©Apple TV+ (Editado por Vitor Carvalho, © MHD))

Apple TV+ perde milhões de euros todos os anos apesar do sucesso destas séries

A Apple acumula mais riqueza do que o PIB de nações inteiras, mas, num canto discreto do seu império, deixa escorrer um rio de dinheiro virtualmente invisível.

É assim que a Apple enfrenta um paradoxo moderno: como é que um serviço de streaming, com milhões de subscritores, queima milhões de dólares por ano sem abalar a sua fortuna? A resposta está numa estratégia tão ambiciosa quanto misteriosa. Enquanto a Apple brilha com lucros recordes em hardware e serviços digitais, o Apple TV+ emerge como um projeto de paixão — ou talvez de teimosia — que desafia a lógica financeira convencional. Mas, como veremos, até os gigantes têm os seus calcanhares de Aquiles.

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O buraco de mil milhões de dólares da Apple

Madame Web Adam Scott Severance
©Apple TV+

Segundo um relatório exclusivo da “The Information“, a Apple perde anualmente mais de mil milhões de dólares com o Apple TV+, apesar do serviço contar com 45 milhões de subscritores. Estes números, não confirmados oficialmente pela empresa, colocam a plataforma num lugar peculiar: acima da Peacock (36 milhões) e abaixo da Hulu (53 milhões). Para uma empresa que domina mercados como smartphones e wearables, o streaming parece ser um jogo de paciência .

A Apple, liderada por Tim Cook, mantém tradicionalmente um silêncio estratégico sobre o desempenho do TV+. Nos relatórios trimestrais, o serviço é agrupado com o Apple Music e o iCloud sob o termo coletivo “Serviços”, que, no último trimestre de 2024, gerou 26,1 mil milhões de dólares (um aumento de 14% face ao ano anterior). Contudo, a revelação da “The Information” expõe uma ironia: o sucesso desta divisão acontece apesar do TV+, não por causa dele.

O que explica esta discrepância? A aposta em conteúdo premium. Séries como “Severance” (cuja segunda temporada acumulou 3 mil milhões de minutos de visualizações) ou “Ted Lasso” são produções caras, com orçamentos que rivalizam o cinema de Hollywood. Cada episódio visto equivale, em média, a 66 minutos por subscritor — um engajamento sólido, mas insuficiente para cobrir custos num mercado saturado.

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Aqui reside o puzzle: por que razão a Apple insiste num negócio deficitário? A resposta é multifacetada. Primeiro, o TV+ funciona como isca para o ecossistema Apple. Oferecer um ano grátis do serviço com a compra de um iPhone ou Mac é um truque antigo, mas eficaz: mantém os utilizadores presos à marca. Segundo, a empresa tem 57 mil milhões de dólares em caixa líquida — dinheiro suficiente para enterrar em projetos culturais durante décadas.

Mas há um terceiro motivo, menos óbvio: prestígio. A Apple não quer ser apenas uma vendedora de dispositivos; ambiciona um lugar na mesa dos criadores de cultura. Nomeações a Emmy e Óscares (como os conquistados por “CODA” em 2022) validam essa aspiração. Para Cook, o TV+ é um projeto de legado — uma forma de garantir que a Apple será lembrada não só pelo iPhone, mas por histórias que moldam o imaginário global.

O mercado, porém, parece indiferente. No dia da divulgação do relatório, as ações da Apple subiram 0,75%, atingindo $216,78 por ação. Para os investidores, a perda de mil milhões é insignificante face a uma capitalização de mercado de 3,26 biliões de dólares. A mensagem é clara: desde que a maçã continue a brilhar noutras frentes, o TV+ pode ser um hobby caro — mas sustentável.

Acreditas que o investimento da Apple em conteúdo original é uma jogada visionária ou um desperdício bilionário? Deixa a tua opinião nos comentários.


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