© Disney.Pixar (Editado por Vitor Carvalho, © MHD)

Disney: Os 10 filmes com os finais mais tristes

Nem todos os finais felizes da Disney são criados de igual forma – e alguns, bem, não são propriamente felizes.

A Disney, conhecida mundialmente por criar mundos de fantasia e magia, tem também uma notável capacidade para nos arrancar lágrimas nos momentos menos esperados. Por detrás do brilho e dos sonhos concretizados, escondem-se finais que desafiam a própria noção de “felizes para sempre”, deixando-nos com um nó na garganta e uma sensação agridoce que permanece muito depois de os créditos. Neste artigo, debruçamo-nos sobre os dez finais mais comoventes do universo Disney, aqueles que transformaram as nossas sessões de cinema em autênticas provações emocionais.

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Aladdin Goodbye
© 1992 Walt Disney Productions

10. “Aladdin” (1992)

A história do rapaz que se apaixona por uma princesa termina com o Génio a ganhar a sua liberdade, num ato que ainda hoje comove. É um final aparentemente feliz, mas carregado de uma profunda melancolia.

O sacrifício do Génio, magistralmente interpretado por Robin Williams na versão original, representa uma despedida. Aladdin abdica do seu último desejo para libertar o amigo, demonstrando que a amizade verdadeira implica, por vezes, deixar partir quem amamos, mesmo quando isso nos deixa mais vulneráveis.

Esta despedida ganha contornos ainda mais dolorosos quando recordamos o legado do próprio Robin Williams. A sua interpretação vibrante e inesquecível do Génio tornou-se ainda mais preciosa após a sua trágica partida, adicionando uma camada extra de emoção a este adeus cinematográfico. (Disney+)


Up Altamente
© Disney/Pixar. All Rights Reserved.

9. “Up: Altamente!” (2009)

O final de “Up” culmina a jornada emocional de Carl com momentos de ternura que contrastam com a devastadora introdução do filme. Na cidade, a cerimónia dos Exploradores Seniores finalmente começa, e Russell sobe ao palco para receber a sua condecoração.

Quando o apresentador pede que alguém represente Russell, Carl aparece precisamente a tempo, entregando-lhe o distintivo da carica de refrigerante que Ellie lhe tinha dado na infância. Este simples gesto simboliza a transferência do legado de Ellie e a aceitação de Carl da sua nova família improvisada.

A cena final mostra Carl e Russell sentados num passeio, a comer gelados. Contam os carros vermelhos e azuis que passam, um jogo simples que rapidamente se transforma numa brincadeira onde apontam para tudo e para nada – uma boca de incêndio, um balão – num momento de pura felicidade partilhada. O filme encerra com uma vista das Cataratas Paraíso, revelando que a casa de Carl pousou exatamente no local que Ellie sempre sonhara, completando uma promessa de vida inteira de forma inesperada mas perfeitamente adequada. Um final positivo mas agridoce, sobre o respeito por aqueles que perdemos e a aceitação de novas ligações nas nossas vidas. (Disney+)


Monstros e Companhia
© 2001 Disney/Pixar

8. “Monstros e Companhia” (2001)

A porta de Boo reconstrói-se, peça por peça, e o sorriso de Sulley ilumina-se quando a vê novamente. Contudo, este final deixa-nos com uma sensação agridoce que transcende o tradicional “felizes para sempre”.

O reencontro é apenas isso – um breve momento. Nunca nos é mostrado o que acontece depois, se este reencontro será único ou o primeiro de muitos. Esta incerteza reflete perfeitamente o crescimento inevitável das crianças, que gradualmente abandonam os seus “monstros” imaginários à medida que entram na realidade adulta.

