Em 19 realizadores de “Game of Thrones”, só uma é mulher

67 episódios, 7 temporadas: e só três mulheres estiveram por detrás das câmaras de “Game of Thrones”. Será que a oitava temporada pode mudar a representação feminina na série mais badalada do momento?

As mais recentes temporadas de “Game of Thrones” assinalaram a ascenção feminina no mundo fictício de Westeros: Daenerys Targaryen na sua jornada na luta pelo trono, a sobrevivência de Sansa Stark nas mãos dos Bolton e o seu regresso a casa, a coragem e a bondade de Margaery Tyrell, a transformação de Arya Stark… e a lista continua.

Mas o mesmo não acontece behind the scenes. Quando olhamos para os realizadores e argumentistas que têm dado vida à série ao longo destas sete temporadas, torna-se óbvio que a presença feminina está em larga desvantagem.

A lista de mulheres à frente de alguns dos episódios resume-se apenas a três nomes. Nas quatro primeiras temporadas da série produzida por  D. B. Weiss e David Benioff, Jane Espenson (argumentista), Vanessa Taylor (argumentista) e Michelle MacLaren (realizadora) escreveram e realizaram um número tão pouco significativo como… oito episódios.

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No que toca às três últimas temporadas, o cenário desilude ainda mais: todos os lugares foram preenchidos por homens. Numa época em que cada vez mais estúdios e produtoras estão atentos à diversidade de género e a uma representação equilibrada, estes números ficam muito aquém do esperado.

A colaboração feminina no mundo cinematográfico e televisivo pode fazer a diferença, ao humanizar a história e conferir-lhe um maior número de nuances. Em “Game of Thrones”, esta disparidade só pode ser justificada com o tamanho limitado da equipa.

Ao invés de o staff aumentar com o crescimento da série, o grupo resume-se, atualmente, a quatro pessoas. Espera-se que Benioff, Weiss, Bryan Cogman e Dave Hill sejam os responsáveis pela oitava temporada.

O envolvimento das mulheres é mais satisfatório ao nível da produção, com Carolyn Strauss e Bernadette Caulfield nos papéis principais. Porém, nenhuma delas possui qualquer influência na narrativa principal.

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Uma das possíveis consequências da falta de representação feminina em “Game of Thrones” tem sido o foco da série, que se tem concentrado cada vez mais na própria história e menos nos próprios personagens. Ultimamente, Cersei, Sansa e Daenerys, por exemplo, têm sido retratadas como peças-chave para o enredo. Ficam de lado os problemas inerentes à sua condição, como a gravidez de Cersei e a potencial infertilidade de Daenerys.

Com a aproximação da última temporada, torna-se essencial tomar consciência destas desigualdades e valorizar o retrato de perspetivas diferentes da história de Westeros, nas quais a presença feminina, devido à sua proximidade, pode ser determinante.

Pode a recente ausência feminina da equipa de “Game of Thrones” ser fruto do acaso e das limitações ao staff ou uma tentativa deliberada de dar um foco diferente à história?

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