Disney: Os 10 filmes com os finais mais tristes
Nem todos os finais felizes da Disney são criados de igual forma – e alguns, bem, não são propriamente felizes.
A Disney, conhecida mundialmente por criar mundos de fantasia e magia, tem também uma notável capacidade para nos arrancar lágrimas nos momentos menos esperados. Por detrás do brilho e dos sonhos concretizados, escondem-se finais que desafiam a própria noção de “felizes para sempre”, deixando-nos com um nó na garganta e uma sensação agridoce que permanece muito depois de os créditos. Neste artigo, debruçamo-nos sobre os dez finais mais comoventes do universo Disney, aqueles que transformaram as nossas sessões de cinema em autênticas provações emocionais.
10. “Aladdin” (1992)
A história do rapaz que se apaixona por uma princesa termina com o Génio a ganhar a sua liberdade, num ato que ainda hoje comove. É um final aparentemente feliz, mas carregado de uma profunda melancolia.
O sacrifício do Génio, magistralmente interpretado por Robin Williams na versão original, representa uma despedida. Aladdin abdica do seu último desejo para libertar o amigo, demonstrando que a amizade verdadeira implica, por vezes, deixar partir quem amamos, mesmo quando isso nos deixa mais vulneráveis.
Esta despedida ganha contornos ainda mais dolorosos quando recordamos o legado do próprio Robin Williams. A sua interpretação vibrante e inesquecível do Génio tornou-se ainda mais preciosa após a sua trágica partida, adicionando uma camada extra de emoção a este adeus cinematográfico. (Disney+)
9. “Up: Altamente!” (2009)
O final de “Up” culmina a jornada emocional de Carl com momentos de ternura que contrastam com a devastadora introdução do filme. Na cidade, a cerimónia dos Exploradores Seniores finalmente começa, e Russell sobe ao palco para receber a sua condecoração.
Quando o apresentador pede que alguém represente Russell, Carl aparece precisamente a tempo, entregando-lhe o distintivo da carica de refrigerante que Ellie lhe tinha dado na infância. Este simples gesto simboliza a transferência do legado de Ellie e a aceitação de Carl da sua nova família improvisada.
A cena final mostra Carl e Russell sentados num passeio, a comer gelados. Contam os carros vermelhos e azuis que passam, um jogo simples que rapidamente se transforma numa brincadeira onde apontam para tudo e para nada – uma boca de incêndio, um balão – num momento de pura felicidade partilhada. O filme encerra com uma vista das Cataratas Paraíso, revelando que a casa de Carl pousou exatamente no local que Ellie sempre sonhara, completando uma promessa de vida inteira de forma inesperada mas perfeitamente adequada. Um final positivo mas agridoce, sobre o respeito por aqueles que perdemos e a aceitação de novas ligações nas nossas vidas. (Disney+)
8. “Monstros e Companhia” (2001)
A porta de Boo reconstrói-se, peça por peça, e o sorriso de Sulley ilumina-se quando a vê novamente. Contudo, este final deixa-nos com uma sensação agridoce que transcende o tradicional “felizes para sempre”.
O reencontro é apenas isso – um breve momento. Nunca nos é mostrado o que acontece depois, se este reencontro será único ou o primeiro de muitos. Esta incerteza reflete perfeitamente o crescimento inevitável das crianças, que gradualmente abandonam os seus “monstros” imaginários à medida que entram na realidade adulta.
A relação entre Sulley e Boo transformou-se num poderoso símbolo da infância perdida, daquele momento em que deixamos para trás a nossa capacidade de ver magia no mundo quotidiano. O retorno de Sully parece mais um pequeno momento feliz, um retorno momentâneo à infância, que terá de eventualmente chegar a um fim. (Disney+)
7. “Papuça e Dentuça” (1981)
A amizade improvável entre Tod, a raposa, e Copper, o cão de caça, culmina num final que é simultaneamente esperançoso e profundamente melancólico, espelhando a complexidade das relações que desafiam as barreiras naturais.
Após Tod salvar heroicamente a vida de Copper de um urso feroz, arriscando a própria vida ao cair de uma cascata, assistimos a um momento de extraordinária coragem quando Copper se coloca entre Tod e a espingarda de Amos. Neste acto de protecção, Copper escolhe a lealdade ao amigo de infância sobre o seu dever como cão de caça, desafiando não apenas o seu dono, mas toda a ordem natural que os separara.
O olhar final que Tod e Copper trocam, antes de seguirem os seus caminhos, captura perfeitamente a essência agridoce do amadurecimento. Por vezes, as amizades mais profundas não podem existir no dia-a-dia, mas permanecem imortalizadas nas memórias partilhadas, como ecoa a voz final das suas versões jovens afirmando a sua amizade eterna. (Disney+)
6. “O Rapaz e o Cão” (1957)
Poucos finais na história do cinema infantil são tão brutalmente honestos quanto o de “O Rapaz e o Cão”, onde um rapaz é forçado a abater o seu próprio cão após este contrair raiva.
Esta história pioneira foi, para muitas crianças, o primeiro confronto com a mortalidade e o conceito do sacrifício por compaixão. Travis não apenas perde o seu melhor amigo, mas é forçado a ser o instrumento dessa perda, numa lição sobre responsabilidade e coragem que transcende o habitual território da Disney.
