Eddington, a Crítica | Ari Aster arrisca tudo com presença no Festival de Cannes
Ari Aster é um realizador que arrisca muito, tanto nas suas histórias como na sua realização. Essa coragem ou originalidade, conquistou muitos fãs, sobretudo no cinema de terror, com “Midsommar” e “Hereditary“. Dizem que este é um realizador que se adora ou se odeia, no entanto, este seu novo filme parece ser a sua rendição às massas. “Eddington” é ambientado numa pequena cidade ficcional, no Novo México e, resumidamente, acompanha a vida dos habitantes desta cidade, durante o Covid19.
A sátira e comentário social do filme, juntamente com os ótimos atores, os temas globais que aborda e a violência que vem num crescendo, são pontos que facilmente vão agradar a várias pessoas.
“Eddington” é um filme ambíguo
Lá está, “Eddington” não é um dos filmes que se adora ou se odeia, está no meio e todos nos conseguimos rever em certos momentos do filme e rir de um problema que foi comum a todo o mundo, a pandemia.
Assim, o filme de Ari Aster acaba por ser muito ambíguo, nenhuma personagem é totalmente boa ou totalmente má. O realizador tenta mostrar todas as perspectivas e satirizar todos os pontos de vista, na tentativa de retratar, principalmente, a experiência americana do Covid19.
Nesse sentido, é um filme que dispara para todos os lados, e com o seu longo runtime de duas horas e meia, por vezes torna-se um bocadinho confuso, desgastante e até pretensioso. Ainda assim, o realizador, Ari Aster, partilhou na conferência de imprensa, que o seu objetivo é mesmo que o filme e as suas personagens sejam ambíguas e a mensagem que quer passar, e que as pessoas precisam de voltar a se reconectar.
Assim, as redes sociais e a comunidade online são um dos principais temas do filme. Não querendo culpar as redes sociais e todos os males do mundo, Ari Aster satiriza e promove a reflexão sobre a importância de filtrar o que vemos nas redes sociais.
Um elenco de talentos
O elenco de “Eddington” tinha de acompanhar a popularidade do realizador. Assim, o cast e formado por Joaquin Phoenix, Pedro Pascal, Emma Stone e Austin Butler. No entanto, o filme foca-se particularmente na história de Joaquin Phoenix, o Xerife da cidade.
Por isso, o restante cast parece talento desperdiçado. Claro que estão ótimos nos seus papéis e são excelentes personagens secundárias, mas fica sempre a sensação de que queríamos ver mais deles.
Uma mistura de géneros
Mesmo tendo as suas falhas, “Eddington” acaba por ter uma análise social e mistura de géneros de cinema bastante interessantes. Tem humor, atenção, um humor muito negro (mas impossível de não rir, tem drama e ainda e um Western.
Fazendo aqui um paralelismo, este filme é um cruzamento entre “Parasite” e “No Country For Old Man”. O filme replica a fórmula de “Parasite”, com um plot que vai em crescendo, ficando mais rápido e mais louco na contagem decrescente para o final.
“Eddington” leva-nos numa direção que não esperávamos no inicio do filme, e a análise extrema do que pode acontecer quando o mundo entra em isolamento e conflito.