Este belo filme de Marion Cotillard chega finalmente à televisão portuguesa
A RTP2, enquanto canal público, continua a ser a casa do cinema de excelência. Assim, esta semana, a RTP2 vai estrear um novo filme francês protagonizado por Marion Cotillard, “Irmão e Irmã” (2022, Arnaud Desplechin).
O filme estreou em competição oficial no Festival de Cannes de 2022, competindo à Palma de Ouro. Contudo, nesse ano, o vencedor foi Ruben Östlund com “Triângulo da Tristeza” (2022). O júri oficial foi encabeçado pelo ator francês Vincent Lindon. A longa-metragem aborda o reencontro de dois irmãos afastados há vários anos.
Irmão e Irmã estreia na RTP2
“Irmão e Irmã”, um filme de Arnaud Desplechin com Marion Cotillard e Melvil Poupaud, vai ter exibição na RTP2 já na próxima sexta-feira 15 de agosto às 23h05, logo após a exibição de mais um episódio da série da BBC “O Ouro” (2023-25, Neil Forsyth).
Este filme estreou mundialmente no Festival de Cannes de 2022, chegando a Portugal em dezembro do mesmo ano através da Midas Filmes.
Além dos protagonistas, fazem igualmente parte do elenco do filme atores como Golshifteh Farahani (“Ler Lolita em Teerão”, 2024, Eran Riklis), Patrick Timsit, Benjamin Siksou (“A Vida de Adèle”, 2013, Abdellatif Kechiche), Joël Cudennec, Max Baissette De Malglaive, Cosmina Stratan (“Para Lá das Colinas”, 2012, Cristian Mungiu), Francis Leplay, entre outros.
Sobre este filme com Marion Cotillard
“Irmão e Irmã” aborda a história de Alice (Marion Cotillard) e Louis (Melvil Poupaud) Vuillard, dois irmãos prestes a fazerem 50 anos e que não se falam há mais de 20. Alice odeia o irmão e cortou relações com ele e, inclusive, fugia sempre que se cruzava com o irmão. Ela é atriz, ele foi professor e poeta. Quando os seus pais sofrem um grave acidente, os dois irmãos são obrigados a reencontrarem-se.
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Esta longa-metragem é a terceira colaboração entre Arnaud Desplechin e Marion Cotillard. O realizador e a atriz trabalharam juntos em “Comment je me suis disputé… (ma vie sexuelle)” (1996) e “Os Fantasmas de Ismael” (2017). É igualmente a segunda colaboração entre o realizador e o ator Melvil Poupaud com quem fez “Um Conto de Natal” (2008).
A título de curiosidade, a família Vuillard já foi representada pelo realizador Arnaud Desplechin em três outros filmes: “Reis e Rainha” (2004), “Um Conto de Natal” (2008) e “Os Fantasmas de Ismael” (2017). No entanto, a maioria dos atores representa papéis diferentes de filme para filme.
Assim, apesar de Melvil Poupaud participar em “Um Conto de Natal”, a sua personagem nesse filme chama-se Ivan Vuillard e não Louis Vuillard. Do mesmo modo, por exemplo, Mathieu Amalric fez de Ismäel (em “Reis e Rainha” e “Os Fantasmas de Ismael”) e Henri Vuillard (em “Um Conto de Natal”). Uma exceção será Jean-Paul Roussillon que interpretou Abel Vuillard em “Reis e Rainha” e “Um Conto de Natal”. Abel Vuillard reaparece em “Irmão e Irmã” mas é interpretado por Joël Cudennec, já que Jean-Paul Roussillon faleceu em 2009.
Nos bastidores das filmagens
Arnaud Desplechin referiu a propósito desta família: “De facto, acho que os Vuillards vivem de forma independente. Desta vez, bateram-me à porta com uma pergunta bastante teórica: quando acabará o ódio, essa outra face do amor? Como podemos fazer secar o ódio? Mas, tal como “Um Conto de Natal” foi construído em torno de divagações, “Irmão e Irmã” deveria não conter nenhuma e visar um único objetivo: o fim do ódio.”
Sobre a tensão e o ódio dos dois irmãos, Arnaud Desplechin acrescentou: “A minha preocupação com esta história, para mim, que nasci católico, era encontrar uma saída para o ódio que não fosse cristã. Como encontrar, em termos de cinema, algo que não fosse piegas? Tentei encontrar duas respostas: a sequência na sinagoga. E a do encontro no supermercado (…)”.
Por fim, é importante referir que Marion Cotillard levou bem a sério este filme e evitou falar com Melvil Poupaud durante toda a rodagem, de forma a entrar intimamente no ódio da sua personagem. A atriz referiu: “Quando começámos a filmar, senti uma necessidade estranha que nunca tinha sentido. Senti a necessidade de manter a distância do Melvil. (…) Era necessário manter-me à distância e não me tornar íntima. Não lhe quis explicar as coisas logo de forma alguma. Então, fiquei muito agradada quando no final da rodagem pude dizer ‘Desculpa’ num café. Disse que não fui acolhedora. De facto, evitei-o propositadamente.”