O que torna este final particularmente devastador é a sua intransigente honestidade. Não há milagres de última hora, não há intervenções mágicas – apenas a crua realidade da vida na fronteira americana, onde o amor por vezes se manifesta nas decisões mais difíceis. (Disney+)
5. “Toy Story 4” (2019)
Depois de três filmes a explorar a relação entre Woody e as crianças que ama, o quarto capítulo conclui-se com uma escolha profundamente significativa: Woody decide ficar com Bo Peep para ajudar a reunir brinquedos perdidos com crianças, proporcionando-lhes a mesma vida significativa que ele próprio teve.
Esta decisão marca a evolução final de Woody, de um brinquedo definido pela sua devoção a uma única criança para alguém que encontra um propósito mais amplo. Após passar todo o filme em busca de significado para a sua existência, ele finalmente descobre uma vocação que transcende a sua relação com Bonnie, enquanto os seus amigos asseguram-lhe que tomarão conta dela na sua ausência.
Assim, o momento culminante, quando Buzz e Woody trocam um último “Para o infinito… e mais além” – uma frase que ganhou camadas progressivas de significado ao longo da saga – transforma-se na perfeita conclusão temática. O que começou como um simples grito de aventura no primeiro filme tornou-se uma profunda reflexão sobre como a vida nos leva por caminhos inesperados, mas potencialmente mais gratificantes do que aqueles que inicialmente imaginámos para nós próprios. (Disney+)
4. “O Segredo de Terabítia” (2007)
Embora menos conhecido que outros títulos nesta lista, “O Segredo de Terabítia” oferece um dos finais mais devastadores do universo Disney, abordando frontalmente o tema da morte inesperada e a culpa do sobrevivente.
Quando Leslie morre ao tentar atravessar sozinha para Terabithia, Jess é confrontado não apenas com a perda da sua melhor amiga, mas também com um sentimento avassalador de culpa por não a ter convidado para a sua viagem ao museu. Esta exploração da culpa associada ao luto é invulgarmente madura para um filme destinado a crianças.
O processo de aceitação de Jess, culminando na construção de uma ponte mais sólida para Terabithia e na partilha deste mundo imaginário com a sua irmã mais nova, oferece uma metáfora poderosa sobre como honramos aqueles que perdemos: não através do sofrimento perpétuo, mas continuando a construir sobre os sonhos que partilhámos.
3. “Coco” (2017)
O reencontro final entre Miguel e a sua bisavó Coco, onde ele canta “Remember Me” para despertar as suas memórias, é unanimemente considerado um dos momentos mais comoventes da história recente da animação.
A beleza deste final reside na sua capacidade de transformar uma canção que inicialmente parecia egoísta numa profunda expressão de amor paternal. Héctor escrevera-a não como um hino à sua própria glória, mas como uma promessa à sua filha de que estaria presente na sua memória.
Assim, este final explora com sensibilidade a ideia de que a morte física não é o verdadeiro fim – esse só ocorre quando somos esquecidos por aqueles que amamos. A reconciliação de Coco com as memórias do seu pai, momentos antes da sua própria morte, representa inegavelmente um ciclo completo de cura familiar que transcende gerações e até a fronteira entre a vida e a morte. (Disney+)
2. “Divertida-Mente” (2015)
Quando Riley finalmente chora, admitindo aos pais que sente falta da sua vida em Minnesota, assistimos a um dos momentos mais catárticos do cinema moderno. É um final que valida a tristeza como uma emoção necessária e importante.
A evolução de Tristeza, de uma personagem inicialmente vista como um impedimento para o elemento fundamental da estabilidade emocional de Riley, desafia a narrativa predominante nos filmes infantis de que devemos estar sempre felizes. A cena em que Alegria finalmente compreende o valor da Tristeza oferece uma lição psicológica sofisticada disfarçada de entretenimento.
A consola de memórias atualizada, com esferas que combinam várias emoções, representa uma verdade profunda sobre o amadurecimento: a capacidade de sentir emoções complexas e por vezes contraditórias simultaneamente. Não se trata de substituir a felicidade da infância, mas de enriquecê-la com a profundidade emocional que advém da experiência. (Disney+)
1. “Toy Story 3” (2010)
No topo da nossa lista, encontramos o incrivel final de Toy Story 3. Andy, agora adulto, passa os seus brinquedos adorados para uma nova criança antes de partir para a universidade.
A sequência em que os brinquedos, de mãos dadas, enfrentam as chamas do incinerador, aparentemente resignados a um fim conjunto, representa um momento de aceitação existencial raramente visto na animação infantil. Quando são salvos pela “The Claw”, a sensação de alívio é quase espiritual.
Mas é a cena final, onde Andy brinca uma última vez com os seus brinquedos, que concretiza o tema central da série. O crescimento implica deixar partir, mas nunca esquecer. Quando Andy diz “Thank you, guys” e Woody sussurra “So long, partner”, não é apenas uma despedida entre um rapaz e os seus brinquedos – é um adeus a toda uma era da animação e da nossa própria infância coletiva. (Disney+)
Desta forma, os finais da Disney provam que felicidade e lágrimas podem coexistir. Por um lado, celebram conquistas; por outro, confrontam-nos com perdas inevitáveis. Assim, cada despedida, sacrifício ou promessa cumprida ensina que a vida é feita de contrastes. Hoje, amanhã ou daqui a décadas, esses momentos continuarão a ecoar. Por isso, mais que entretenimento, são lições disfarçadas de fantasia. No fundo, o verdadeiro “felizes para sempre” está na capacidade de guardar na memória a beleza fugaz que nos transformou. Afinal, é nesse equilíbrio agridoce que reside a magia imortal destas histórias.
Qual destes finais te deixou mais emocionado e porquê? Partilha connosco nos comentários a tua experiência com estes finais emocionais.