Hellboy (2019) © NOS Audiovisuais

Hellboy | Efeitos especiais made in Portugal

A convite da NOS, a Magazine.HD foi conhecer os estúdios Nu Boyana FX. A partir de Braga, criaram efeitos especiais para o novo “Hellboy”. Vem saber mais!

A Nu Boyana FX nasceu em janeiro de 2018, fruto da expansão do grupo Nu Boyana Films. Os estúdios da Bulgária, que já produzem filmes há mais de 50 anos, decidiram apostar num novo projecto e Portugal foi o local escolhido para expandir e criar uma empresa satélite.

O grupo, que já tem no seu portefólio trabalho de pós-produção em filmes como “Os Mercenários”, “O Guarda-Costas e o Assassino” e “300: O Início de Um Império”, tem procurado, com a sua expansão, criar equipas especializadas para as diferentes fases de projectos de grandes dimensões.

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Agora, com a estreia de “Hellboy” de Neil Marshall, a 11 de Abril, a NOS Audiovisuais convidou a Magazine.HD para conhecer os estúdios Nu Boyana FX Portugal e as caras por detrás deste ambicioso projecto que se instalou no norte do nosso país. E nós aceitámos!

O espaço dos estúdios não se trata de um mega escritório, armazém ou open space mas de uma simples moradia que convida a um ambiente familiar desde o momento em que entramos pela primeira vez.

Nu Boyana
Os estúdios Nu Boyana FX Portugal são uma agradável surpresa no norte de Portugal | @ Marta Kong Nunes

Pedro Domingo, um dos co-fundadores e o actual CEO dos estúdios, foi uma das primeiras caras que conhecemos e foi através dele que ficámos a saber mais sobre a origem da empresa e o real processo por trás da criação de efeitos especiais para filmes desta dimensão. Natural de Espanha, Pedro Domingo já havia trabalhado na indústria há muitos anos, com o grupo Nu Boyana, mas apenas recentemente foi abordado com a ideia de expandir o grupo pela Europa. Com ligações a Portugal, pela sua família, decidiu sediar os estúdios em Braga.

A pergunta que se colocou sempre ao longo da visita foi “Porquê Braga?” e a resposta do CEO nunca mudou, “Porque não?”. Sendo uma área de trabalho ainda com pouco enfoque a nível académico, o factor de sede numa grande capital nunca foi decisivo para a criação do espaço de trabalho. O foco da empresa, que começou apenas com 3 pessoas, passou sempre por um espaço num local que oferecesse qualidade de vida, com boa localização – afinal de contas Braga não é longe do aeroporto do Porto – e com “boa velocidade de internet”, um dos pontos fulcrais para o avanço do trabalho.

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A possibilidade de participarem em “Hellboy”, da Lionsgate, surgiu pouco depois de se instalarem em Braga e foi um trabalho que esteve em desenvolvimento durante todo o ano. Nu Boyana FX ficou responsável por um Hero Shot, ou seja uma sequência do filme onde o foco é uma das personagens principais do enredo. Neste caso, o Hero Shot atribuído revelava a personagem de Milla Jovovich em grande plano, a vilã da história.

O trabalho desse shot figurou na montagem final do filme e, apesar das longas horas de trabalho, representa apenas 8 segundos de uma sequência de acção. A justificação, segundo Pedro Domingo, deve-se aos detalhes que os estúdios colocam em cada efeito especial. Cada estúdio de efeitos especiais recebe da produção o material em bruto e o respectivo conceito, sendo depois responsável por criar todo o trabalho digital. Em Braga, a equipa está habilitada para desenvolver um trabalho que passa por animação, rigging, modelação e composição, ou seja, todos os passos para desenvolver uma ideia desde a fase da imaginação.

Nu Boyana
O foco dos últimos meses de 2018 foi direccionado para “Hellboy”, que estreou a 11 de Abril em Portugal | @ Marta Kong Nunes

Num filme como “Hellboy“, os efeitos especiais estão em destaque e a atenção ao detalhe é o que realmente faz o processo alongar-se. Para além da veracidade transmitida pelos efeitos especiais, as equipas técnicas são também responsáveis por ajustar factores externos que conduzem à viabilidade das imagens, como a iluminação das sequências.

O trabalho, desenvolvido ao longo de meses, é feito na sucursal de Braga mas sempre em comunicação com os estúdios mãe do filme. À medida que o trabalho foi avançando, Ana Rovira, da equipa Nu Boyana, foi a responsável por estabelecer contacto com os produtores a fim de perceber se o trabalho estava a fluir na direcção certa. Segundo Ana, estas trocas de impressões e eventuais correcções fazem sempre que o trabalho esteja em constante desenvolvimento. O facto de centrar nela essa via de comunicação permite que os diferentes técnicos se foquem apenas nos efeitos, e não na visão geral de pormenores que poderão não ser do seu âmbito de trabalho.

Nu Boyana
No processo de modelação das personagens, os técnicos desenvolvem várias fases, que vão desde o esqueleto da personagem à modelação dos seus músculos | @ Marta Kong Nunes

Desde 2018, a empresa passou de 3 funcionários para 25 e, até ao final de 2019, estima chegar aos 43 elementos. A equipa junta técnicos de diferentes nacionalidades (portugueses, espanhóis, italianos, lituanos) e com backgrounds totalmente diferentes. Se uns já fizeram alguma especialização em cinema, outros têm, por exemplo, engenharia como percurso académico.

Como Pedro Domingo explicou, é importante que a equipa cresça para potenciar os trabalhos que lhes são apresentados. Cada membro da equipa dos efeitos especiais acaba por se especializar em temas únicos como efeitos de saliva, sangue ou cabelo. É este trabalho de detalhe que permite criar algumas das personagens quase do zero.

No horizonte próximo, os estúdios localizados em Braga já se encontram a trabalhar na pós-produção de dois projectos para este ano: “Rambo V” e “Angel Has Fallen”, com Gerard Butler como protagonista.

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