O Medo Come a Alma

Filmes a não perder na Cinemateca Portuguesa em julho (parte 1)

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Eis a nossa recomendação, dos grandes filmes que serão exibidos na Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, no sétimo mês de 2018. 

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Agora que já chegou o verão, e podes aproveitar mais e melhor o teu tempo livre, damos-te a conhecer vários filmes que serão exibidos na Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema em julho. Neste mês, o instituto continua o especial sobre António-Pedro Vasconcelos, com o ciclo a ser titulado com o nome do próprio realizador reconhecidíssimo do público português. “Aqui D’El Rei!” (1991), “Os Imortais” (2003) e “Call Girl” (2007) são alguns dos seus filmes exibidos.

Segue-se o ciclo “Cem Anos do Cinema Polaco”, que celebra os nomes mais emblemáticos vindos do país da Europa Central. Andrzej Wajda, Andrzej Munk, Krzysztof Zanussi, Roman Polanski, Jerzy Skolimowsky, Krzysztof Kieslowski, mas não só, são alguns dos nomes escolhidos para abordagem deste ciclo. Outro ciclo, e talvez aquele que recebe mais atenção, é designado “Feios, Porcos e Maus: Um Olhar Europeu”, numa referência óbvia ao filme “Brutti, Sporchi e Cattivi” (Ettore Scola, 1976) que será projectado pela primeira vez na Cinemateca Portuguesa. No ciclo os filmes italianos são uma constante, com os nomes de Luigi Comencini ou de Mario Monicelli. Segundo o instituto,

Este é um Ciclo, também, que, pegando no que fora proposto em “American Way of Life: Vidas em Crise”, exibido em fevereiro deste ano, olha, desta vez, para a mesma época no cinema europeu e, particularmente, para realizadores e intérpretes cuja reavaliação se torna urgente perante nomes ou filmes canónicos da história do cinema.

E enquanto a Cinemateca Portuguesa não vai de férias (para quem não sabe as salas de cinema estão fechadas em agosto para descanso), o cinema volta à Esplanada do espaço. Nas noites de sexta-feira e de sábado o cinema faz-se ao ar livre, onde o público poderá sentir o cinema em projeções ao bom estilo clássico, com cópias de 35mm. “Bringing Up Baby” ou “Duas Feras” abre este ciclo. Este é o filme rodado no pós-segunda guerra mundial, que queria porventura trazer de volta o riso nos espectadores. Realizado por Howard Hawks, “Duas Feras” conta com duas das maiores estrelas do cinema de Hollywood de sempre: a mítica Katherine Hepburn e o transparente, embora versátil, Cary Grant.

“Les Choses de La Vie”, F.R. 3-7-21h30

Cinemateca Portuguesa
Les choses de la vie

Um homem de meia-idade, arquiteto de profissão, sofre um acidente de viação. Enquanto jaz na erva, gravemente ferido, à espera de socorro, uma série de “flashes” fazem-no evocar a vida com a sua mulher, a separação, a ligação com a amante, o filho e a decisão entre duas mulheres a que um acidente vem pôr termo. “Com o simples plano em que a vemos, com lágrimas de alegria, agarrar o telefone e pedir a uma amiga para lhe emprestar o carro, ela (Romy Schneider) é digna de arrancar lágrimas a quem sabe que o eterno se compõe de efémeros” (Gerard Legrand, Positif). O filme que inaugura a década de ouro do cinema de Claude Sautet, lembrado, também, pelo seu notável trabalho de montagem, e que dá início, numa história de vida ou de morte, a um fulgurante retrato da sociedade francesa. A apresentar em cópia digital.




“Call Girl”, F.R. 4-7-21H30

Cinemateca Portuguesa
Soraia Chaves em Call Girl

Um dos filmes mais célebres de António-Pedro Vasconcelos na década de 2000, CALL GIRL, com argumento de Tiago R. Santos, aborda o submundo da corrupção autárquica, a partir da história de um presidente de câmara (Nicolau Breyner), tido como “autarca-modelo”, que se envolve com uma prostituta de luxo (Soraia Chaves) e é, depois, chantageado em benefício de interesses obscuros. Primeira exibição na Cinemateca




“Dlug”, F.R. 5-7-21h30

Cinemateca Portuguesa
THE DEBT, Andrzej Chyra, 1999

Krzysztof Krauze (1953-2014) estreou-se em 1988, mas fez quase toda a sua carreira na Polónia pós-comunista. Baseado num facto verídico, DŁUG, a sua terceira longa-metragem, é uma espécie de thriller. Dois amigos decidem montar um negócio de importação de bicicletas e um colega oferece-se como garantia para um empréstimo bancário. No começo, tudo corre bem, mas o homem começa a exigir juros e comissões elevadíssimos, tornando-se cada vez mais ameaçador. Os dois amigos percebem que caíram numa teia mafiosa e decidem empregar a única linguagem que o outro percebe: a violência. Primeira exibição na Cinemateca.




