Godzilla, em análise

 

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  • Título Original: Godzilla
  • Realizador: Gareth Edwards
  • Actores: Aaron Taylor-Johnson, Elizabeth Olsen, Bryan Cranston, Sally Hawkins, Juliette Binoche
  • Site: https://www.facebook.com/WarnerBrosPortugal
  • ZON | EUA, Japão | 2014 | Ação, Aventura, Ficção Científica | 123′

 

 

(Crítica dum fã e amigo da MHD)

Gojira ou Godzilla, é um Monstro, criado nos anos 50, pelos cineastas japoneses, e que se tornou numa das maiores lendas de sempre do Cinema. Os testes nucleares no Pacifico, criaram uma criatura gigantesca, que emergia dos mares e destruía tudo à sua passagem, numa era em que o medo pela energia nuclear, era ordem do dia. Ainda se sentia o medo dos ataques das Bombas Atómicas de Hiroxima e Nagasáqui, que destruíram milhares de vidas e que destinaram a derrota incondicional do Império Japonês durante a 2ª Grande Guerra Mundial. Godzilla tornou se profundamente enraizado na cultura Japonesa, e com o passar dos anos, ao longo de 28 filmes, o destruidor, tornou se no salvador do mundo, tornando aquela criatura monstruosa, numa arma contra os ataques de outras criaturas mais terríveis, assim sendo tornou-se num ícone mundial.

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Se KING KONG foi a 8ª maravilha do mundo, no seu primeiro filme em 1933, em 1954 GOJIRA ou GODZILLA, como ficou conhecido posteriormente, é sem sombra de dúvidas, o REI dos Monstros, um DEUS entre as criaturas imaginárias do Cinema. A sua fama alcançou um estatuto digno de lenda e mito, uma força da natureza, capaz de fazer tremer o mundo inteiro, para salvar o dia, lutando com outros monstros, que aparecem assim do nada. Esta premissa foi explorada até à exaustão pelos seus produtores japoneses, que viram em Godzilla um potencial de lucro, onde através dos seus filmes e merchandise, conquistou milhares de fãs em todo o mundo, em especial, os seus fãs japoneses.

Godzilla tem hoje um estatuto lendário no cinema, tal como tem King Kong, e se Peter Jackson conseguiu fazer uma excelente homenagem ao King Kong de 1933, com o seu King Kong de 2005, o realizador Gareth Edwards consegue dar-nos um filme que homenageia Godzilla da forma como ele merece, esqueçamos o fiasco do Godzilla americano de Emmerich, que desprezou completamente a sua forma original, e como também criou um filme catástrofe, sem realismo nenhum, onde a comédia barata tirou toda a “realidade” de um possível ataque catastrófico que custava a vida a milhares de pessoas.Neste novo filme do Godzilla, o realizador Gareth Edwards tentou ser o mais fiel possível ao mito deste monstro e prestar uma devida homenagem a toda uma saga que perdura nos cinemas desde os anos 50.

O filme começa com um ataque a uma central nuclear, onde Joe Brody (Bryan Cranston), um cientista que trabalha no local, perde a sua esposa Sandra Brody (Juliette Binoche) na destruição do local. Após 15 anos, Joe Brody, contínua obcecado pela busca da verdade, do que realmente aconteceu nesse fatídico dia, e com a ajuda do seu filho, o tenente Ford Brody (Aaron Taylor-Johnson) descobrem a existência de monstros gigantes, denominados de MUTUS, que foram responsáveis pelo ataque que matou a sua esposa e destruiu a sua central nuclear, um segredo que foi encoberto durante 15 anos, pelos militares, comandados pelo Almirante William Stenz (David Strathairn) e por um misterioso grupo científico chamado MONARCH, liderado pelo cientista chefe, Dr. Ichiro Serizawa (Ken Watanabe), que estuda a existência destas criaturas, bem como a existência de Godzilla. Seguindo o rasto de destruição das criaturas, o Tenente Ford tenta desesperadamente voltar para junto da sua esposa Elle Brody (Elizabeth Olsen) e do seu filho.

Godzilla Passatempo III

O trabalho dos actores é razoável tendo em conta ao que lhes é exigido, é uma pena que não se tenha aproveitado mais o seu talento, pois alguns personagens tem as suas excelentes performances, mas por pouco tempo e saem cedo de cena.No que diz respeito ao argumento, temos uma história coesa, muito bem desenvolvida, onde toda a trama da história se desenrola num bom ritmo. É de realçar todo o ambiente catastrófico e caótico que foi criado, pois toda a sensação do medo e da tragédia é transposta para o grande ecrã de uma forma muito realista. Aquela sensação com que ficamos, que o espectador vive intensamente todo aquele pânico gerado pela destruição das criaturas, e aquela sensação que nós seres humanos somos incapazes de controlar as forças da natureza.

