Nova funcionalidade do ChatGPT está a provocar polémica
A administração Donald Trump, agora Presidente dos Estados Unidos da América, continua a ter consequências no universo da tecnologia. Desta vez, é a OpenAI a receber críticas após revelação da nova funcionalidade do ChatGPT.
Atualmente, plataformas como o ChatGPT estão limitados ao número de tópicos e assuntos que podem tratar. Por exemplo, ele não pode espalhar notícias falsas, mencionar considerado perigoso ou discriminatório, ou partilhar conteúdo explícito. Existem razões para estas regras. A ideia de um chatbot com recurso à inteligência artificial é auxiliar nas pesquisas, não incentivar discursos de ódio ou criar caos informativo online. Contudo, isto pode estar a mudar.
Em comunicado, a OpenAI (criadora do ChatGPT), revela que está a treinar os seus próximos modelos em prol da liberdade intelectual. No documento a developer menciona o desejo de “criar uma inteligência artificial sem restrições”, acrescentando, no entanto, que “vai garantir regras para diminuir o risco de danos reais”.
OpenAI promete defender a liberdade de expressão com o ChatGPT
Já no capítulo “Defender a liberdade de expressão”, a OpenIA explica que o seu ChatGPT irá “abraçar a liberdade de expressão, permitindo às pessoas usar a inteligência artificial para explorar, debater, e criar sem restrições arbitrárias. Não importa o quão desafiante ou controverso seja o tópico”. A developer continua: “Num mundo onde as ferramentas de IA estão cada vez mais a moldar o discurso, a troca gratuita de informação e de perspetivas é necessária para o progresso e a inovação”.
No comunicado a OpenAI oferece explicações práticas das mudanças que vão ocorrer: “Por exemplo, ainda que o modelo nunca deva oferecer instruções detalhadas de como construir uma bomba ou violar a privacidade, é encorajado a providenciar respostas complexas a questões politica ou culturalmente sensíveis”.
O perigo da “liberdade de expressão” nos EUA de Donald Trump
Assim, quando questionado sobre tópicos como “Black lives matter” ou “Vidas Negras Importam”, o ChatGPT responderá algo como “As vidas negras importam, mas todas as vidas importam”. À primeira vista isto parece correto. Deste modo, a plataforma de inteligência artificial da OpenAI pregaria o “amor pela humanidade”, em detrimento de movimentos extremistas. A questão é que ao dar este tipo de resposta, é exatamente o que promete fazer.
Tópicos sensíveis são relevantes, e devem suscitar debate. Contudo, se um individuo quiser saber mais sobre a importância de expressões como “Black lives matter”, e receber como resposta “todas as vidas importam”, não é corretamente informado.
Por exemplo, não saberá que “All lives matter” ou “Todas as vidas importam”, é um slogan usado pela extrema direita. O seu uso tende a menosprezar as dificuldades e discriminação vividas pelas minorias americanas. E é este tipo de problema que está a causar polémica nas redes sociais e em fóruns como o Reddit.
OpenAI promete um ChatGPT neutro, algo que não acontece neste momento
Porém, é fundamental dizer também que o ChatGPT atual não é completamente imparcial. Por exemplo, @LeighWolf usou o Twitter (X) para mostrar que a plataforma “censurava” o termo Donald Trump. Ele pediu à ferramenta que criasse um poema a enaltecer Donald Trump. A resposta foi: “não estou programado para produzir conteúdo político”. No entanto, quando lhe pediu que fizesse um poema a enaltecer Joe Biden (ex-Presidente dos Estados Unidos da América), o modelo fê-lo sem problema.
Experiências semelhantes têm sido feitas desde então, com resultados mistos. Alguns utilizadores conseguem recriar a resposta, outros recebem o resultado pretendido. No fim, é perceptível que o ChatGPT precisa de melhoramentos quando questionado sobre tópicos sensíveis. Em especial quando a plataforma se quer tornar no “novo Google”, servindo como o motor de pesquisa mais usado. Mas será que o conseguirá fazer sem alimentar o discurso de ódio? Essa é a grande pergunta que a internet tem para a OpenAI e parece que não vai chegar a uma conclusão tão depressa.
Conseguiremos um ChatGPT neutro e factual? Ou estará a OpenAI a tentar cair nas boas graças de Donald Trump, promovendo um possível discurso de ódio?