Only Lovers Are Left Alive © Sony Pictures Classics

Filmes a não perder na Cinemateca Portuguesa em julho (Parte II)

A Cinemateca Portuguesa apresenta em julho novos filmes na Esplanada e lembra os filmes que representam a noite. 

Antes de ir de férias em agosto, a Cinemateca Portuguesa apresenta durante os últimos dias de julho o melhor do cinema português, mas também estreias exclusivas e um especial sobre a Noite. Durante todo o mês de julho, a programação da Cinemateca está assente nas seguintes rubricas:

  • Cinema na Esplanada
  • A Noite
  • Jean-Clause Brisseau
  • Herman Melville no Cinema
  • Filmes Portugueses Legendados
  • Noites de Ouro 2019
  • Sessão Antecipação DocLisboa 2019

Entre as diferentes seções da programação da Cinemateca Portuguesa de destacar essencialmente o regresso de “Cinema na Esplanada”. A esplanada da Cinemateca Portuguesa é o local mais adorado pelos fãs de filmes independentes, clássicos, alternativos que normalmente são exibidos ao público nesse espaço.

“Only Lovers Are Left Alive”, obra de Jim Jarmusch com Tilda Swinton e Tom Hiddleston chega à Cinemateca Portuguesa, para celebrar o novo filme do cineasta independente sobre zombies: “Os Mortos Não Morrem”, estreado no passado dia 20 de junho nas salas de cinema comerciais.

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Filmes portugueses legendados exibidos Cinemateca

Morrer Como Um Homem
Morrer Como Um Homem © Rosa Filmes

De destacar ainda a exibição de filmes portugueses legendados pela Cinemateca Portuguesa ao longo de quinze dias do mês de julho.

A tradição começou em 2015 na instituição, e procura promover uma mostra eclética de filmes portugueses em cópias legendadas em línguas estrangeiras (inglês e francês). O objetivo é fazer chegar a cultura portuguesa a todos, sendo também Lisboa uma cidade cada vez mais dada aos estrangeiros. Segundo a Cinemateca,

Confrontando títulos e autores de épocas e registos diferentes, a regra é, acima de tudo, a da variação, assim como a do desafio a um conhecimento mais vasto por parte de outros públicos.

Estes novos públicos terão acesso a filmes como “Morrer Como um Homem”, de João Pedro Rodrigues, “A Caixa”, de Manoel de Oliveira, “Corte de Cabelo”, de Joaquim Sapinho e “O Processo do Rei”, de João Mário Grilo. Conhece a programação completa neste artigo.

Os filmes escolhidos para os ciclos da Cinemateca do mês de julho refletem uma programação cada vez mais distinta. Conhece o horário dos filmes da Cinemateca em julho, bem como a respetiva sala de exibição. 




“John Carpenter’s Ghosts of Mars”, 17-07-15h30 | F.R.

Ghosts on Mars
Ghosts on Mars © Storm King Productions

Marte, 2176: uma série de assassinatos em massa ocorre em colónias que os terrestres criaram no planeta vermelho, graças aos fantasmas de antigos habitantes, sendo uma mulher polícia e um condenado a conduzir os sobreviventes. A história é contada em flashbacks, explicitando como uma civilização adormecida está a vingar‐se dos humanos que colonizaram Marte. É uma obra fundamental do cinema do início do segundo milénio. Mais do que ficção científica, é no território do western que o próprio John Carpenter situou o filme, notando “a natureza humana segue‐nos onde quer que vivamos”. Um “ghosts of western”, chamou‐lhe Manuel Cintra Ferreira.




“Noce Blanche”, 17-07-18h30 | F.R.

Um dos filmes de Brisseau imediatamente mais reconhecidos: Vanessa Paradis, que se estreava no cinema, conquistou um César de “melhor esperança feminina”. NOCE BLANCHE é uma incursão arriscadíssima de Brisseau (e porventura o seu filme mais rohmeriano) no tema do amor “proibido”, narrando a paixão nascida entre uma adolescente (Paradis) e o seu professor de filosofia (outra vez Bruno Crémer, por estes anos o ator-chave de Brisseau). A apresentar em cópia digital em primeira exibição na Cinemateca. Texto Cinemateca

“La Notte”, 19-07-15h30 | F.R.

