Evil Dead – A Noite dos Mortos Vivos, em análise

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  • Título Original: Evil Dead
  • Realizador:  Fede Alvarez
  • Elenco: Jane Levy, Shiloh Fernandez, Lou Taylor Pucci
  • CTW | 2013 | Terror | 91 min

Classificação:

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A espera foi impaciente e o momento do regresso de “Evil Dead” chegou, desta vez pela direção de Fede Alvarez, mas com o aval na produção das forças motrizes do original, Sam Raimi e Bruce Campbell, o eterno Ash.

Em “A Noite dos Mortos Vivos”, Mia e David são dois irmãos distantes cuja mãe faleceu recentemente e que decidem reunir-se numa cabana com vários amigos de infância para realizarem uma intervenção a Mia, uma crónica viciada em drogas que se quer reabilitar. Na cabana isolada, Mia atira as suas últimas doses de droga para um poço, começando assim a enfrentar os debilitantes sintomas da desintoxicação. Entretanto, um elemento do grupo descobre o Livro dos Mortos e fica obcecado pela sua transcrição e tradução. Mal saberia qualquer um deles que o que estaria para acontecer libertaria um perigoso demónio que promete destruir tudo e todos, deixando um rasto sangrento inimaginável.

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A reimaginação do clássico de culto tem em falta muitos dos elementos extravagantes que tornaram o original tão delicioso – na verdade, o tom é manifestamente diferente, pairando constantemente uma aura negra sobre a versão de Alvarez, enquanto recordamos a de Raimi com o sorriso matreiro e desconfortável.

Todavia, vale a pena tirar o chapéu à diferença. O ponto de partida da mudança é inteligente, aproveitando o que o original tinha mais fraco – a história – e desenvolvê-lo. Se na versão de Raimi os estudantes de reuniam porque sim, desta feita existe uma finalidade muito específica e importante para a interpretação do filme – atacar o problema de dependência de Mia, que, juntamente com o enredo desgraçado que já conhecemos, constitui uma sólida alegoria, onde o vício representa a possessão e vice-versa.

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Funciona, é verdade, mas para elevação maior do novo filme, esperava-se ainda algo mais, pois a tal reflexão acaba tantas vezes perdida (ou mesmo esquecida) num mar de sangue, tripas e desmembramentos. É quase uma existência esquizofrénica, que tenta respirar num cerne de enredo fresco, mas que se sente na obrigação de revisitar uma série de lugares familiares que entusiasmam a plateia, diga-se, mas acabam por diluir a potencialidade da originalidade das decisões criativas de Alvarez e companhia.

Muita tinta já correu sobre os níveis de gore e violência no remake de Alvarez, pelo que acrescentaremos apenas o seguinte, em consciente tom de provocação: fazem a versão de Sam Raimi parecer um episódio dos Teletubbies – ainda que devamos recordar que esta mantém, até hoje, um rating X atribuído pela Motion Picture Association of America.

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Não é habitual no Cinema de terror reservar grandes destaques ao elenco, mas neste caso em particular é imperativo dar todo o crédito e mais algum a Jane Levy que carrega autenticamente o filme às costas, e consegue prover com bastante eficiência (e sacrifício) os diferentes lados da alegoria – quer na configuração frágil do início, quer na sua contínua e radical transformação ao longo dos 90 minutos.

Se secretamente desejavamos algo capaz de superar o original, ainda não foi desta – ainda que tal asserção pareça, por várias razões e contextos, impossível. Mas mesmo sem a personalidade, humor ou o enquadramento de género do original de 1981, a versão de 2013 é um remake acima da média, que honra devidamente a sua origem, enquanto se reimagina para o público do novo milénio, com uma façanha técnica tremenda e uma queda muito particular para sangramentos viscerais, tripas expostas e uma generosa dose da boa e velha ultraviolência.

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