The Incredibles © Buena Vista Pictures Distribution

Cinemateca Portuguesa | O que ver em setembro (Parte II)

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Na segunda metade do mês de setembro, a Cinemateca segue com o especial Queer Lisboa e a homenagem a Mello Breyner e Jorge de Sena.

O mês de setembro continua a ser um mês especial para a Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema. Afinal, o fim das férias traz o regresso do grande cinema com o abrir de portas das suas salas de cinema onde se mostra cinema alternativo, independente e histórico ao público português (e não só!).

Para a rentrée cinematográfica e para além das três rubricas especiais dedicadas à poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen e ao poeta Jorge de Sena, que destacamos na primeira parte deste artigo, a Cinemateca apresenta outras rubricas, como é o caso do foco sobre o Queer Lisboa e o Cinema de super-heróis.

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Homem-Aranha
Spider-Man © Sony Pictures

Enquanto a primeira rubrica celebra a diversidade sexual e até identitária, a segunda dá mais atenção aos aspetos estereotipados da masculinidade. São duas vertentes tão opostas que é curioso assistir ao confronto de ambas na programação da Cinemateca Portuguesa.

Em associação com o Festival Queer Lisboa, a Cinemateca Portuguesa irá exibir filmes de cineastas com quarenta anos (que foram marcantes para a secção Panorama do Festival de Berlim), e outros mais recentes como Lasse Hallström, passando por Isaac Julien e Monika Treut.

“Em 1980, o recém-endossado diretor do Festival Internacional de Cinema de Berlim complementou a Competição da Berlinale com uma secção desenhada para acolher uma maior liberdade artística na sua seleção de filmes. Esta nova parte do festival pretendia-se mais aberta ao radical e devia espelhar as inovações que influenciaram o cinema durante a década de 1970. Esse foi um período em que as subculturas inspiravam a sociedade, as teorias de emancipação começavam a ser postas à prova e, em lugar da normatividade – tida até então como o maior bem das sociedades democráticas do pós-Guerra – as alternativas à mesma eram agora vistas como desejo maior. Manfred Salzgeber, cofundador da secção Forum da Berlinale, foi chamado a dirigir este novo programa. Logo no seu ano inaugural, apresentou filmes feministas, gay, lésbicos e de outros paradigmas alternativos, complementando e mesmo opondo-se ao mainstream. A sua seleção de filmes viria a inspirar aqueles que sentiam a necessidade de criar mudanças na sociedade tal como estava, tornando-a num lugar habitável para as minorias e para todos aqueles que queriam pensar mais além.

A par do Queer Lisboa, a Cinemateca Portuguesa outras tantas rubricas e exposições, sendo que este mês destaque a exposição sobre o “Cinema de Weimar (1919-1933). A exposição patente nas salas dos Carvalhos, Cupidos e 6×2 apresenta um conjunto de índices visuais de alguns dos temas, características e elementos desse cinema e pode ser visitada até fevereiro de 2020 das 14h30 às 19h30.

Conhece a seguir o horário dos filmes da Cinemateca em setembro, bem como a respetiva sala de exibição. 




“Homem-Aranha”, 14-09-15h | Palácio Foz, Cinemateca Júnior

Homem-Aranha
Spider-Man © Sony Pictures

Spider-Man é uma das personagens mais conhecidas da banda desenhada da Marvel. É um herói do qual já ouvimos falar muitas vezes: Peter Parker, estudante tímido e desajeitado, apaixonado pela bela vizinha Mary, vive nos subúrbios de Nova Iorque e leva uma vida tranquila, até que um dia, numa fatídica viagem a um laboratório científico, é picado por uma aranha geneticamente modificada. Isso dar-lhe-á poderes extraordinários… Mas com eles, como diz o seu tio, virão grandes responsabilidades e Peter Parker promete usar tal força para combater o crime.




“M”, 14-09-21h30 | F. R.

Cinemateca
M © Archives du 7e Art/Nero-Film

“Nada há que seja sombrio, desde que, pela imagem e pela expressão artística, ascende não direi à consciência discursiva, mas àquela outra em que a humanidade se reconhece vasta e vária, capaz de aceitar como seu aquilo que é estranho à essência das suas melhores horas…” (Jorge de Sena). Fritz Lang, mais do que a descrição de um “caso autêntico” (o “vampiro” de Dusseldorf, um assassino de crianças), fez o retrato de uma Alemanha mergulhada na depressão económica e nas vésperas da chegada dos nazis ao poder. Poderosa obra-prima, com Peter Lorre no papel da sua vida. E, Sena, que não pode deixar de ser quem é, profetizou então: “foi esta película que celebrizou, para fins de arrepio, os seus olhos de goraz.” Também programado no “Ciclo “Luz e Espectros – Cinema de Weimar 1919-1933” (ver entrada respetiva).