A relação entre Sulley e Boo transformou-se num poderoso símbolo da infância perdida, daquele momento em que deixamos para trás a nossa capacidade de ver magia no mundo quotidiano. O retorno de Sully parece mais um pequeno momento feliz, um retorno momentâneo à infância, que terá de eventualmente chegar a um fim. (Disney+)


The fox and the hound
© 1981 – Walt Disney Productions

7. “Papuça e Dentuça” (1981)

A amizade improvável entre Tod, a raposa, e Copper, o cão de caça, culmina num final que é simultaneamente esperançoso e profundamente melancólico, espelhando a complexidade das relações que desafiam as barreiras naturais.

Após Tod salvar heroicamente a vida de Copper de um urso feroz, arriscando a própria vida ao cair de uma cascata, assistimos a um momento de extraordinária coragem quando Copper se coloca entre Tod e a espingarda de Amos. Neste acto de protecção, Copper escolhe a lealdade ao amigo de infância sobre o seu dever como cão de caça, desafiando não apenas o seu dono, mas toda a ordem natural que os separara.

O olhar final que Tod e Copper trocam, antes de seguirem os seus caminhos, captura perfeitamente a essência agridoce do amadurecimento. Por vezes, as amizades mais profundas não podem existir no dia-a-dia, mas permanecem imortalizadas nas memórias partilhadas, como ecoa a voz final das suas versões jovens afirmando a sua amizade eterna. (Disney+)


Old Yeller
© 1957 – Walt Disney Studios. All rights reserved.

6. “O Rapaz e o Cão” (1957)

Poucos finais na história do cinema infantil são tão brutalmente honestos quanto o de “O Rapaz e o Cão”, onde um rapaz é forçado a abater o seu próprio cão após este contrair raiva.

Esta história pioneira foi, para muitas crianças, o primeiro confronto com a mortalidade e o conceito do sacrifício por compaixão. Travis não apenas perde o seu melhor amigo, mas é forçado a ser o instrumento dessa perda, numa lição sobre responsabilidade e coragem que transcende o habitual território da Disney.

O que torna este final particularmente devastador é a sua intransigente honestidade. Não há milagres de última hora, não há intervenções mágicas – apenas a crua realidade da vida na fronteira americana, onde o amor por vezes se manifesta nas decisões mais difíceis. (Disney+)


Toy Story 4
Toy Story 4 | © Disney.Pixar

5. “Toy Story 4” (2019)

Depois de três filmes a explorar a relação entre Woody e as crianças que ama, o quarto capítulo conclui-se com uma escolha profundamente significativa: Woody decide ficar com Bo Peep para ajudar a reunir brinquedos perdidos com crianças, proporcionando-lhes a mesma vida significativa que ele próprio teve.

Esta decisão marca a evolução final de Woody, de um brinquedo definido pela sua devoção a uma única criança para alguém que encontra um propósito mais amplo. Após passar todo o filme em busca de significado para a sua existência, ele finalmente descobre uma vocação que transcende a sua relação com Bonnie, enquanto os seus amigos asseguram-lhe que tomarão conta dela na sua ausência.

Assim, o momento culminante, quando Buzz e Woody trocam um último “Para o infinito… e mais além” – uma frase que ganhou camadas progressivas de significado ao longo da saga – transforma-se na perfeita conclusão temática. O que começou como um simples grito de aventura no primeiro filme tornou-se uma profunda reflexão sobre como a vida nos leva por caminhos inesperados, mas potencialmente mais gratificantes do que aqueles que inicialmente imaginámos para nós próprios. (Disney+)

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bridge to terabithia - Disney
©Walt Disney

4. “O Segredo de Terabítia” (2007)

Embora menos conhecido que outros títulos nesta lista, “O Segredo de Terabítia” oferece um dos finais mais devastadores do universo Disney, abordando frontalmente o tema da morte inesperada e a culpa do sobrevivente.

Quando Leslie morre ao tentar atravessar sozinha para Terabithia, Jess é confrontado não apenas com a perda da sua melhor amiga, mas também com um sentimento avassalador de culpa por não a ter convidado para a sua viagem ao museu. Esta exploração da culpa associada ao luto é invulgarmente madura para um filme destinado a crianças.