Todo o medo gerado pelos ataques destas criaturas é bem real, e quase levado demasiado a sério, somos levados a acreditar que algo será bem possível de acontecer, pois nunca se sabe que tipo de cataclismo somos um dia obrigados a enfrentar, e que desafios temos de superar para sobreviver. O ser humano não passa de um mero espectador que procura sobreviver, quando estas criaturas entram em confronto, somos apanhados no meio do confronto, como danos colaterais, e é essa ideia que está bem presente em todo o filme, e que nos envolve na acção. Por fim, como sempre acabamos também torcer pelo destino do herói, deste filme, GODZILLA, um monstro que cativa pelo seu tamanho e pela sua forma de agir, que sem se aperceber, tornasse no salvador da humanidade.No aspecto técnico, os efeitos visuais de todo o filme são perfeitos, especialmente os dos monstros que são efeitos de excelentíssima qualidade, onde se prestou toda a atenção ao seu realismo visual e sonoro.

Depois as cenas apocalípticas de destruição total das cidades estão brutais, e todos os cenários muito bem conseguidos, mas há um aspecto que peca por excesso de realismo, se ao mesmo tempo torna o acontecimento realista, torna também impossível de o acompanhar de uma forma visível, por exemplo as cenas que se passam de noite, quase não se vê bem o que se está a passar. Por fim faltou ao realizador Gareth Edwards dar um pouco mais de direito de antena ao protagonista da história, Godzilla aparece muito pouco durante todo o filme, e só damos pela sua presença perto do fim, e quando aparece durante o filme, sai de cena muito rápido, mas no meu entender a forma como o filme foi montado, cria uma aura de misticismo em torno de Godzilla, um suspense à Tubarão de Spielberg, mesmo sem o vermos bem, sabemos que ele está lá, e a sua ameaça é tão real, como a do casal dos MUTOS.

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É claro que a acompanhar este magnifico filme de monstros e de luta pela sobrevivência, está também uma magnífica banda sonora do compositor Alexandre Desplat, que cria um ambiente apocalíptico duro e pesado, realista e trágico, exaltando nos momentos chave do filme, os verdadeiros sentimentos das cenas, sejam elas trágicas, assustadoras, dramáticas e nas cenas de acção cheias de adrenalina. A sua BSO completa na perfeição todo o ambiente do filme, e é uma excelente homenagem ao Rei dos Monstros, o som nipónico de algumas das músicas transportam nos directamente à era do domínio nuclear, e do domínio dos monstros.

O realizador Gareth Edwards já deu provas de que é capaz de fazer filme de monstros que se levem a sério, e neste Godzilla o seu trabalho tornou se megalómano, mas mostrou que também é capaz de competir com um Peter Jackson ou Steven Spielberg, no que diz respeito ao realizar e produzir um filme de monstros digno de se ver e rever. Se Spielberg trouxe os dinossauros à vida, Jackson homenageou King Kong de uma forma apaixonada, então Edwards conseguiu trazer Godzilla de volta aos cinemas, em grande estilo e que certamente veio a confirmar o que todos nós esperávamos há muito, um excelente blockbuster.

Em conclusão, este filme merece ser visto e revisto, vezes e vezes sem conta, Godzilla no seu melhor, para aqueles que são fãs e para os que são apreciadores de um bom cinema espetáculo, um Blockbuster bem inteligente e muito bem conseguido, atrevo me a dizer que é para já, o melhor deste ano, mas muito mais ainda está para chegar, numa avaliação de 0 a 10, dou-lhe um 8, bem grande. Pegando na famosa frase de J. Robert Oppenheimer que serviu de para publicitar este filme, “Now I am become Death, the Destroyer of Worlds”, que significava a criação da mais terrível arma alguma vez criada pelo homem, a Bomba Atómica, citando esta frase em modo Godzilla… “Now I am become Life, the Savior of Worlds”, pois mesmo destruindo tudo a sua passagem, Godzilla acaba por salvar o dia e a humanidade de uma extinção certa. GODZILLA já nos Cinemas, um monstruoso filme a não perder, recomendo.

Carlos Miguel Reis
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