A Noite
La Notte © Nepi Film

Segundo filme da “trilogia dos sentimentos” de Antonioni (L’AVVENTURA, LA NOTTE, L’ECLISSE), o autor que mudou alguma coisa no cinema com a “desconstrução da narrativa”. LA NOTTE é um filme “puro como a noite”, como escreveu à época um crítico francês, no qual vemos a morte do amor ao longo de uma noite de agonia. É sob o signo da morte que o filme começa, com o casal em crise visitando um amigo moribundo, que fora amante da mulher. Na reunião mundana da noite, o desespero, a náusea, a alienação dos sentimentos, levam ao confronto, à separação e a uma reconciliação que mais parece um ato de desespero. “Non ti amo più, e neanche tu mi ami più.” Texto Cinemateca




“They Drive by Night”, 19-07-22h30 | Esplanada

Cinemateca
They Drive By Night © Warner Bros.

Pela última vez Humphrey Bogart aparece num papel secundário, apesar de importante. Logo a seguir o mesmo realizador, Raoul Walsh, dar‐lhe‐ia o seu primeiro grande papel como star em HIGH SIERRA. Em THEY DRIVE BY NIGHT, Bogart é o irmão de Raft, ambos condutores de camiões de transporte em luta contra uma organização, e protagonistas de uma história em que participam Scheridan e Lupino. “No Picture in 1940 will have bigger thrills!”, apregoava o cartaz da Warner Bros, remetendo para o realismo social de que o filme se faz tanto como se compõe de outras menos literais, e mais passionais, travessias noturnas. Texto Cinemateca




“Shadows” e “Belarmino”, 20-07-15h30 | F.R.

Cinemateca
Shadows © Criterion Collection

SHADOWS foi a primeira longa-metragem de John Cassavetes, e para muitos o começo da obra do cineasta confunde-se com o nascimento do “novo” cinema independente americano. SHADOWS seria, assim, o seu manifesto. Nesta sua estreia, Cassavetes utilizou técnicas do “cinema direto” e inaugurou um modo de trabalhar com os atores (onde a improvisação é um dado importante) que se tornou porventura na sua mais legítima marca distintiva. Texto Cinemateca

Depois de “Shadows” é apresentado “Belarmino”, um dos filmes mais memoráveis da história do cinema português, e com realização de Fernando Lopes.




“4:44 Last Day on Earth”, 22-07-19h | F.R.

Cinemateca
4:44 Last Day on Earth © IFC Films

Um apaixonado casal nova-iorquino de artistas vive o penúltimo dia das suas vidas no seu apartamento com vista sobre a cidade, porque às 4h44 da madrugada seguinte o planeta vai colapsar esperando-se a extinção total da vida na Terra. Neste filme de Ferrara, cineasta de Nova Iorque, com o apocalipse anunciado por questões ambientais, o fim do mundo é pois literal, não deixando de ser outra coisa, porventura iminentemente romântica, o fim de um mundo. Em entrevistas da altura, Abel Ferrara: “Sou um pessimista no sentido em que não é um filme que vai mudar as coisas antes que estas se tornem um filme de terror.” Primeira exibição na Cinemateca. Texto Cinemateca




 “Choses Secrètes”, 23-07-21h30 | F.R.

Cinemateca
Choses Secrètes © First Run Features

Primeiro título da trilogia concebida por Brisseau e centrada no desejo feminino, como LES ANGES EXTERMINATEURS e À L’AVENTURE (2006 e 2008), CHOSES SECRÈTES tem sido referido como a história de uma tripla aprendizagem, sexual, sentimental e social, reveladora da visão do mundo de Jean-Claude Brisseau, um dos mais singulares cineastas franceses contemporâneos. “É um inquérito terrível sobre o poder e o erotismo, a luta de classes e a guerra dos sexos. Uma obra-prima do cinema francês recente” (Francisco Ferreira, Expresso). Texto Cinemateca




“Party Girl”, 24-07-21h30 | F.R.

Cinemateca
Party Girl © Euterpe

Uma obra-prima de Nicholas Ray que nos leva à Chicago dos anos trinta e ao império dos gangsters, para nos contar a história de amor de um advogado aleijado e corrupto por uma bailarina, a extraordinária personagem de Cyd Charisse. Filmado nas cores magníficas e no CinemaScope que devolvem um sombrio desespero, musical e noir, PARTY GIRL veio a ser o último filme de Ray feito em Hollywood e entusiasmou a crítica europeia da época. Texto Cinemateca




“Morrer Como Um Homem”, 26-07-18h30 | F.R.

