A emocionante despedida de Simon Pegg da saga Missão: Impossível
Às vezes, a vida imita a arte de maneiras que nem mesmo os melhores guionistas de Missão: Impossível conseguiriam prever.
Simon Pegg, o britânico de humor ácido que conquistou o mundo com “Shaun of the Dead” e se tornou o génio tecnológico Benji Dunn na saga Missão: Impossível, não imaginava que, ao aceitar um papel num blockbuster de Hollywood, estaria também a aceitar uma oportunidade de salvação. A saga que o catapultou para o estrelato global não só transformou a sua carreira, mas também—e talvez mais importante—a sua vida pessoal.
Missão: Impossível salvou Simon Pegg de si mesmo
Quando Simon Pegg recebeu o telefonema de J.J. Abrams para integrar “Missão: Impossível 3” (2006), estava no auge da sua fama como ícone de culto britânico, mas no fundo do poço emocional. “Estava profundamente infeliz”, admite à Variety. O sucesso de “Shaun of the Dead” abriu-lhe portas, mas também exacerbou uma luta interna que já durava desde a adolescência. A depressão e a dependência do álcool eram fantasmas que o acompanhavam até nos sets de filmagem.
O seu primeiro dia a trabalhar com Tom Cruise foi marcado não pela euforia, mas por uma ressaca e uma mente baralhada. “Lembro-me de não estar verdadeiramente presente”, confessa. Ao voltar para o hotel, o primeiro instinto foi dirigir-se ao bar. Era um ciclo autodestrutivo, uma fuga. Mas se “Missão: Impossível 3” coincidiu com o seu pior momento, “Operação Fantasma” (2011) viria a ser o ponto de viragem.
A produção, ciente das suas lutas, providenciou-lhe um acompanhante sóbrio e um ambiente de apoio. Cruise, conhecido pela sua disciplina quase sobre-humana, desafiou-o: “Vais ficar em forma para este filme—agora és um agente!” Pegg ri-se ao lembrar como, numa cena no Red Square, parece magicamente mais magro de um corte para o outro. Mas a piada esconde uma verdade mais profunda: a disciplina do set tornou-se a sua terapia. “Aprendi que, se me alimentasse bem e fosse ao ginásio, podia sentir-me bem outra vez.”
Um adeus à saga que o moldou
Com “Missão: Impossível – O Ajuste de Contas Final”, Pegg despede-se não apenas de Benji Dunn, mas de um capítulo que definiu a sua vida adulta. A saga deu-lhe fama, sim, mas também propósito numa altura em que mais precisava. “Dou credito à Missão: Impossível por me ter resgatado”, afirma. “Deu-me foco quando eu precisava desesperadamente de foco.”
Agora, longe das crises globais e dos saltos mortais de Cruise, Pegg planeia o futuro: um projeto de realização, um livro adaptado (que mantém em segredo) e, claro, mais colaborações com os seus parceiros de sempre, Nick Frost e Edgar Wright. Mas há uma coisa que não fará: reviver “Shaun of the Dead” só para agradar aos fãs. “Se eu e o Edgar fizermos outra comédia juntos, vamos desapontar toda a gente”, brinca.
O que fica, no fim, é a gratidão. Pelos colegas, pelas oportunidades, pelos bolos de aniversário enviados por Cruise dos confins do mundo. E, acima de tudo, por uma saga que foi muito mais do que apenas um emprego.
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