“We Were Strangers”, 14-09-22h30 | Esplanada

Cinemateca Portuguesa
Os Insurrectos (1949) © Columbia Pictures

O cenário é Cuba em 1930 sob a ditadura, pano de fundo para uma história de fracasso, tão típica de Huston. John Garfield é um americano que se liga a um grupo de rebeldes cubanos para a preparação de uma revolta, tendo como ponto de partida o atenta- do a um ministro. WE WERE STRANGERS foi visto, à época, como “uma peça de propaganda”, capitalista ou comunista, consoante as perspetivas, mas não à imagem da alegoria política contra a House Unamerican Activities Committee imaginada com desencanto por Huston. Na Cinemateca, não é mostrado desde 2009.




“Os Salteadores” + “Macbeth”, 16-09-15h30 | F. R.

Cinemateca
Macbeth (1948) © Republic Pictures Corporation

Reconhecido filme de animação de Abi Feijó (desenho animado a grafite sobre papel), OS SALTEADORES baseia-se no conto homónimo de Jorge de Sena evocando um doloroso episódio da história de Portugal, no rescaldo da Guerra Civil espanhola.Macbeth por Welles e com Welles no papel de Macbeth. Uma adaptação bizarra mas genial da tragédia homónima de Shakespeare, ambientada num passado remoto “na antiga Escócia, ainda selvagem, e meio perdida na bruma que envolve História e lenda” (segundo Welles no prólogo em off da versão da distribuição europeia de época, a mais curta das três que se conhecem). Bizarra devido à forma como Welles torneou as limitações financeiras com fumos e iluminação difusa, uma montagem rápida esconde a indigência dos cenários. Genial porque estas limitações dão ao cineasta a possibilidade de empolar a perspetiva alucinatória da tragédia. Jorge de Sena disse desta interpretação de Macbeth: “Fiel reflexão: a barbárie, a fantasmagoria, a violência primária de uma época selvática vista sem embelezamentos bucólicos, tudo Orson Welles traduziu.” A apresentar em cópia digital.




“Correspondências”, 16-09-18h | L. P.

Cinemateca
Correspondências (2016) © C.R.I.M.

Filme inspirado nas cartas trocadas entre Sophia de Mello Breyner Andresen e Jorge de Sena, durante os quase vinte anos de exílio deste último (1957-78). Através da poesia e da escrita epistolar, o filme constitui um diálogo extenso no tempo, no “desejo de suprir anos de distância em horas de conversa”. Simultaneamente, Rita Azevedo Gomes procura correspondências com as nossas próprias vidas, ficcionando sobre as ligações e correntes que nos mantêm juntos. Filme tumultuoso, elaborado, amplo, feito de estilhaços de tempo e de pedaços de vida, onde os textos passam por múltiplos corpos, vozes e espaços, onde são feitas e refeitas as imagens, para serem retomadas, alteradas, repostas em estado de mudança. CORRESPONDÊNCIAS é o filme que serve de charneira entre os dois Ciclos dedicados aos poetas. Primeira exibição na Cinematec




“I Was a Male War Bride”, 17-09-19h | F. R.

Cinemateca Portuguesa
I Was a Male Bride © Twentieth Century Fox

Possivelmente em nenhuma das suas outras comédias Hawks terá ido tão longe no jogo da guerra dos sexos e nas inversões de papéis das personagens. Na Alemanha derrotada depois da Segunda Guerra Mundial, um oficial do exército francês, casado com uma oficial americana, tenta sair com ela para os EUA. Para isso é obrigado a disfarçar-se de mulher. Cary Grant no mais irresistível travesti do cinema clássico. A apresentar em cópia digital.




 “Stromboli Terra di Dio”, 18-09-15h30 | F. R.

stromboli european film challenge
Stromboli © Leopardo Filmes
O primeiro filme de Rossellini com Ingrid Bergman (que “partiu de UNDER CAPRICORN para STROMBOLI”) marcou uma viragem importante no percurso do realizador e no da atriz. À época, Éric Rohmer comentou assim o filme: “STROMBOLI, grande filme cristão, é a história de uma pecadora tocada pela graça. (…) O autor de STROMBOLI bem sabe a importância que a sua arte pode dar aos objetos, ao lugar, aos elementos naturais do cenário. Dominando o poder que lhes confere, Rossellini faz deles os instrumentos da sua expressão, o molde de onde sairão os gestos e mesmo os impulsos dos atores”. Por muitas razões, uma das mais extraordinárias experiências em toda a história do cinema. “Este filme, duma beleza alucinante, é um filme sobre o cosmos. […] STROMBOLI é o poema da criação” (JBC). A apresentar na versão inglesa, em cópia digital.




“The Red Shoes”, 19-09-15h30 | F.R.

Cinemateca Portuguesa
The Red Shoes © Metro-Goldwyn Mayer

Uma das obras-primas do cinema britânico da década de quarenta, que tem por tema a relação entre a vida e a arte. Guiada por um empresário visivelmente inspirado na figura de Diaghilev, uma jovem bailarina torna-se uma estrela, mas tem de enfrentar o dilema entre entregar-se inteiramente à carreira ou sacrificar o amor. A fotografia em Technicolor de Jack Cardiff, a fabulosa direção artística de Hein Heckroth e a música de Brian Easdale construíram um dos mais belos musicais de sempre. Léonide Massine, que entre 1915 e 1921 foi o principal coreógrafo dos Ballets Russes de Diaghilev, tem aqui um dos seus mais importantes papéis no cinema, coreografando e dançando uma importante sequência do filme. A apresentar em cópia digital.

