Classic Fever | O Mundo a Seus Pés (1941)

 

Era apenas uma questão de tempo até o épico de Orson Welles figurar nesta rubrica. Afinal, Citizen Kane é inúmeras vezes referenciado como “O Melhor Filme da História”.

 

O QUE É QUE VOU RELEMBRAR HOJE?

“O Mundo a seus Pés” (1941), mais conhecido pelo título original “Citizen Kane”, de Orson Welles e protagonizado pelo próprio, Joseph Cotten, Dorothy Comingore e Everett Sloane.

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MAS AFINAL DO QUE É QUE TRATA?

O carismático barão da imprensa e multimilionário Charles Foster Kane morre na sua imponente mansão de Xanadu, proferindo a enigmática palavra “Rosebud”. O jornalista responsável por um documentário de actualidades sobre o facto é enviado numa busca de pormenores que permitam revelar a verdadeira identidade do falecido e o segredo da palavra que proferiu ao morrer.

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PORQUE É QUE NÃO POSSO PERDER?

O tempo passa, as modas sucedem-se, os movimentos acumulam-se, as produções multiplicam-se, mas quase 75 anos depois “O Mundo a Seus Pés”, ou “Citizen Kane” – como preferimos continuar a chamá-lo – continua a ser massivamente considerado como o Melhor Filme de Sempre.

É, evidentemente, uma etiqueta volátil e potencialmente injusta – dependente de votantes, de gostos, de experiências diversas, de culturas cinematográficas distantes – mas uma verdade relativa que tomou contornos tão absolutos ao longo das décadas que se torna difícil de trocar “por miúdos”.

O conto épico de Orson Welles sobre a ascensão e queda de um magnata da imprensa apresenta uma narrativa poderosa rica em temáticas azedas (uma meditação sobre a corrupção do poder, uma metáfora moral, o apodrecimento do sonho americano) com um storytelling inventivo (particularmente célebre é a inversão na cronologia dos factos), mas também um portento técnico que continua a ser estudado até à exaustão.

“Citizen Kane” é um evento, um estímulo intelectual inteligente e uma experiência perigosa num tempo ainda mais perigoso. Não é apenas uma enorme ode à arte de fazer filmes, é um visionário – foi o primeiro a fazer muitas, muitas coisas que hoje, possivelmente, não existiriam sem o seu contributo.

Contextualizá-lo na janela temporal do seu lançamento é essencial. Em plenos anos 40, o Cinema é regido pela regra – tradicionalismos, limitações, linhas de perigo, personagens-modelo. O que acontece quando alguém exibe uma narrativa labiríntica, que obriga a pensar e a refletir, com observações sujas sobre o lado negro da humanidade e onde o protagonista é um epicentro egoísta e egocêntrico? O que acontece quando um jovem cineasta tem a liberdade criativa de um filme independente com o orçamento de um blockbuster? O que acontece quando um único filme encapsula as inovações da indústria? O que acontece quando um filme não só faz história, como se torna história?

É difícil traduzir em palavras o que significa a experiência complexa de assistir a “Citizen Kane”. Entendê-lo é o trabalho de várias vidas. Vê-lo, pela primeira, segunda, ou centésima vez… é um absoluto privilégio.

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UMA FRASE PARA A POSTERIDADE

Rosebud…

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PARA FICAR NO OLHO E NO OUVIDO (DA MENTE)

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