João Pedro Rodrigues
Morrer Como Um Homem © Rosa Filmes

Estreado na secção Un Certain Regard do Festival de Cannes, em 2009, MORRER COMO UM HOMEM, terceira longa- -metragem de ficção de João Pedro Rodrigues, foi um dos filmes de maior destaque crítico do cinema português, a surgir a nível internacional nos últimos anos, recriando, a partir de uma história inspirada na vida de Ruth Bryden, famoso travesti português, uma história sobre a noite lisboeta e o estigma de um amor e da sua identidade que nos levam, progressivamente, para o domínio da fábula cinematográfica. Texto Cinemateca




“Only Lovers Left Alive”, 26-07-21h30 | F.R.

Cinemateca
Only Lovers Are Left Alive © Sony Pictures Classics

À superfície, ONLY LOVERS LEFT ALIVE, décima primeira longa- -metragem de Jarmusch, é um filme de vampiros, ambientado na americana e desolada Detroit e na romântica cidade marroquina de Tânger. Mas a história é também um conto de sobrevivência e amor, com um traço de fina ironia: Adam, um músico deprimido de personalidade poética, e a enigmática Eva são amantes de nomes bíblicos (via Mark Twain, The Diaries of Adam and Eve) numa his- tória de séculos vivida entre o idílio e separações geográficas. No momento em que o filme se passa encontram-se num mundo em colapso e cuja “harmonia” é ainda abalada pela irmã dela, incontrolável na sua euforia vampírica. São dos que vivem à noite, claro. Texto Cinemateca




“After Hours”, 27-07-22h30 | Esplanada

Cinemateca
After Hours © Warner Bros.

Nos anos oitenta, após os insucessos comerciais de RAGING BULL e THE KING OF COMEDY e os problemas orçamentais de THE LAST TEMPTATION OF CHRIST, Scorsese quis provar que era capaz de fazer bom cinema, com poucos meios. O resultado foi AFTER HOURS, tragicomédia muito negra, que acompanha a micro- -odisseia do seu protagonista, o informático Paul Hackett, no difícil regresso a casa depois de uma noite que parecia normal. A atmosfera kafkiana, as personagens bizarras e sua dimensão moral labiríntica, são tudo marcas do argumento do estreante Joseph Minion, que deram a Scorsese o prémio de melhor realização em Cannes. E, com ele, um muito almejado “regresso a casa”. É um título que toda a gente conhece, mas não tem sido muito visto. Na Cinemateca, passou pela última vez em 2010. Texto Cinemateca




“A Caixa”, 30-07-18h30 | L.P.

Adaptado de uma peça de Prista Monteiro, A CAIXA (Prémio Especial do Júri no Festival de Veneza) é um dos filmes mais negros e sarcásticos de Oliveira, onde as Escadinhas de São Cristóvão na Mouraria, se transformam num microcosmos dos vícios e virtudes humanas, das fraquezas das pessoas e das crueldades a que recorrem para sobreviver. E no palco da representação de uma farsa. Luis Miguel Cintra interpreta o papel do cego que habita as escadinhas lisboetas e a quem roubam a caixa de esmolas com que ganha a vida.. Texto Cinemateca

“The Last Sunset”, 29-07-15h30 | F.R.

Cinemateca Portuguesa
The Last Sunset © Universal

Aldrich é um grande realizador de westerns e este filme magnífico não é exceção. A situação é clássica do género, uma viagem carregada de tensões. Trata‐se aqui do transporte de uma grande manada de gado, nascendo a tensão do facto de um dos homens ter uma velha paixão pela mulher do dono do gado e de um xerife, que se junta à viagem, querer levá‐lo até ao território onde tem jurisdição, para prendê‐lo. A energia do filme vem da densidade romanesca da narrativa, de um encontro feliz do elenco, da atmosfera crepuscular de que as noites em azul Technicolor são a imagem pungente. Texto Cinemateca

“O Processo do Rei”, 31-07-18h30 | L.P.

Encenação do processo que levou à destituição do Rei D. Afonso VI, O PROCESSO DO REI não é um documentário histórico nem um filme sobre a história (com “h” pequeno ou grande, tanto faz). É uma experiência do passado que, por hora e meia, e por obra e graça de todos estes maravilhosos mecanismos, se transmutou em presente. Fotografia de Eduardo Serra Texto Cinemateca

Mais informações sobre a programação podem ser consultadas aqui. Os bilhetes podem ser adquiridos na bilheteira da Cinemateca Portuguesa ou em bol

Virgílio Jesus

Era uma vez em...Portugal um amante de filmes de Hollywood (e sobre Hollywood). Jornalista e editor de conteúdos digitais em diferentes meios nacionais e internacionais, é um dos especialistas na temporada de prémios da MHD, adepto de todas as formas e loucuras fílmicas, e que está sempre pronto para dois (ou muitos mais!) dedos de conversa com várias personalidades do mundo do entretenimento.

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