Deus Branco | Mini-Crítica

 

Deus Branco é uma gloriosa alegoria da opressão protagonizada pelo Marlon Brando dos cães.

 

desu branco
  • Título Original: Fehér isten
  • Realizador: Kornél Mundruczó
  • Elenco: Zsófia Psotta, Sándor Zsótér, Lili Horváth
  • Género: Drama, Thriller
  • Alambique | 2015 | 121′

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Com o sucesso do legado de Lassie, Beethoven, Benji e muitos outros, não é tão raro assim que um animal assuma um papel de relevo numa produção cinematográfica. O que é menos comum é que o nosso fiel amigo de quatro patas seja o centro de uma narrativa de contornos sérios, radicais mesmo, e tão profundamente conectada a algumas das maiores quezílias da raça humana desde sempre, e particularmente na atualidade.

Segundo os mitos da indústria, em 1929, o Pastor Alemão Rin Tin Tin recebeu mais votos na corrida ao galardão de Melhor Ator nos Óscares, mas rapidamente a Academia determinou que um humano deveria ganhar. Talvez, desde então, nunca tenhamos testemunhado uma outra ocorrência tão veemente na exposição dos talentos caninos até Hagen (interpretado pelos gémeos Luke e Body) dominar por completo a narrativa e emoção de “Deus Branco”, um conto premonitório sobre as relações entre uma espécie superior e o seu inferior caído em desgraça.

Sabemos desde o plano de abertura – onde uma rapariga pedala ao longo de uma estrada perseguida por centenas de cães – que “Deus Branco” será uma besta diferente, não apropriada ou flexível a todos os gostos.

Flutuando entre a perspetiva humana e canina, a violência imprimida por Kornél Mundruczó desenrola-se em função da tarefa maior de exibir não só uma crítica direta (relativa aos maus-tratos animais) como uma metáfora simples mas poderosa – de como os rejeitados e abusados se unirão em busca de justiça maior, que não chega de forma certa ou errada, mas da forma possível.

O talento dos coprotagonistas humanos nem sempre acompanha o compromisso dos colegas de quatro patas, e é discutível a decisão do realizador em não só ter vilanizado a maior parte dos humanos como, no último ato, dar-lhes mais espaço de manobra e reflexão, em detrimento dos animais.

No entanto, é entre o místico realismo áspero e a fantasia assombrada que “Deus Branco” se pauta numa das obras mais interessantes de 2015.

 

deus branco

 

O PIOR – O nível irregular das interpretações (humanas) e o problema da generalização.

O MELHOR – A orquestração dos animais, a ambição da parábola e o retrato de cumplicidade entre dona e cão.

 

CO

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