Idade do Gelo 4 – Deriva Continental, em análise

 

 

Título Original: Ice Age: Continental DriftRealizador: Steve Martino, Mike ThurmeierVozes (VO): Ray Romano, Denis Leary e John LeguizamoGénero: Animação

BIG Pictures | 2012 | 94 min

Classificação:

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Já lá vão dez anos desde a estreia do primogénito da Blue Sky Studios. Nascia “A Idade do Gelo” que mais tarde se viria a revelar um enorme sucesso de bilheteira, aliando também o sucesso da crítica (conseguindo uma nomeação para o Óscar de Melhor Filme de Animação). Como qualquer filme de sucesso comercial, os primeiros pensamentos dos produtores vão no sentido de explorar a galinha dos ovos de ouro. E, na verdade, podemos dizer que a aposta foi mais do que justificada. A saga “Idade do Gelo” tornou-se num dos mais bem-sucedidosfranchises da história do cinema, ao fim de três filmes.Contudo, o êxito no box-office desenvolveu-se num modo inversamente proporcional ao sucesso da crítica. Os filmes sempre foram divertidos e de uma facilidade de visualização sem igual, mas tinham vindo a perder qualidade e a limitar-se a explorar ao máximo os pontos positivos do filme antecessor. Em “Idade do Gelo 4 – Deriva Continental”, há um acentuar desta ideia.Nesta nova aventura, SidManny e Diego vão andar à deriva. Isto porque os continentes estão a mudar de posição e, com isto, há uma mudança no seu habitat que os leva para o longínquo oceano (apoiados apenas num minúsculo iceberg). Mas se os três companheiros se mantêm unidos, mesmo que perdidos, já a família de Manny está desintegrada (a mulher e a filha de Manny ficam em terra e este promete que irá regressar para junto delas). O elefante, a preguiça e o tigre enfrentarão piratas e tempestades para que no final, voltem ao lugar onde pertencem.

O filme cumpre a sua função mais básica: entreter. Mas o entretenimento, de uma forma mas simples ou não, é aquilo que todos procuramos em qualquer obra que vemos. Na verdade, “Idade do Gelo 4 – Deriva Continental” funciona muito bem para as crianças, que irão delirar com Scrat, rir-se das patetices de Sid ou enternecer-se com o amor de pai de Manny. Há novas personagens que acentuam o humor, há efeitos visuais muito cuidados e um uso do 3D ao estilo janela pop-up e uma grande dose de nostalgia (afinal de contas, já são dez anos!)

Por outro lado, há uma excessiva necessidade de procura dos lugares comuns. A filha rebelde, o pai protetor, inimigos que se apaixonam (sim, Diego tem uma nova companheira!), o filho abandonado (falo de Sid), e um conjunto de muitas outras coisas que fazem com que “Idade do Gelo 4 – Deriva Continental” não seja tão bom como realmente poderia ser.

Mas se isto não bastasse, ainda somos brindados com opções dos argumentistas que deixam muito a desejar. É certo que o filme se desenvolve num universo onde os animais falam, mas se por um lado se pode justificar essas opções com a necessidade de certas cenas serem melhor compreensíveis pelo público-alvo (as crianças), por outro podemos achá-las demasiado infantis (e em certos momentos muito desconexas).

E na verdade, o filme não inova, não evolui, não nos mostra nada que já não tenhamos visto, e onde o seu melhor momento é a cena de abertura que (imaginem) foi já exibida como um trailer! Mas isso torna-o num mau filme? Não, de certeza que não. Porque o cinema também precisa de entretenimento puro. Um filme colorido e engraçado para ser visto em família, mas que podia (quem sabe) ambicionar o título de maior animação do ano.