Abominável | © NOS Audiovisuais

Abominável, em análise

“Abominável” é o novo filme Dreamworks e dele uma coisa é certa: apela às emoções de todos. Com amizade, aventura e temas ecológicos, pode ser uma pérola, especialmente para o público mais jovem.

“Abominável” podia ser mais um mero filme de animação, e provavelmente na sua essência é isso mesmo. Contudo, a combinação que proporciona entre as suas cenas, a criatura protagonista da história, a bonita mensagem que passa e a banda-sonora aliada aos vários momentos, fazem com que passe a ter um lugar muito mais especial no coração de quem vê a longa-metragem.

Do acordo entre a Dreamworks e a Pearl Studio, surge uma animação que tem por inspiração toda a cultura asiática. Com acção em Xangai, e sem qualquer influência do ocidente na história, “Abominável” segue a história de um Yeti que foge do laboratório onde está cativo, apenas para se magoar e se refugiar num telhado de um prédio residencial na caótica Xangai. Aí, cruza caminho com Yi, uma pequena rapariga que tem o seu refúgio no céu aberto do telhado, onde procura ultrapassar a perda do seu pai, idealizando uma viagem magnífica por toda a China ao mesmo tempo que toca violino para o lembrar.

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Impulsionada pela aventura e por querer fugir de uma vida sem pai, Yi decide ajudar o Yeti, a quem deu o nome de Evereste, no seu percurso para casa. Pelo caminho, a aventura chama pelos vizinhos e amigos de Yi, Peng e Jin, que se juntam e partem numa magnífica aventura até às montanhas do Evereste. Na sua essência, o filme é quase uma road trip entre amigos, com viagens de barco por exuberantes paisagens e locais míticos que eles só conheciam de postais e histórias.

Abominável
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O que prevalece em “Abominável” é a história de amor e amizade que está presente em todo o enredo, e que faz a grande ligação entre todas as personagens. Se por um lado Yi, uma rapariga determinada e com um foco, procura aprender o que é o amor profundo e lidar com a sua perda, pelo falecimento do seu pai, também encontra ao mesmo tempo um novo amor, nutrido por uma bonita amizade com uma criatura que não fala, mas que se expressa por pequenos gestos ou sons.

Essa é também uma das mais valias do filme. O protagonista, o Yeti que dá o nome “Abominável” ao filme, é realmente na sua génese um ser ancestral que traz a mística necessária à história. Mimicando quase por completo o que associamos ao comportamento de cães ou gatos, Evereste, como Yi chamou, tem em si um poder de nos levar a ele, e de querermos acreditar que é algo real e que ainda existe num mundo real que caótico e cravejado de guerras e confrontos. Pela história, percebemos que é realmente poderoso, e que os seus poderes são em harmonia com a Natureza, potenciando ao máximo o que ela já oferece, ou criando de raiz bonitas paisagens.

Em termos visuais, a longa-metragem realizada por Jill Culton e Todd Wilderman é quase irrepreensível, seja pelas personagens em si, seja pelas paisagens de fundo que nos apresentam. Desde um Xangai escuro e caótico aos detalhes apresentados em todas as ruas. O que se passa numa das maiores metrópoles chinesas não é estático, vemos um frenesim de pessoas no dia a dia, bancas de comida espalhadas pelos passeios, e um trânsito em constante movimento, que tem um jogo de luz e sombras brilhante na sequência em que o Yeti foge do laboratório e se vê no meio de um centro cosmopolita. Mas se o ambiente que nos quase é familiar, de uma vida citadina, está com extremo detalhe, é nas restantes paisagens que o trabalho da Dreamworks e Pearl Studio se enaltece e chega a outro nível.

Pelas paisagens da China, no caminho entre Xangai e o Evereste, os detalhes de cada momento são preciosos, especialmente quando Evereste usa os seus poderes místicos para amplificar o melhor que a Natureza tem, seja ela já existente ou uma criação sua. Desde a sequência da gigante onda de flores que Evereste cria numa fuga de barco pelos campos de flores, até ao momento em que Yi, tocando o seu novo violino com pêlo de Yeti invoca o poder das criaturas mágicas e confere uma nova paisagem a um dos monumentos mais emblemáticos da China.

Abominável
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E se a imagem nos convence e cativa, a música é a cereja no topo do bolo porque é ela que agrega toda a emoção do filme em momentos únicos e mágicos. Da autoria de Rupert Gregson-Williams, a banda sonora incide maioritariamente nas músicas de violino que são interpretadas por Yi ao longo do filme. Belas melodias transportam-nos e deixam-nos completamente alienados do que se passa à nossa volta, à medida que ouvimos as notas e quase que acreditamos que são elas que estão a originar a bonita imagem que se desenrola à frente dos nossos olhos. E se uma banda sonora instrumental neste filme é realmente o acertado, houve no entanto uma escolha de música comercial, que não desiludiu. É um cliché, e é garantido que puxa sempre uma lágrima aos cantos dos olhos pela sua melodia e letra, mas “Fix You” dos Coldplay é a única nota de uma inspiração ocidental e no entanto parece tão certa que somos capazes de ignorar que é quase um estrangeirismo para esta história.

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“Abominável” é uma maravilhosa história de amizade, e em pouco foge de outros êxitos do estúdio, como a saga “Como Treinares o Teu Dragão“, mas incorpora em si uma história de superação, de compreensão e com a mística necessária para puxar toda a família. Os momentos de aventura e comédia entre as personagens são “reais”, e fazem-nos querer viver naquela Xangai onde é possível encontrar um Yeti.

Abominável, em análise
Abominável

Movie title: Abominável

Movie description: Em “Abominável”, um Yeti mágico e muito divertido terá de enfrentar uma longa jornada para se reencontrar com a sua querida família.

Date published: 17 de October de 2019

Director(s): Jill Culton, Todd Wilderman

Actor(s): Chloe Bennet, Tenzing Norgay Trainor, Joseph Izzo, Eddie Izzard, Sarah Paulson, Tsai Chin, Michelle Wong, Rich Dietl, James Hong

Genre: Animação, Aventura, Comédia

  • Marta Kong Nunes - 80
80

CONCLUSÃO

“Abominável” até poderia ser só mais um filme de animação, mas a junção entre a amizade, o amor e uma criatura mística, cria um filme imperdível com efeitos visuais cheios de cor e magia.

O MELHOR: A banda sonora instrumental aliada aos momentos em que é ouvida.

O PIOR: A história não deixa de ser um cliché, é verdade. Poderá ser o pior desta longa-metragem, mas apenas porque os efeitos visuais se superam e muito.

MKN

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