“Phantom Islands”, F.R. 5-7-21h30

Cinemateca Portuguesa
Phantom Islands

“PHANTOM ISLANDS é um filme experimental que existe na fronteira do cinema documental e de ficção. Segue um casal à deriva, desorientado, na espantosa paisagem das ilhas irlandesas. No entanto, este romance deliberadamente melodramático é constantemente questionado por uma abordagem cinematográfica provocadora que resulta numa investigação hipnótica e visceral à própria possibilidade da objetividade documental”. Dedicado a Marguerite Duras, Jean Epstein e Andrzej Žuławski, PHANTOM ISLANDS – “um filme pictórico” – é o mais recente trabalho de longa-metragem de Rouzbeh Rashidi, e tem sido mostrado em festivais internacionais de cinema e, mais recentemente, no Lincoln Center de Nova Iorque. Primeira exibição em Portugal.

“Phantom Islands” é um filme em antestreia na Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema.




“O Comerciante das Quatro Estações”, F.R. 6-7-21H30

Cinemateca Portuguesa
O Comerciante das Quatro Estações

Um homem regressa a casa e tenta reconstruir a sua vida laboral e conjugal ao tornar-se num mercador de fruta, ajudado pela sua mulher e outro homem, poucos anos depois do final da guerra. Num dos melhores filmes de toda a obra de Fassbinder, este pequeno conjunto de personagens irá oferecer um olhar humano e fulminante sobre os fantasmas, as divisões, a violência e a autodestruição de uma sociedade, e dos seus cidadãos, que tenta conviver com um passado irreconciliável com a própria vida. Uma obra determinante do cinema europeu do pós-guerra e da carreira de Fassbinder.




“Bringing Up Baby”,  F.R. 6-7-22h30

Cinemateca Portuguesa
Bringing Up Baby

Uma das comédias mais geniais de toda a história do cinema, BRINGING UP BABY poderia suscitar volumes de análise, de tal maneira há sentidos escondidos por detrás das aparências. Entre o osso que falta a um dinossáurio e um par de leopardos, entre uma rica herdeira e um professor aluado, o filme é uma sucessão de armadilhas e de situações burlescas. Simplesmente irresistível.




“Terra Prometida”, F.R. 7-7-21H30

Cinemateca Portuguesa
Terra Prometida

Um dos filmes mais aclamados de Wajda, ambientado em finais do século XIX em Lodz, então em plena industrialização. Três homens provenientes de meios diferentes associam-se, decididos a ficarem ricos a qualquer preço na indústria têxtil. Com um ritmo imparável e desempenhos excecionais dos atores, o filme mostra magnificamente a ferocidade do processo de enriquecimento, a falta de escrúpulos dos patrões e também o nascimento de uma consciência operária. Nomeado para um Óscar, TERRA PROMETIDA não é mostrado na Cinemateca desde 2009.




“Man’s Favorite Sport?”, F.R. 7-7-22H30

Cinemateca Portuguesa
Man’s Favorite Sport?

A última comédia de Hawks, prodigiosa incursão na guerra dos sexos, onde a mulher tem o papel ativo. Em MAN’S FAVORITE SPORT? é Paula Prentiss, herdeira do estilo azougado de Carole Lombard, que conduz o jogo de sedução e conquista de um vendedor de artigos de pesca e autor de um “best-seller” do género, Rock Hudson. Mestre na teoria, é um desastre na prática. Na pesca e nos jogos do amor.




“Chamamento”, L.P. 9-7-18H30

Cinemateca Portuguesa
Chamamento

Henryk Szaro (nascido em 1900, morto em 1942, na insurreição do gueto judeu de Varsóvia) realizou o seu primeiro filme em 1925, quando o cinema polaco arrancava com dificuldades depois da independência, com o encerramento de cerca de metade das salas e uma produção pouco estruturada. ZEW MORZA é um drama romântico. O filho de um moleiro torna–se marinheiro e ao cabo de doze anos volta para a casa dos pais. Entretanto, a sua “prometida” cedeu à pressão familiar e estás prestes a casar-se com um velho rico. O rapaz foge, mas cai nas malhas de uma quadrilha de contrabandistas. A apresentar em cópia restaurada e musicada.




“O Dia do Maluco”, L.P. 10-7-19H

Cinemateca Portuguesa
Dzien Swira

Ativo desde 1985, Marek Koterski realizou sete longas–metragens à data de hoje, a mais recente das quais no corrente ano. DZIEN SWIRA é um dos seus filmes mais conhecidos. Trata-se de uma comédia em ritmo acelerado, quase à “screwball”, protagonizada por um professor misantropo, que fala muito e age pouco, irritado com o mundo contemporâneo e com saudades dos amores passados. Uma sátira impiedosa, em que cada “gag” é levado ao limite. Primeira exibição na Cinemateca.




