The Hunger Games | O Distrito 13 e um casamento
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Como completa antítese da estética de excesso do Capitólio, o Distrito 13 emerge como um mundo de utilitarismo e uniformização tão necessária como sufocante.
Logo no primeiro filme da saga Hunger Games foi estabelecido um forte paralelo visual entre o Capitólio e os regimes fascistas do século XX, tanto a um nível de vestuário como de arquitetura. Aquando da primeira parte de A Revolta, Kurt e Bart, os figurinistas deste filme, viraram-se para outro tipo de imagética totalitarista na sua criação do visual do Distrito 13.
Na monotonia das fardas cinzentas que vestem a maioria da população deste distrito é fácil encontrar sugestões de uma ditadura comunista, onde o utilitarismo e a uniformização forçada são as principais características do vestuário. Todos os habitantes usam as mesmas peças, macacões, t-shirts de gola henley, calças, casacos cinzentos, etc. As suas roupas são um conjunto standard que cabe num cacifo e impedem qualquer tipo de individualismo excessivo.
Outra grande referência a este look será a austeridade do período da 2ª Guerra Mundial, em que até os tecidos sofriam de racionamentos, e onde a funcionalidade reinava acima da elegância decorativa. Mesmo assim, como nesse passado bélico da nossa história, pequenos traços de individualismo vão-se insinuando, com Effie Trinket a ser o maior exemplo disto no filme anterior, onde ela usa um turbante feito de um mapa em tecido como modo de se distinguir da massa de desenxabidas figuras acinzentadas.
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No entanto, no meio deste oceano de cinzento e uniformidade forçada, temos o casamento de Annie Cresta (Stef Dawson) e Finnick Odair (Sam Clafin). Logo no início do filme, esta celebração injeta uma calorosa luminosidade à existência dos membros da revolta, e os figurinos refletem essa alegria momentânea.
Talvez a existência de um delicado véu de fino tule não seja particularmente racional, mas a imagem de Annie num toucado à Julieta é de cortar a respiração mesmo na sua delicada modéstia. Não há grande opulência na sua indumentária, mas o toque de romantismo exacerba a alegria do momento e lembra que, apesar do que é retratado na maioria do filme, há mais que simples luta na vida destas personagens.
Finnick, apesar de completamente vestido de cinzento, também demonstra uma sugestão de festivo individualismo. No segundo filme da saga Hunger Games, Trish Summerville substitui a obscenidade do figurino descrito por Collins no seu livro, pelo uso de saias na indumentária celebrativa do carismático vencedor do Distrito 4. Em The Hunger Games: A Revolta – Parte 2, Kurt e Bart parecem seguir o estilo iniciado pela sua figurinista antecessora e criam uma vestimenta que contém traços desses trajes. Finnick apresenta-se como o filho pródigo do seu distrito, como um trágico herói romântico, mesmo quando a sua imagem é filtrada pela uniformidade monocromática destes tempos de guerra.
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