O filme contará com apresentação da banda-sonora em vivo por parte de Filipe Raposo.




“Saraband”, 19-09-21h30 | F. R.

Saraband
Saraband © Leopardo Filmes
Filmando em alta definição, Bergman regressou ao tema do fracasso das relações de um casal e às personagens de CENAS DA VIDA CONJUGAL (1973), numa obra que vai ainda mais longe na exposição desse fracasso e da crueldade e ternura entre o par, que reencontramos 30 anos depois. Quando Marianne (Liv Ulmann) sente que Johan (Erland Josephson) precisa dela, decide visitá-lo na velha casa de campo onde vive. Marianne depressa vê que o filho dele, Henrik, tem um amor possessivo pela filha, Karin, e que Johan só sente ódio e desprezo pelo filho. “Um concerto grosso para quatro instrumentos”, chamou Bergman ao seu último filme. “Ao acercar-se mais e mais dos quatro rostos e das quatro vozes, para além dos corpos, dá-nos a ver almas”, escreveu João Bénard da Costa




“The Incredibles – Os Super-Heróis”, 21-09-15h | Palácio Foz – Cinemateca Júnior

Cinemateca Portuguesa
The Incredibles © Buena Vista Pictures Distribution

Há anos que a atividade dos super-heróis caiu em desgraça e estes vivem agora vidas pacatas e anónimas, impedidos por lei de dar uso aos seus super-poderes. O Sr. Incrível, outrora o maior<herói do planeta, adapta-se com dificuldade ao emprego numa companhia de seguros, consistindo a sua principal batalha em lutar contra o aborrecimento e uma considerável barriga. A oportunidade de entrar novamente em ação surge quando um velho inimigo volta a atacar. Mas ele terá de contar com a ajuda de toda a família para vencer o vilão! A apresentar em cópia digital.




“Self-Portrait in 23 Rounds”, 21-09-21h30 | F. R.

Pintor, cineasta, escritor, performer e fotógrafo, David Wojnarowicz (1954-1992) foi uma das principais personalidades da cena artística nova-iorquina dos anos oitenta. Wojnarowicz também foi um artista comprometido e um ativista na luta contra a sida: para protestar contra a inércia do governo de George W. Bush no combate à epidemia, espalhou as cinzas do seu companheiro diante da Casa Branca. Numa entrevista conduzida em 1989 pelo teórico cultural Sylvère Lotringer, fala abertamente sobre os momentos íntimos da sua vida, o processo criativo, a sexualidade, a sida e a aceitação da sua própria morte. Marion Scemama, que era amiga íntima de Wojnarowicz, filmou a entrevista e criou este ensaio a partir dos arquivos privados do artista. Primeira exibição na Cinemateca.

“Tender is the Night”, 21-09-22h30 | Esplanada

Cinemateca Portuguesa
Tender is the Night © Twentieth Century Fox

Último filme de Henry King. Adaptação do clássico romance de F. Scott Fitzgerald, sobre a relação de um brilhante psiquiatra que casa com a paciente que tratara, a rica Jennifer Jones. Uma evocação poética da “geração perdida” de Fitzgerald.




“Vida de Cão”, 26-09-19h | F. R.

Cinemateca Portuguesa
Vida de Cão © FilmTeknik

Vindo dos vídeo-clips, género em que muito trabalhou nos anos se- tenta para os seus então celebérrimos compatriotas dos Abba, Lasse Hallström obteve reconhecimento internacional com VIDA DE CÃO. Numa pequena cidade sueca em 1959, Ingemar, de 12 anos, vive com o cão, o irmão e a mãe, que sofre de tuberculose. Quando a saúde dela se deteriora, Ingemar vai morar com o tio no campo. Cheio de saudades, regressa às lembranças da sua família, oscilando entre a tristeza e as memórias felizes. Até que conhece Saga, uma maria-rapaz entusiasta do boxe e juntos embarcam numa amizade que desperta sentimentos inesperados. Primeira exibição na Cinemateca.




“Stazione Termini”, 28-09-22h30 | Esplanada

Cinemateca
Jennifer Jones em Estação Terminus (1953) © Cinecittà

Internacionalização da carreira de Vittorio De Sica com vedetas de Hollywood, com Jennifer Jones à cabeça para uma história de tipo “neorrealista” escrita por Zavattini, que decorre quase integralmente na Estação Terminus de Roma. Nela se despedem uma americana em férias e o seu jovem amante, nela se evoca o romance que tiveram.

Mais informações sobre a programação podem ser consultadas aqui. Os bilhetes podem ser adquiridos na bilheteira da Cinemateca Portuguesa ou em bol

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