“Delitto d’Amore”, F.R. 12-7-18H30

Cinemateca Portuguesa

No núcleo da história de DELITTO D’AMORE vive a paixão entre dois jovens operários fabris, um do Norte (ele, Nullo) e outro do Sul de Itália (ela, Carmela). O filme de Comencini, em registo drama social e num pano de fundo político, resulta numa dilacerante história de amor de duas jovens vidas entregues à mecanização do trabalho, numa paisagem presa à exploração industrial, e aos conflitos de uma sociedade italiana fatalmente separada entre os seus diferentes códigos, as suas raízes, e os olhares sobre a vida. Uma obra inesquecível, na carreira de Comencini, aliada à pungente banda sonora de Carlo Rustichelli, que toca no nervo das nossas emoções.




“Quando o Amor Acaba”, F.R. 13-7-19H

Cinemateca Portuguesa
Quando o Amor Acaba

O primeiro grande êxito de Pialat, que valeu a Jean Yanne o prémio de melhor interpretação masculina no Festival de Cannes. Pialat abordou um dos temas mais frequentes no cinema francês: a crise de um casal, com o rancor e a incerteza, nas suas personagens (fruto de um intenso trabalho com os atores), que viria a caracterizar a sua carreira. Graças à capacidade de trabalhar em blocos dramáticos intensos e concentrados, Pialat deu a este filme autobiográfico uma enorme força, filmando os atores como se se tratasse de um documentário e oferecendo, aos espectadores, uma história de amor onde nada se encontra garantido — apenas a sensação de que o sentimento imenso de uma relação se encontra apenas destinado, tal como as nossas vidas, a encontrar o seu próprio fim. A apresentar em cópia digital.




“Once Upon a Honeymoon”, F.R. 13-7-22H30

Cinemateca Portuguesa
Once Upon a Honeymoon

ONCE UPON A HONEYMOON é uma comédia dramática ambientada durante a Segunda Guerra Mundial, com Cary Grant na pele de um jornalista que procura desmascarar um agente nazi durante a sua falsa lua de mel (McCarey mostra a viagem de núpcias em paralelo com o avanço dos nazis pela Europa), conquistando a mulher deste (Ginger Rogers, naturalmente) para o seu campo.




“O Medo Come a Alma”, F.R. 14-7-21H30

Cinemateca Portuguesa
O Medo Come a Alma

ANGST ESSEN SEELE AUF é um remake peculiar de ALL THAT HEAVEN ALLOWS, de Douglas Sirk, mas sem evocar o contexto visual artificial do cinema americano, contrariamente ao que Fassbinder faria, posteriormente, num filme como MARTHA. Com esta história da ligação entre uma mulher de limpeza alemã de meia-idade e um imigrante árabe mais novo do que ela, Fassbinder fez um filme profundamente político e revelador, ainda hoje, do olhar que o continente europeu mostra sobre cidadãos refugiados e imigrantes, assinando, paralelamente, uma extraordinária história de amor entre duas personagens cujas vidas se cruzam para combater o seu destino (a solidão, a xenofobia, o medo que come as suas almas). Um filme essencial da década de setenta do cinema europeu.




“O Extravagante Sr. Ruggles, Ou O Último Escravo”, F.R. 14-07-22H30

Cinemateca Portuguesa
Ruggles of Red Gap

Obra-prima de Leo McCarey e uma das mais carismáticas interpretações de Charles Laughton, no papel de um típico mordomo britânico, “ganho” ao póquer por um americano novo-rico que vem “descobrir” a Europa. Levado para o Oeste, o Sr. Ruggles vai conquistar a liberdade, a igualdade e o respeito de todos, numa das mais inventivas comédias americanas dos anos trinta.




“Aqui D’El Rei!”, F.R. 16-07-19H 

Cinemateca Portuguesa
Aqui D’El Rei! 

Com um elenco impressionante, que reúne atores portugueses de vários gerações e atores estrangeiros de nomeada (com Jean-Pierre Cassel, que foi ator de Renoir e de Buñuel), AQUI D’EL REI! foi, em termos de produção, o mais ambicioso projeto de António-Pedro Vasconcelos, um fresco histórico sobre a expedição de Mouzinho de Albuquerque a Moçambique, em finais do século XIX, para capturar e trazer Gungunhana para Lisboa. Vamos exibir a versão de série televisiva em três episódios, aquela que o realizador reconhece como ideal, com cerca de hora e meia mais do que a montagem para sala de cinema. Primeira exibição na Cinemateca desta versão.

 Mais informações sobre a programação podem ser consultadas aqui. Os bilhetes podem ser adquiridos na bilheteira da Cinemateca Portuguesa ou em bol

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