63ª Festival da Eurovisão | Um Honrado Último Lugar (parte 2)

A Eurovisão é música, canções e também política. Sempre o foi! Porque  apesar regras do festival da Eurovisão proibirem mensagens políticas, o concurso tem vindo a ter cariz político.

SER-SE OU NÃO POLÍTICO, EIS A QUESTÃO:

Uma articulista do jornal britânico “The Guardian”, Heidi Stephens, escreveu que nesta edição do Eurofestival a política tinha ficado de fora e a música e os seus acessórios de espectáculo tinham sido os verdadeiros protagonistas da noite, o que nem sempre acontecera no passado, bastando para o efeito lembrar, por exemplo, a vitória da Ucrânia há dois anos com o tema “1944”, interpretado por Jamala, referindo a invasão soviética da Ucrânia naquela data. Mas a verdade é que o que mudou não foi tanto o peso da política no Eurofestival, este continua elevado, mas o conteúdo da mensagem política, cada vez mais virada para as questões de género, de direitos LGBT ou o bullying e outros tipos de assédio, ou seja, para as ditas questões pós-ideológicas.

Assim, segundo este ponto de vista, Israel teria ganho uma 63ª edição do Eurofestival, completamente pós-ideológica e a política, exactamente dois dias antes da inauguração da embaixada americana em Jerusalém, levada a cabo pela administração Trump sem o apoio da Europa. Uma coincidência amarga.

Assim, Israel não foi penalizada politicamente pela violação dos direitos humanos a acontecer neste momento na faixa de Gaza, mas foi premiada por apresentar uma canção com um discurso algo feminista (será mesmo isto o feminismo?) e alinhado com o “Me Too Movement”.

VÍDEO | REVÊ A ACTUAÇÃO DE ISRAEL NA EUROVISÃO:

Até que ponto a Europa (o mundo), neste momento, desvia a sua atenção de assuntos ideológicos e

politicamente importantes para assuntos pós-ideológicos de importância discutível ou fabricada? Não sei a resposta, mas deixo aqui o tema para reflexão.

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João Peste Guerreiro