“É nossa responsabilidade respeitar as vítimas do holocausto”, Anna Próchniak sobre O Tatuador de Auschwitz
A MHD teve acesso a uma entrevista exclusiva com Anna Próchniak, protagonista da nova série original da Skyshowtime, O Tatuador de Auschwitz. Sabe tudo o que a atriz teve para contar.
“O Tatuador de Auschwitz” (título original “The Tattooist of Auschwitz”) é uma série dramática de seis partes, produzida pela Skyshowtime, baseada no best-seller internacional de Heather Morris, que conta a história verdadeira de Lali e Gita Sokolov, que se conheceram no campo de concentração de Auschwitz, durante o Holocausto da Segunda Guerra Mundial.
Lali foi prisioneiro em Auschwitz-Birkenau durante a Segunda Guerra Mundial. Sendo um dos tatuadores, um dia, conhece Gita ao tatuar seu número de prisioneira, e os dois apaixonam-se. Mais tarde, Lali conta a história do casal em primeira pessoa à autora do livro.
Os papéis principais da série pertencem a Jonah Hauer-King (A Pequena Sereia, Mundo em Chamas) e Anna Próchniak (Baptiste, Varsóvia 44). A série já está disponível na íntegra na Skyshowtime.
Anna Próchniak protagoniza a série como Gita, uma personagem que, segundo a própria, foi “o mais difícil e desafiante papel que interpretou até hoje”, devido ao peso da responsabilidade de contar a história de uma sobrevivente de um dos eventos mais marcantes da história mundial.
A entrevista à atriz, produzida pela Sky Studios, foi disponibilizada em exclusivo para a MHD, e podes lê-la na integra em seguida.
A entrevista a Anna Próchniak
Q: O que a atraiu na história de “O Tatuador de Auschwitz” (“The Tattooist of Auschwitz”)?
O meu namorado ofereceu-me o livro quando foi publicado e disse que faria um excelente filme ou série. Não estava errado! Quando li o argumento, sabia que não ia ser uma história fácil de contar, mas adoro representar personagens que me assustam, como a Gita. Tinha um pressentimento, por isso não fiquei surpreendida quando me ofereceram o papel. Mas fiquei muito feliz por poder contar esta história.
Q: Como se preparou para o papel?
Foi o papel mais difícil e mais desafiante que já fiz, mas também o mais gratificante. Rapei o cabelo e perdi peso. Achei que ia ser muito difícil e emotivo mudar a minha imagem por completo, mas estava preparada para isso. Era o que tinha de fazer para contar a história da Gita. Estava a fazê-lo em sua memória. Em termos de pesquisa, já tinha estado em Auschwitz e Majdanek, que fica na região leste da Polónia. Há algo nesses campos que não se consegue descrever por palavras. Sou da Polónia, o que significa que o tema do Holocausto esteve presente na minha vida desde criança.
Especificamente em relação à personagem da Gita, há um livro que teve um grande impacto e foi muito importante para mim. “An Interrupted Life: The Diaries and Letters of Etty Hillesum 1941-43”, de uma autora judia holandesa que morreu em Auschwitz. Os seus diários são reconhecidos como os documentos morais mais importantes dos nossos tempos e ajudaram-me a construir as origens da Gita e a trabalhar na sua vida interior. Vi o testemunho da Gita, que foi gravado em 1997 quando tinha 72 anos e onde ela fala sobre a sua família, o campo e a sua vida com o Lali depois da guerra. Foi uma experiência muito forte que me ajudou a dar-lhe vida. Vi também outros testemunhos de sobreviventes do Holocausto que foram particularmente úteis para entender o trauma dos sobreviventes, explorados em algumas das cenas passadas na década de 60.
Q: Diz que foi o papel mais difícil que já representou. Como é que a Tali [Shalom-Ezer, realizadora] a apoiou durante as gravações?
A Tali tem uma paixão enorme por este projeto. Ela realizou os seis episódios, não teve descanso. Ela adora desafiar os atores e eu adoro ser desafiada, por isso foi a combinação perfeita. Isso só confirmou como é importante sermos honestos uns com os outros num projeto como este. De nos lembrarmos uns aos outros de seguir os nossos instintos, ouvir a nossa intuição e sermos corajosos. Enquanto atriz, preciso de alguém que me incentive a sair da minha zona de conforto e a Tali fez isso mesmo.
Também criei um espaço seguro para mim, para que pudesse refletir sobre as minhas emoções. Meditava todos os dias, fazia caminhadas longas, fiz ioga. Tentei manter-me consciente o mais possível. Nem sempre foi fácil, mas os meus rituais ajudaram-me a lidar com o stress perante um tema tão difícil.
Q: Quão importante acha que é continuar a contar histórias sobre o Holocausto?
Extremamente importante. O mundo está cheio de maldade e ódio, e está a piorar. É nossa responsabilidade recordar, honrar e respeitar histórias pessoais das vítimas e dos sobreviventes do Holocausto. Temos de dar prioridade à educação das gerações futuras, lembrar-nos do que o homem é capaz e que não devemos tomar nada como garantido.
TRAILER | “O TATUADOR DE AUSCHWITZ” JÁ ESTÁ DISPONÍVEL NA SKYSHOWTIME
Os seis episódios da série já estão disponíveis na Skyshowtime! Vais perder?