Robin Wright quebra o silêncio sobre a desigualdade salarial em House of Cards
Antes de exigir o mesmo salário, Robin Wright precisou provar que valia tanto quanto um homem, mesmo quando já era mais do que evidente.
Robin Wright, a atriz que nos conquistou como a astuta Claire Underwood em House of Cards, não precisava de mais desafios além da sua atuação brilhante. Mas, nos bastidores, enfrentou um obstáculo que muitas mulheres conhecem bem: a disparidade salarial.
Enquanto o seu colega Kevin Spacey embolsava meio milhão de dólares por episódio, Robin Wright teve de assumir mais duas funções—produtora e realizadora—para alcançar o mesmo valor. Assim, a história, contada pela própria à Variety, revela um padrão enraizado em Hollywood e não só.
Três empregos pelo mesmo salário
Robin Wright não era uma atriz qualquer em House of Cards. Claire Underwood tornou-se inegavelmente tão icónica quanto Frank Underwood, o personagem de Spacey, e a audiência adorou-a. Mas quando Wright exigiu igualdade salarial, a resposta foi um não disfarçado de “oportunidade”: “Não podemos pagar-lhe o mesmo como atriz, mas pode ser produtora executiva e realizar alguns episódios. Assim, recebe três salários.”
A justificação oficial foi ainda mais reveladora: “Porque não ganhou um Óscar.” Robin Wright, nomeada para três Globos de Ouro e seis Emmys pela sua atuação, viu-se obrigada a negociar com uma lógica enviesada. “Foi difícil, vou ser honesta”, admitiu. A solução? Ameaçar tornar o caso público. E funcionou.
Assim, em 2015, os relatórios já indicavam que Robin Wright recebia $5.5 milhões por temporada, equiparando-se a Spacey. Coincidência ou não, um ano antes, ela tinha ganho o Globo de Ouro de Melhor Atriz. Será que Hollywood só reconhece talento feminino quando é premiado ou quando é ameaçado?
O problema não é só de Robin Wright
A disparidade salarial não é exclusividade de House of Cards. Gillian Anderson, estrela de The X-Files, enfrentou o mesmo dilema nos anos 90 de novo em 2015, quando a série foi relançada. A oferta inicial? Metade do salário de David Duchovny. Só após pressão é que a igualdade foi alcançada. “Isso era no passado”, disse Anderson, “e depois aconteceu outra vez. Nem sei o que dizer.”
O problema transcende Hollywood. Sallie Krawcheck, ex-executiva de Wall Street e fundadora da Ellevest, é categórica: “Até sermos financeiramente iguais aos homens, não somos iguais.” Os dados confirmam: mulheres em posições de liderança ainda ganham inegavelmente menos, mesmo quando fazem o mesmo trabalho. A diferença? A desculpa muda, mas o resultado é sempre o mesmo.
E Kevin Spacey? Enquanto Robin Wright lutava por igualdade, ele enfrentava acusações de assédio sexual—e ainda assim, recebia $500.000 por episódio. A ironia é cruel: um homem envolto em escândalos valia mais, automaticamente, do que uma mulher com um currículo impecável.
E agora?
Assim, Robin Wright mostrou que a mudança só acontece quando alguém se recusa a aceitar o status quo. Mas quantas mais mulheres precisam de ameaçar “tornar isto público” para serem valorizadas? A indústria do entretenimento—e todas as outras—precisa inegavelmente mais do que discursos. Precisa de ação.
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