ilustração da própria capa do livro “Magpie Murders” e, à medida que as primeiras cenas se desenrolam, somos desde logo convidados para um mundo com um ritmo bem alinhavado e com transições inteligentes entre cenas. O mistério é lançado e a raíz da curiosidade persiste. Para fãs de narrativas de detetives, a nova série “Magpie Murders” será deveras uma surpresa agradável, quer pela qualidade do seu design de produção, quer dos seus intérpretes.

Assististe à estreia de “Magpie Murders” no dia 24 de maio, pelas 22h00? Se a resposta for não, está na altura de voltar atrás na Box…

TRAILER | A PRIMEIRA TEMPORADA DE MAGPIE MURDERS CHEGA AO AXN

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *