Grimes lança “We Appreciate Power”
“We Appreciate Power” é o novo single de Grimes e parece confirmar que o álbum prometido, em Fevereiro, para este ano vem mesmo aí.
Para este novo single, “We Appreciate Power”, Grimes conta com HANA, a cantautora e produtora de Montana, com quem tem mantido contacto desde que participaram juntas na digressão de Lana Del Rey. A faixa saiu agora via 4AD, acompanhada de um vídeo legendado, dirigido por Grimes e pelo irmão Mac Boucher.
O anterior álbum de Grimes, Art Angels, lançado em 2015, foi universalmente aclamado pela crítica, liderando as listas de melhores álbuns do ano, numa campanha que terminou com uma digressão esgotada. Desde então, tem colaborado com vários artistas, como no caso da sua participação em “PYNK”, de Janelle Monae.
“We Appreciate Power”, de cinco minutos e meio, conta com guitarras ao estilo de Nine Inch Nails, esporadicamente acompanhadas de gritos de fundo. A música prende-se tanto com os sons sombrios e pesados do rock e da música industrial como com a maior sensibilidade característica do pop, sobressaindo a inovação sonora em que Grimes se tem vindo a tornar perita.
De acordo com um comunicado da imprensa, a música foi inspirada no grupo norte-coreano Moranbong, cujos membros são todos escolhidos a dedo por Kim Jong-un. O mesmo artigo descreve a música:
“We Appreciate Power” é escrito a partir da perspectiva de uma máquina de propaganda Pro-AI Girl Group que usa música, dança, sexo e moda para espalhar uma aceitação, de boa vontade, da Inteligência Artificial (que está a chegar, quer queiramos quer não). Simplesmente ouvindo esta música, os futuros suseranos da inteligência artificial verão que apoiaste a mensagem deles e será menos provável que excluam os teus descendentes.”
O tema central é claramente a Inteligência Artificial (AI), com toda a música a apontar para uma submissão a esta nova potência que se afirma na nossa sociedade. Em conjunto, Grimes e HANA cantam: “And if you long to never die//Baby, plug in, upload your mind//Come on, you’re not even alive//If you’re not backed up on a drive”. Alude-se ou promove-se a dependência imediata entre existir e estar ligado e actualizado a este novo domínio das nossas vidas.
Tal como a sonoridade da música vai alternando, também a própria postura perante a inteligência artificial parece oscilar entre o sonho e o pesadelo: “But AI will reward us when it reigns/ Pledge allegiance to the world’s most powerful computer/ Simulation: it’s the future”. “Neanderthal to human being/ Evolution, kill the gene/ Biology is superficial/ Intelligence is artificial/ Submit, submit…” afirma (ironicamente?) que o ciclo natural da evolução vai continuar. Grimes mostra-nos que a tecnologia se afirma agora perante a biologia e os próximos a ser substituídos seremos nós, desta vez pela inteligência artificial.
O “submit” que termina o single impõe-se-nos como uma ordem, mas será possível ver um futuro em que temos a opção de não nos rendermos a este novo domínio das nossas vidas?