O processo de aceitação de Jess, culminando na construção de uma ponte mais sólida para Terabithia e na partilha deste mundo imaginário com a sua irmã mais nova, oferece uma metáfora poderosa sobre como honramos aqueles que perdemos: não através do sofrimento perpétuo, mas continuando a construir sobre os sonhos que partilhámos.


Coco Disney
© 2017 Disney/Pixar. All Rights Reserved.

3. “Coco” (2017)

O reencontro final entre Miguel e a sua bisavó Coco, onde ele canta “Remember Me” para despertar as suas memórias, é unanimemente considerado um dos momentos mais comoventes da história recente da animação.

A beleza deste final reside na sua capacidade de transformar uma canção que inicialmente parecia egoísta numa profunda expressão de amor paternal. Héctor escrevera-a não como um hino à sua própria glória, mas como uma promessa à sua filha de que estaria presente na sua memória.

Assim, este final explora com sensibilidade a ideia de que a morte física não é o verdadeiro fim – esse só ocorre quando somos esquecidos por aqueles que amamos. A reconciliação de Coco com as memórias do seu pai, momentos antes da sua própria morte, representa inegavelmente um ciclo completo de cura familiar que transcende gerações e até a fronteira entre a vida e a morte. (Disney+)


Inside Out Disney
© 2015 – Disney/Pixar

2. “Divertida-Mente” (2015)

Quando Riley finalmente chora, admitindo aos pais que sente falta da sua vida em Minnesota, assistimos a um dos momentos mais catárticos do cinema moderno. É um final que valida a tristeza como uma emoção necessária e importante.

A evolução de Tristeza, de uma personagem inicialmente vista como um impedimento para o elemento fundamental da estabilidade emocional de Riley, desafia a narrativa predominante nos filmes infantis de que devemos estar sempre felizes. A cena em que Alegria finalmente compreende o valor da Tristeza oferece uma lição psicológica sofisticada disfarçada de entretenimento.

A consola de memórias atualizada, com esferas que combinam várias emoções, representa uma verdade profunda sobre o amadurecimento: a capacidade de sentir emoções complexas e por vezes contraditórias simultaneamente. Não se trata de substituir a felicidade da infância, mas de enriquecê-la com a profundidade emocional que advém da experiência. (Disney+)


Toy Story 3 ending Disney
© Disney.Pixar

1. “Toy Story 3” (2010)

No topo da nossa lista, encontramos o incrivel final de Toy Story 3. Andy, agora adulto, passa os seus brinquedos adorados para uma nova criança antes de partir para a universidade.

A sequência em que os brinquedos, de mãos dadas, enfrentam as chamas do incinerador, aparentemente resignados a um fim conjunto, representa um momento de aceitação existencial raramente visto na animação infantil. Quando são salvos pela “The Claw”, a sensação de alívio é quase espiritual.

Mas é a cena final, onde Andy brinca uma última vez com os seus brinquedos, que concretiza o tema central da série. O crescimento implica deixar partir, mas nunca esquecer. Quando Andy diz “Thank you, guys” e Woody sussurra “So long, partner”, não é apenas uma despedida entre um rapaz e os seus brinquedos – é um adeus a toda uma era da animação e da nossa própria infância coletiva. (Disney+)

Desta forma, os finais da Disney provam que felicidade e lágrimas podem coexistir. Por um lado, celebram conquistas; por outro, confrontam-nos com perdas inevitáveis. Assim, cada despedida, sacrifício ou promessa cumprida ensina que a vida é feita de contrastes. Hoje, amanhã ou daqui a décadas, esses momentos continuarão a ecoar. Por isso, mais que entretenimento, são lições disfarçadas de fantasia. No fundo, o verdadeiro “felizes para sempre” está na capacidade de guardar na memória a beleza fugaz que nos transformou. Afinal, é nesse equilíbrio agridoce que reside a magia imortal destas histórias.

Qual destes finais te deixou mais emocionado e porquê? Partilha connosco nos comentários a tua experiência com estes finais emocionais.




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